quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

CREME ESPECIAL “In-Ka”


CREME  ESPECIAL  “In-Ka”
IN:  “L´Art de vivre macrobiotique”, Gérard Wenker, édition 2004.



Muito eficaz para todos os problemas musculares e articulares.
Artrose, poliartrite, reumatismo, cãibras musculares, rigidez muscular, etc.
Dores nos joelhos, nos cotovelos, nos ombros e na nuca.

Ingredientes e Utensílios
·    Gengibre fresco, cerca de 200 g
·    Álcool de farmácia a 70°
·    Óleo de sésamo biológico
·    Alga Agar-Agar em pó ou em barrinhas
·    Lecitina de soja alimentar em pó (opcional)
·    Um frasco, envolto em papel de alumínio.  

Preparação
1.    Ralar o gengibre para uma gaze/tecido, espremer a polpa até recolher o máximo de sumo. Verter para uma caçarola inox.
2.       Juntar a mesma quantidade de álcool do que sumo de gengibre
3.       Juntar igualmente a mesma quantidade de óleo de sésamo
4.       Juntar uma saqueta de pó de agar-agar
5.       Juntar uma colher de sopa de lecitina de soja em pó (facultativo)
6.      Aquecer em lume brando mexendo; Nunca deixar ferverNão cobrirAtenção: é inflamável.

Deixar arrefecer e verter para um frasco esterilizado Proteger da luz.
Conservar no frigorífico.

Indicações
·  Estender o creme In-Ka sobre a parte a tratar, friccionando longamente e lentamente e massajando em profundidade. Repor várias vezes creme.
·    Frequência e duração: Uma vez de manhã e uma vez à tarde, entre 15 minutos a ½ hora.
·    Continuar até ao desaparecimento completo das dores e das tensões.
·    Não utilizar em caso de infecções, de fortes inflamações quentes, nem, seguramente, em caso de ferida aberta.
·    Nunca aplicar na cabeça.






segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

COMA SAUDÁVEL SEM SE ARRUINAR


COMA SAUDÁVEL
SEM SE ARRUINAR

Agora que os nossos brilhantes economistas nos explicam que beneficiamos de uma notável estabilidade dos preços graças ao Euro, muitos cidadãos europeus têm uma impressão diferente.
Quem se lembra de ter comprado pêssegos a 6 euros o Kg ? é este o preço daqueles que entre nós têm os meios para pagar um deste frutos proibidos. Para não falar das cerejas a 10 euros o Kg.
No entanto, a alta prodigiosa dos preços alimentares – que seriam considerados escandalosos em 2001 – não é uma desculpa para nos alimentarmos mal.
Em primeiro lugar porque, se efectivamente caminhamos para a catástrofe financeira, uma boa saúde será o bem de que teremos maior necessidade. Seguidamente porque, seja qual for a evolução dos preços, é falso pretender que a “junk food ou malbouffe” – alimentos “porcaria” com alto teor calórico mas com níveis reduzidos de nutrientes – seja melhor opção que a comida saudável.
O problema é que comer bem, tal como escrever bem, cantar bem ou falar bem, aprende-se. E que neste domínio como em outros, produziu-se uma ruptura de transmissão nestes últimos trinta anos.

Então vejamos como comer melhor com menos dinheiro:

CONSAGRAR TEMPO
Preparando as nossas ementas com antecedência, compraremos apenas o estritamente necessário.
A experiência mostra que é mais caro comprar um pouco de tudo para improvisarmos as nossas refeições, do que prever com antecedência as nossas refeições e a seguir comprar o que é necessário para cozinharmos. Planeando com antecedência ementas equilibradas, comeremos apenas o que é necessário, e iremos sentir-nos muito melhor. De notar que uma refeição bem preparada comporta alimentos variados, o que nos leva a saciar mais depressa.

COMER MELHOR, MAS UM POUCO MENOS
Estudos realizados com animais mostraram que comer menos alonga a existência e diminui a incidência das doenças, a partir do momento que tenhamos a nossa dose diária normal de vitaminas e nutrientes essenciais. O dr. Richard Weindruch, do Centro de Investigação Nacional sobre os Primatas de Wisconsin, publicou em 2009 os resultados de um interessante estudo sobre este tema. Em 1989, fez a experiência com dois grupos de 15 macacos. Ao primeiro grupo, deu uma ração de alimentos reduzida de 30% em relação ao normal. Ao segundo grupo, deu toda a comida que os macacos queriam. Em 1994, foram repartidos pelos dois grupos mais 46 macacos. Depois o investigador contabilizou os óbitos nos anos seguintes. Apenas 13% dos macacos que receberam ração reduzida (restrição calórica) morreram de doenças relacionadas ao envelhecimento, contra 37% dos seus congéneres que se alimentavam sempre que queriam.
É provável que o efeito seja o mesmo nos seres humanos. Comer um pouco menos que habitualmente poderá fazer-nos ganhar anos de vida com boa saúde, e ao mesmo tempo fazer-nos economizar.

REUTILIZAR OS RESTOS
A quantidade de comida que é deitada ao lixo actualmente, sem outra razão que não seja a negligência, a preguiça e a desorganização, é aflitiva. Estima-se que perto de 50% da produção alimentar mundial é desperdiçada, segundo um relatório da FAO (Food and Agriculture Organition), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) consagrado à nutrição.
Isto quer dizer que os restos do frango do almoço de domingo podem servir para o jantar da sexta-feira seguinte?
Pode ser um choque para muita gente mas o facto da comida se tornar dura, mudar de cor, tornar-se pegajosa, não quer dizer quase nada em termos de perigo para a nossa saúde.
O gosto pode não nos agradar, mas isso não quer dizer que vamos ficar doentes. Isto porque existe uma grande diferença entre as bactérias que degradam a comida, e aquelas que são patogénicas, isto é, causas potenciais de doença.
As bactérias que fazem apodrecer os alimentos formam uma película pegajosa sobre a carne, amolecem os legumes, e dão um odor muito mau ao frango. Mas as bactérias patogénicas são inodoras, incolores, e invisíveis.
Na medida em que não podemos contar com a nossa visão nem o nosso olfacto, utilizemos a “regra de 4”: não mais de 4 dias a 4° C.
A 4° C, podemos conservar durante três dias inteiros o frango cru e carne de vaca picada. Os restos de comida cozinhada, esses, podem ser conservados quatro dias.

REDESCOBRIR A SOPA
Não, não se trata de comprar embalagens de sopa no supermercado, nem mesmo as sopas “bio”. Não faríamos qualquer economia, e nunca saberíamos, de verdade, o que ela tinha dentro.
Sempre que estivermos para fazer uma refeição, lembremo-nos que virtualmente todos os alimentos, todos os ingredientes, podem servir de base para cozinhar uma sopa (lembrem-se da “sopa da pedra portuguesa” !). Basta coloca-los a ferver numa panela com muita água, uma cebola, um dente de alho, uma cenoura, algumas ervas, sal e pimenta.
Se apenas tivermos um legume disponível (algumas cenouras enfezadas, uma velha couve-flor), é suficiente para fazermos um caldo de bom paladar e bom para a saúde. Não abramos um pacote de batatas fritas. Não encomendemos uma pizza. Se nos restar um naco de pão que possamos reduzir a pequenos bocados e coloca-los em azeite com alho e sal numa panela, façamos pão frito.
Se a sopa é muito rala, um punhado de arroz irá torna-la mais espessa.

COMER COUVES
Até à descoberta da América, os nossos antepassados não tinham nem feijões, nem milho, nem tomates. E a batata só chegou à Europa nos finais do sec. XVIII.
A couve, em todas as suas formas, tinha um lugar de destaque na sua alimentação.
Hoje, a couve passou de moda. Poucas famílias jovens as consomem.
É pena.
Existe uma grande diversidade de couves, e um número prodigioso de deliciosas receitas para as preparar (VER: www.marmiton.org ), do chucrute à salada de couve ralada, passando pala couve farci, repolho refogado e a sopa de couves.
Não esquecer a couve de Bruxelas, a couve chinesa, os brócolos e todas as espécies de couve branca, verde, roxa, frisada ou repolhada.
A couve é uma boa opção em todas as estações do ano. Tem várias propriedades desintoxicantes e de eliminação (liga-se aos metais pesados para os evacuar do nosso corpo). Está recheada de nutrientes: vitaminas A, C e E antioxidantes que abrandam o envelhecimento celular, fibras, potássio e enxofre.
Estudos recentes demonstraram que a couve tem propriedades anti cancerígenas graças ao seu enxofre e aos seus anti oxidantes. Os brócolos contrariam o cancro da próstata. 

COMER LEGUMINOSAS
Tal como a couve, redescubramos as lentilhas, os feijões secos ou “engrolados”, as favas e as ervilhas em todas as suas formas. As leguminosas não são caras e fazem deliciosas sopas, purés, podem comer-se quentes ou frias em saladas. Existem bastantes variedades para podermos comê-las uma vez por dia sem nunca sem nos saturarmos, e podem perfeitamente servir de prato principal, sem acompanhamento.

LIMITAR O CONSUMO DE CARNE
Reservemos o consumo de carne vermelha (se formos consumidores) e as peças grandes de carne para as grandes ocasiões.
No resto do tempo, os legumes citados acima farão uma excelente base de refeição e poderemos comer vegetariano sem pensar nisso. Um pouco de bacon ou um bocado de salsicha fumada é suficiente para acompanhar estes pratos, se for de todo indispensável. Para variar os gostos, redescubramos as especiarias e as ervas aromáticas, começando pelas mais simples e as mais correntes: alho, cerefólio, noz moscada, coentros, salsa, louro, cominhos, …

ESCOLHAMOS OS NOSSOS PEIXES
O peixe é muito importante para a saúde, e seria muito prejudicial privarmo-nos dele. No entanto, não somos obrigados a comprar robalo ou linguado na lota, a preços exorbitantes. Os pequenos peixes gordos dos mares frios são bem mais baratos, podemos comprá-los em conserva, e do ponto de vista nutricional, são de todo melhores graças ao forte teor em ómega 3 e sua fraca intoxicação de mercúrio.

OS OVOS
Por fim, o alimento perfeito para os pequenos orçamentos: o ovo.
Vitima de um terrível erro judiciário nos anos 90, quando investigadores acusaram injustamente a sua gema (o melhor do ovo !!!) de fazer subir a taxa de colesterol, o ovo foi totalmente ilibado estes últimos anos, em particular graças a um estudo da Universidade de Yale (Egg consumption and endothelial function: a randomized controlled crossover trial – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15721501?dopt=Abstract ).
Sabemos agora que dois ovos por dia não têm nenhum efeito negativo sobre o colesterol, para as pessoas de boa saúde. Bem entendido, se estamos a seguir uma dieta específica, prescrita por um médico, não devemos mudar nada sem o ter consultado.
Caso contrário, não há nenhuma razão de nos privarmos desta deliciosa fonte de proteínas de alta qualidade, nutriente, facilmente digerível e bem mais barata.

Á vossa saúde

Jean-Marc Dupuis – Santé Nature Innovation





quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A ALIMENTAÇÃO COM OS 5 ELEMENTOS


















ALIMENTAÇÃO
COM OS 5 ELEMENTOS
Por: Gérard Wenker, 2013.


1- O ELEMENTO FOGO – CORAÇÃO E INTESTINO DELGADO

Um consumo exagerado de alimentos condimentados com especiarias deteriora o coração e o intestino delgado, tal como a presença excessiva de gorduras e de colesterol no sangue derivada de uma ingestão de quantidades muito grandes de alimentos de origem animal. Se o coração e o intestino delgado estão fracos, há todo o interesse em reduzir, até mesmo eliminar, da alimentação, a carne vermelha, os ovos e os produtos lácteos, todos eles aumentando o colesterol do sangue e impedindo o coração de receber um afluxo suficiente de sangue e de oxigénio. Um consumo excessivo de alimentos muito contraentes ou frios (muito yang), tais como o sal por exemplo, enfraquece igualmente o coração e o intestino delgado.

Os alimentos que reforçam o elemento Fogo são o milho, as couves de Bruxelas, echalotas, cebolinhas, lentilhas vermelhas, morangos e framboesas. Os alimentos ligeiramente amargos, como as folhas de dente de leão, a chicória, a raiz de bardana, estimulam a função do coração e do intestino delgado.

Somente pequenas quantidades destes alimentos são necessárias, sobretudo se forem consumidos regularmente. É desejável variar os sortidos de alimentos fogo que comemos. O facto de apenas consumirmos um só grupo destes alimentos poderá ter como consequência graves desequilíbrios, podendo desencadear uma doença. Não esquecer que é preciso consumir estes alimentos dentro da sua estação; é importante estar em harmonia com o envolvimento e o clima. Os morangos, os rabanetes, os tomates não estão disponíveis no Inverno por uma boa razão: são frutos da Primavera, que devem completar a alimentação numa só época bem precisa do ano.

Uma atitude optimista face à vida favorece também um bom funcionamento do coração e do intestino delgado.  A fé e a gratidão são fonte de alegria.


2- O ELEMENTO SOLO (TERRA) – ESTÔMAGO E BAÇO/PÂNCREAS

O açúcar refinado e os alimentos muito ácidos fazem mal ao estômago e ao baço/pâncreas, sendo o consumo de bebidas extremamente açucaradas mau para o baço/pâncreas.

Em contra partida, os alimentos com gosto ligeiramente açucarado favorecem um bom funcionamento do baço/pâncreas. As abóboras vulgares e a abóbora japonesa Hokkaido reforçam o baço/pâncreas. Entre os cereais, é o millet. As pessoas que têm problemas com os órgãos solo deveriam consumir muito millet e abóbora.

Os sais minerais são também muito importantes para assegurar um bom funcionamento destes órgãos. Como contêm minerais, todos os legumes são favoráveis à função do estomago, do baço e do pâncreas. As folhas de couve “collard” (legume do Sul dos EUA parecendo espinafres) ou couve “plume” ou “Kale” (Europa), a consolda e as urtigas são as mais ricas em sais minerais, sobretudo em cálcio.

O elemento solo é ainda mais reforçado por uma boa mastigação da comida e a salivação que a acompanha. A saliva pode ser extremamente alcalina, e o estomago extremamente ácido. Os alimentos bem mastigados, ricos em saliva, penetram no estomago e tamponam os ácidos do estomago, harmonizando assim o meio no interior deste. Os alimentos condimentados ou ácidos e ainda por cima mal mastigados, tornam este meio ainda mais ácido, o que pode com certeza trazer problemas de ventre podendo degenerar em úlceras com o tempo.


3- O ELEMENTO METAL – PULMÕES E INTESTINO GROSSO

O elemento metal é reforçado e estimulado pelo arroz integral, e pelos numerosos legumes correntes, tais como as couves, couves-flor, aipos, pepinos, agriões da fonte, nabos, rabanetes e cebolas. Segundo a medicina macrobiótica, a raiz de gengibre, o rábano negro, o daikon, o alho e as folhas de mostarda são todos eles ervas medicinais para os pulmões e intestino grosso. Os alimentos com sabor picante, consumidos em pequenas quantidades, podem também melhorar o funcionamento destes dois órgãos.
O exercício físico, como a marcha e a bicicleta, são igualmente benéficos para os órgãos metal.

De uma maneira geral, as fibras beneficiam o conjunto do tubo digestivo fazendo aumentar a duração do trânsito e desobstruindo-o dos velhos dejectos, expulsando-os do sistema. Porque contêm fibras, todos os cereais e todos os legumes sustentam e dinamizam o funcionamento do intestino grosso.

Pelo contrário, os alimentos de origem animal, sobretudo a carne vermelha, são verdadeiros fardos para os intestinos e tornam o trabalha da digestão mais difícil. As gorduras, sobretudo as provenientes da carne vermelha, dos ovos, e dos queijos de massa dura, são a primeira causa do cancro do cólon. A carne vermelha é extremamente difícil de digerir, sobretudo porque não pode ser inteiramente mastigada na boca e também não pode certamente ser correctamente decomposta nos intestinos. As pessoas que sofrem de afecções do intestino grosso têm todo o interesse em evitar os alimentos muito difíceis de digerir, particularmente no que diz respeito à carne.

Os pulmões são muito sensíveis aos produtos lácteos e ao óleo. Os alimentos fritos, o leite, iogurte e outros alimentos gordurosos ou oleosos tapam os minúsculos sacos de ar dos pulmões (alvéolos pulmonares), impedindo uma boa oxigenação destes. Para os curar, é necessário um regime alimentar comportando pouco óleo e gordura. Se tiverem tosse, evitem as anchovas (“blue-fish”), as sardinhas e a cavala.


4- O ELEMENTO ÁGUA – RINS E BEXIGA

Os alimentos que reforçam e estimulam um bom funcionamento dos rins são os feijões e pequenas quantidades de sal. Muito sal, pelo contrário, enfraquece os rins e cria hipertensão – convém utilizar este condimento em quantidades moderadas. Todos os feijões e leguminosas ajudam a tonificar os rins e a melhorar o seu funcionamento, mas os feijões Azuki de Hokkaido (os mais pequenos) estão sem dúvida entre os mais eficazes nesta categoria de alimentos.

Entre os cereais, a cevada e o trigo sarraceno são os mais benéficos para os rins; no que diz respeito aos legumes do mar, sobretudo as algas Kombu, Hijiki, Wakame e Nori, têm todas elas a sua utilidade na melhoria do funcionamento destes órgãos.

Se os rins estiverem fracos, experimentemos a raiz de gengibre, que se pode beber em tisanas, comer como legume, ou aplicar em compressas.


5- O ELEMENTO ÁRVORE (MADEIRA) – FÍGADO E VESICULA BILIAR

Os alimentos gordurosos, as gorduras, o colesterol e o álcool em excesso prejudicam o fígado e a vesicula biliar.

As pessoa que sofrem de cálculos da vesícula biliar sentem geralmente uma dor aguda na zona situada por baixo do peito. Muitas vezes a vesícula biliar é retirada cirurgicamente, mas os cálculos podem ser eliminados naturalmente – podem ser dissolvidos na unidade deste órgão por uma simples mudança de alimentação, reduzindo de maneira drástica o consumo de gorduras e de carne rica em colesterol (ostras, pele das aves, pastas de fígado, banha de porco, gordura de aves, etc.).



QUADRO DOS 10 REGIMES DE GEORGES OHSAWA
Números
Cereais
%

Legumes

%
Sopas
%
Carnes
%
Saladas
%
Sobremesas
%
7
100
-
-
-
-
-
6
90
10
-
-
-
-
5
80
20
-
-
-
-
4
70
20
10
-
-
-
3
60
30
10
-
-
-
2
50
30
10
10
-
-
1
40
30
10
20
-
-
1
30
30
10
20
10
-
2
20
30
10
25
10
5
3
10
30
10
30
15
5


Um regime macrobiótico com dominância pelos cereais integrais, com uma grande variedade de legumes, leguminosas, algas e peixe deve poder fornecer todos os nutrientes necessários à manutenção ou ao regresso a um estado de saúde perfeitamente satisfatório.







terça-feira, 3 de setembro de 2013

Açúcar. O veneno doce?
















Açúcar.
O veneno doce?
por Célia Rosa.


Não lhe resistimos nos dias de festa e também é o que nos apetece sempre que a tristeza aperta. Falamos do açúcar, um produto que sabe bem e dá prazer. Mas se consumido regularmente e em demasia põe-nos gordos e gravemente doentes. É o que está a acontecer.

Açúcar. Já foi apreciado como especiaria, consumido como medicamento, usado como adoçante e nenhum mal teria vindo ao mundo se tivéssemos continuado a consumi-lo raramente e com moderação, como sucedeu durante milhares de anos. O açúcar era um bem raro - encontrava-se apenas na fruta, em algumas plantas, raízes e no mel - e o organismo habituou-se a armazená-lo, sob a forma de glicose, para ter energia de reserva para os períodos de carência alimentar.

Mas um dia tudo mudou. E se é verdade que a primeira grande alteração ocorreu há dez mil anos, com o surgimento da agricultura, a outro veio na sequência da Revolução Industrial, quando o homem pôs de lado as farinhas e os grãos integrais (hidratos de carbono complexos, ou seja, açúcares de absorção lenta e ricos em fibra, vitaminas e minerais) e passou a consumir cereais refinados (hidratos de carbono simples, isto é, açúcares que o organismo transforma rapidamente em glicose). Pior só o que sucedeu a partir da segunda metade do século passado, quando o açúcar - a sacarose, mas também a frutose e outros glícidos - começou a ser usado como aditivo na indústria alimentar.

É precisamente contra a indústria da comida processada que Robert Lustig, um distinto endocrinologista pediátrico americano que também é professor na Universidade da Califórnia, em São Francisco, está em guerra aberta há alguns anos: é a responsável pelo aumento da obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas e fígado gordo de causa não alcoólica. Tudo por causa do açúcar refinado que é adicionado à generalidade dos alimentos processados, acusa o investigador.

Autor de vários trabalhos científicos, Lustig acabou por conquistar a atenção do público em 2009, quando divulgou o vídeo Sugar: The Bitter Truth Açúcar: A Verdade Amarga ), onde apelida o açúcar de «toxina», «veneno» e «demónio». Na comunicação, vista por mais de 3,7 milhões de pessoas no YouTube, o professor de Endocrinologia Pediátrica explica que o açúcar não é apenas o pó branco e granulado com que adoçamos o chá ou o café - a sacarose -, mas também o xarope de milho com alto teor de frutose, o adoçante mais usado pela indústria alimentar desde os anos setenta do século passado e que é adicionado à esmagadora maioria dos alimentos processados. Às guloseimas - bolos, bolachas, bombons, chupas, gomas, etc. - mas também aos cereais de pequeno-almoço, refrigerantes, iogurtes, compotas, douradinhos, lasanhas, salsichas, almôndegas, molhos, sobremesas e por aí fora.

No ano passado, em fevereiro, Robert Lustig voltou à carga e desta vez fê-lo através de um artigo publicado na revista Nature - «The Toxic Truth about Sugar», ou «A Verdade Tóxica sobre o Açúcar», em português - em que afirma, categórico, que o açúcar é tóxico, induz dependência e deve ser visto como um verdadeiro problema de saúde pública. O professor pede a intervenção das autoridades de saúde - defende um controlo sobre a venda idêntico ao que se faz com o álcool, que é proibido a menores de 18 anos - e propõe que os governos taxem os alimentos que tenham açúcar adicionado.


Na origem de todos os males

Ricardo Silvestre, especialista em fisiologia e metabolismo humano, partilha a ideia de Lustig de que o açúcar é um veneno. E explica porquê: «O açúcar refinado é um sacarídeo e, tal como todos os hidratos de carbono, uma vez metabolizado transforma-se em glicose, a energia de que o corpo necessita para funcionar. Mas há sacarídeos e sacarídeos. O açúcar é uma substância sem qualquer valor nutricional - fornece calorias vazias, de absorção rápida, e causa problemas metabólicos, nomeadamente obesidade, colesterol alto, hipertensão e níveis elevados de glicemia e insulina, que podem provocar doenças graves. Os únicos sacarídeos de que precisamos são os hidratos de carbono complexos, com fibra, vitaminas e açúcares naturais, que são absorvidos lentamente pelo organismo.»

Se todos os dias comermos cereais açucarados ao pequeno-almoço, hambúrguer no pão e refrigerante ao almoço, leite achocolatado e um bolo ao lanche, piza e refrigerante ao jantar, iogurte açucarado ao deitar (alimentos com doses elevadas de açúcares adicionados), o que é que acontece? É simples, diz o especialista: «O organismo é incapaz de consumir tanta glicose e guarda-a para usar mais tarde. Armazena-a no fígado sob a forma de glicogénio. 

Mas como lhe damos excesso de açúcar todos os dias, aquelas reservas também não são usadas e acabam por ser transformadas em gordura. É esta a origem da síndrome metabólica. E também é por isso que as crianças que habitualmente bebem refrigerantes, comem bolos, gelados, gomas, chocolates e por aí fora começam a engordar», explica Ricardo Silvestre.

A obesidade é a face mais visível de um problema maior, afirma Cristina Sales, a médica do Porto que há muitos anos estuda a relação entre alimentação e doença: «Falo dos picos de insulina. Os hidratos de carbono simples, os açúcares, transformam-se rapidamente em glicose e, para impedir que os níveis de açúcar no sangue disparem após uma refeição, o pâncreas liberta insulina. Quando a glicose baixa, o pâncreas para a produção de insulina e começa a libertar glucagon, a hormona que transforma a energia armazenada, o glicogénio, em glicose. Mas se comermos alimentos açucarados em excesso e com regularidade o pâncreas está sempre a produzir insulina e a armazenar glicose.»

Resultado? O organismo começa a fazer os chamados picos de insulina, que estão na origem de muitas complicações. Uma delas é a resistência à insulina, que «começa por se manifestar através de hipoglicemia, fadiga, sonolência apôs as refeições, alterações do humor, inchaço, aumento da gordura abdominal, dos triglicéridos e da pressão arterial». Com o passar dos anos, explica Cristina Sales, «vem a inflamação, a obesidade, a diabetes tipo 2, a aterosclerose, a doença cerebrovascular e o fígado gordo».

A prevenção destas doenças passa pela redução drástica da ingestão de açúcar: «O ideal é viver sem consumir nenhum açúcar, pois o único açúcar de que o organismo necessita é o que absorve no processo de digestão dos hidratos de carbono complexos - leguminosas, hortaliças e alguns legumes, que se transformam em glicose lentamente - e o da fruta, a frutose - que é um açúcar rápido, mas contém fibras, que ajudam à digestão e aumentam a saciedade. E o que verifico nos doentes que acompanho é que grande parte das doenças associadas à alimentação, e sobretudo ao consumo de açúcar, são evitáveis e às vezes reversíveis só com mudanças na alimentação.»

Ricardo Silvestre também diz que ser gordo, hipertenso, ter colesterol e triglicéridos elevados e diabetes não é uma fatalidade. A quem tiver dúvidas, o fisiologista aconselha a leitura dos trabalhos do professor Jeff S. Volek, da Universidade do Connecticut, um respeitado e reconhecido investigador na área da nutrição, doenças metabólicas e exercício, com quem o português fez o doutoramento e ainda continua a trabalhar.


Controlar o consumo

Entretanto, nos EUA, o endocrinologista Robert Lustig prossegue com a sua cruzada contra os açúcares refinados - recentemente publicou o livro Fat Chance: Beating the Odds against Sugar, Processed Food, Obesity and Desease (Grandes Hipóteses: Vencer o Destino contra o Açúcar, as Comidas Processadas e a Obesidade, ainda sem edição portuguesa), onde explica detalhadamente porque é que o açúcar e a comida processada que ingerimos estão a tornar-nos obesos e muito doentes - e são cada vez mais os que lhe dão ouvidos. Por exemplo, a Associação Americana de Cardiologia, que até há poucos anos via nas gorduras o grande inimigo do coração, já reconheceu «a relação entre o elevado consumo de açúcares refinados e a pandemia mundial da obesidade e das doenças cardiovasculares» e, em 2009, publicou recomendações para o consumo diário de açúcar: um máximo de 25 gramas para as mulheres (equivale a quatro pacotes de açúcar, a dois pastéis de nata, a um queque ou a um iogurte com fruta açucarado) e 37,5 gramas para os homens (corresponde a seis pacotes de açúcar, a uma lata de refrigerante, a um jesuíta ou 100 ml de licor de anis).

A mudança também já se vê no Prato de Comida Saudável da Harvard Medical School, uma referência mundial onde os açúcares refinados já não têm lugar. E quanto aos cereais, a prestigiada universidade americana recomenda o consumo de integrais, incluindo pão, arroz e massa. Curiosamente, o grupo dos vegetais deixa de fora a batata, um tubérculo rico em amido (também é um açúcar), e as batatas fritas.

Ao contrário, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar ainda não fixou recomendações sobre o assunto e o mais que assume no documento sobre os Valores de Referência Europeus para a Ingestão de Nutrientes é a confirmação entre o consumo de alimentos açucarados e a cárie dentária e entre o consumo de bebidas açucaradas e o aumento de peso. Mais, o organismo europeu continua a defender um aporte diário de hidratos de carbono (onde inclui o amido e os açúcares simples) entre 45 e 60 por cento, tanto nos adultos como nas crianças.

A evidência de que o açúcar é um alimento mau começa a ser tida em conta nas estratégias definidas pela indústria alimentar. Por exemplo, a Nestlé, o gigante que gasta cerca de mil milhões de euros por ano em pesquisa no campo das ciências da nutrição, diz que «tem vindo a investir muito esforço e dinheiro em projetos de otimização nutricional, nomeadamente ao nível da redução de sal, açúcares e gorduras, principalmente nas categorias com mais relevância no dia a dia alimentar e nos produtos dirigidos a crianças.» 

De acordo com uma nota enviada à Notícias Magazine pela Direção de Relações Corporativas da Nestlé Portugal, «desde 2003 que as receitas de cereais de pequeno-almoço têm vindo a ser reformuladas a nível mundial no sentido de incluir uma quantidade progressiva de cereais integrais e de reduzir os açúcares». A empresa afiança que as novas receitas de cereais de pequeno-almoço para crianças lançadas já este ano são disso um exemplo. Mas é tudo uma questão de contas. Enquanto a Nestlé destaca que, com as novas receitas, garante menos de 9 gramas de açúcares por porção de 30 gramas (cerca de seis colheres de sopa, sem incluir o leite), nós verificamos que a referida gama de cereais contém entre 25 e 30 por cento de açúcar adicionado - isto é, por cada 100 gramas de produto, entre 25 e 30 gramas são... açúcar.


História amarga

Não se conhece ao certo a origem da cana-de-açúcar, mas há registos que apontam para a sua utilização pelos povos das ilhas do Pacífico, onde cresceria espontaneamente há mais de vinte mil anos. Terá sido cultivada pela primeira vez na Nova Guiné, há dez mil, e a sua cultura estendeu-se depois às ilhas Fiji e Nova Caledónia, até chegar às Filipinas, Indonésia, Malásia e Índia por volta do ano 1000 a.C.

Reza a história que os indianos terão sido o primeiro povo a conseguir extrair o suco da cana e a produzir açúcar, por volta do ano 500 a.C. Usavam-no como medicamento para alívio da dor. Mas o segredo da refinação também chegou à Pérsia - o imperador Dário terá ficado impressionado com umas canas que davam mel sem a ajuda das abelhas -, onde o açúcar terá começado a ser usado no fabrico de doces. Mas só no século vii d.C. é que a cana terá chegado ao Mediterrâneo e à Europa. Veio pela mão dos árabes, já rendidos às propriedades medicinais e gastronómicas do açúcar. Nos séculos seguintes, continuou a ser usado como produto medicinal ou especiaria rara, era vendido em boticários e o seu preço era tão elevado que só os nobres e os muitos ricos podiam adquiri-lo.

A partir do século xv , a história do açúcar e do comércio da cana é também a história de Portugal. Primeiro, o infante D. Henrique mandou cultivar a cana na ilha da Madeira, onde a planta se adaptou muito bem. Mas foi depois da descoberta e colonização do Brasil - terrenos férteis, clima tropical, mão-de-obra escrava com fartura - que Portugal passou a dominar, juntamente com os espanhóis, as rotas comerciais do açúcar (entretanto chamado de ouro branco e usado para adoçar as novas bebidas - café, chá e cacau). Produzido em grandes quantidades nas plantações e engenhos do Nordeste (no século xvii o Brasil já era o maior produtor mundial de cana sacarídea, posição que ainda hoje ocupa), as receitas do comércio do açúcar foram fundamentais para a coroa portuguesa.

Em 1747, Andreas Marggraf, um químico alemão, conseguiu produzir açúcar cristalizado a partir de beterraba, criando uma alternativa ao açúcar de cana. Com o passar dos anos, o cultivo de beterraba para produção de açúcar acabou por vingar na Europa, mas a indústria portuguesa de refinação continua a trabalhar exclusivamente com cana. Mas essa é outra história. A que aqui importa é que do ponto de vista alimentar o açúcar - de cana ou de beterraba - é idêntico: não tem qualquer valor nutricional.


O açúcar vicia?

Mas, afinal, porque é não resistimos a um doce? A resposta é simples: «O açúcar estimula a secreção de serotonina e dopamina, dois neurotransmissores que nos fazem sentir bem e que nos dão prazer», explica Cristina Sales. Por isso, quando estamos mais tristes ou ansiosos e abrimos o frigorífico ou a porta da despensa em busca de uma guloseima, não fazemos mais do que procurar alimentos que nos proporcionam uma subida imediata da serotonina e da dopamina. «Quando comemos açúcar, o cérebro fica em alta e nós também. 

O problema é que quando a serotonina baixa, sentimos os efeitos da quebra e somos incitados a comer mais doces, com todas as complicações que daí advêm», adverte a médica.

Companhia dos açúcares
Sacarose - De cana ou de beterraba, branco , amarelo ou castanho, em cubos, cristais ou granulado , em calda, xarope ou em ponto... O açúcar de mesa é constituído por cinquenta por cento de glucose e cinquenta por cento de frutose (este último é o tipo de açúcar que está naturalmente presente na fruta). É um açúcar simples, de absorção rápida e perfeitamente dispensável pelo organismo. Fornece 4 kcal por grama. É usado como adoçante, na pastelaria, na confeitaria e indústria alimentar.

Frutose - É o açúcar extraído das frutas e legumes, onde se encontra presente em pequenas quantidades. Mas também pode ser extraído do milho - xarope de milho com alto teor de frutose - e é muito usado pela indústria alimentar na preparação de bebidas, pão, bolos, geleias, produtos lácteos e outros. O seu consumo excessivo é perigoso, pois este açúcar é rapidamente convertido em gordura pelo fígado.

Mel - Composto por glicose, mas também tem pequenas quantidades de vitaminas (tiamina, riboflavina, niacina, vitamina B6) e minerais (cinza, fósforo, magnésio, potássio, fósforo, ferro e zinco).

Outros - A lactose, sacarose, maltose e dextrose também são açúcares.


Efeitos na saúde
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano que passa as doenças não transmissíveis matam 36 milhões de pessoas e destas nove milhões têm menos de 60 anos. Só as doenças cardiovasculares são responsáveis pela morte de 17,3 milhões, seguidas do cancro (7,6 milhões), das doenças respiratórias (4,2 milhões) e da diabetes (1,3 milhões). 

Portugal não é exceção. No nosso país, a OMS estima que as doenças não transmissíveis sejam responsáveis por 86 por cento da mortalidade total (102 848 óbitos em 2011), sendo as doenças cardiovasculares (37 por cento), o cancro (26 por cento) e a diabetes (cinco por cento) as que mais matam.


Cada português come 16 pacotes por dia

34,7 kg por ano. Eis a quantidade de açúcar refinado consumido, em média, por cada português em 2012. Isto significa que cada um de nós ingere 2,9 kg de açúcar por mês, ou seja, 96,3 gramas por dia - para ter uma ideia mais precisa, é como se comêssemos todos os dias 16 pacotes de açúcar daqueles com que adoçamos o café ou, se preferir, 23 colheres de chá de açúcar. Os números são do INE.


[01.09.2013]


O VERSO E O REVERSO DA MEDALHA

A FACE E O DORSO

QUANTO MAIOR A FACE - MAIOR O DORSO