sábado, 30 de março de 2013

5 MUDANÇAS ALIMENTARES QUE PODEM MUDAR A SUA VIDA


“A resposta para a maioria dos problemas de saúde está por baixo do nosso nariz três vezes por dia: ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar.” Quem o diz é o especialista em Macrobiótica Francisco Varatojo.
Por:  Bárbara Bettencourt/Activa

Respeite as estações, o clima e a geografia 
Devemos seguir os ritmos da Natureza. Comer muitos alimentos fora da estação ou oriundos de um clima diferente afetaa nossa imunidade. "Não estamos isolados do ecossistema em que vivemos. Existe uma analogia entre a nossa flora intestinal e os microrganismos presentes na Terra, e criamos melhor harmonia com o meio quando nos alimentamos de produtos que crescem nesse meio ou num semelhante", explica o diretor do Instituto Macrobiótico Francisco Varatojo.
Privilegie os cereais integrais
A pirâmide alimentar macrobiótica aconselha, para um clima temperado como o nosso, 40 a 60% de cereais integrais e 20 a 30% de vegetais. Carne, ovos ou laticínios são opcionais. Podem ser retirados ou usados de forma esporádica.
Abandone os lacticínios
"Somos o único mamífero que bebe leite em adulto, e de outra espécie, o que é causa de muitos males de saúde. Se, por um lado, a maioria das pessoas não digere bem a lactose, há cada vez mais estudos a mostrar que o leite não previne osteoporose." O cálcio é importante, mas está presente nos vegetais de folha verde e nas oleaginosas, e até parece ser melhor absorvido por esta via.
Reduza a carne
A nossa estrutura não é a de um animal carnívoro. O consumo exagerado de carne parece estar associado ao aumento de incidência do cancro do cólon e da mama, doenças cardiovasculares e osteoporose. Além da gordura saturada, que entope as artérias, a carne tem grandes quantidades de antibióticos e hormonas. Também entra rapidamente em decomposição no intestino, contribuindo para a destruição da flora intestinal. Há muitos vegetais proteicos alternativos,como os feijões e o tofu.
Evite as solanáceas e o açúcar
Para a macrobiótica, os alcaloides presentes nas solanáceas - tomate, pimento, batata e beringela - estão na origem de muitos problemas digestivos e agravam sintomas de artrites, artroses e eczemas. O açúcar é pouco nutritivo, contribui para a descalcificação e para a diabetes e enfraquece o sistema imunitário. Já os alimentos processados estão cheios de gordura hidrogenada, um veneno associado à arterosclerose e doenças cardiovasculares.


segunda-feira, 25 de março de 2013

OS ÓLEOS NA ALIMENTAÇÃO MACROBIÓTICA PADRÃO



Introdução

Na alimentação macrobiótica padrão (AMBP), os temperos são utilizados de forma regular e devem ser biológicos e fabricados com técnicas naturais.
Um óleo de boa qualidade é essencial para a saúde.
Para a cozinha diária, o óleo de sésamo negro devia ser o preferido.
Os óleos de sésamo branco, de milho e de grãos de mostarda podem igualmente ser utilizados frequentemente e os outros óleos vegetais não refinados, utilizados ocasionalmente.
A utilização dos temperos deve ser moderada e adaptada às necessidades individuais.
A frequência e a quantidade de óleo consumido variam de indivíduo para indivíduo.
Idealmente, os óleos e as gorduras deveriam ser absorvidos pelo organismo no seu estado integral a partir de alimentos como os cereais integrais, as leguminosas e as sementes.
Para uma pessoa normalmente de boa saúde, uma ou duas refeições por dia poderão ser preparadas com uma pequena quantidade de óleo não refinado. Poderá ser sob a forma de pequenos pratos de acompanhamento, de legumes ou de algas salteados ou molhos ou guarnições que os contêm. Mais ou menos uma vez por semana, em dias de festa ou ocasiões especiais, poderão ser preparados fritos de tofu ou de seitan ou tempuras de legumes, peixe ou crustáceos.
Os fritos ou as tempuras utilizam grandes quantidades de óleo. No entanto, quando são correctamente preparados, os alimentos cozinhados desta maneira não são nem oleosos nem pesados, mas estaladiços e de sabor delicado.
Para as pessoas que não estão de boa saúde, o consumo de óleo deve ser minimizado ou evitado até que a sua condição melhore.

Características
Os óleos vegetais são de preferir às matérias gordas animais por causa, entre outras razões, dos seus pontos de fusão diferentes.
A maior parte das gorduras animais, com efeito, permanecem mais ou menos coaguladas à temperatura do corpo ou ocasionam depósitos que podem a longo prazo degenerar.
As sementes oleaginosas são alimentos mais completos e mais fáceis de digerir do que os óleos, que são, de facto, produtos refinados.
Os óleos de melhor qualidade são obtidos prensando as sementes, cereais, frutos ou nozes a temperaturas relativamente baixas, filtrando-os ao mínimo e armazenando-os em garrafas. De aparência turva, são ricos e contêm o aroma natural e o sabor dos produtos integrais dos quais são extraídos.
Contêm igualmente os antioxidantes e os outros nutrientes que impedem que fiquem rançosos.
A extracção dos óleos vegetais de qualidade inferior é correntemente obtida com a ajuda de solventes. Neste procedimento, o hexano, um hidrocarboneto muito tóxico derivado do petróleo, é aquecido a altíssimas temperaturas para extrair o óleo, destruindo a maior parte dos nutrientes.
Certos óleos, de armazéns de produtos naturais, trazem a menção “prensado a frio” para indicar que não foram obtidos a temperaturas elevadas.
No entanto, entre os óleos não refinados habitualmente disponíveis, apenas o óleo de oliva (azeite) é realmente prensado a frio sem qualquer aquecimento. Além disso, a expressão “prensado a frio” não é necessariamente um critério de qualidade.

Cozinha Macrobiótica
O óleo não é um carburante, mas um comburente, o que não faz dele um alimento e ainda menos um nutriente, contrariamente às alegações erróneas da dietética médica moderna.
A água evapora a 100ºC, o ponto de fumaça do óleo situa-se entre os 180 e os 250ºC, sendo, pois, antes de mais, pelas suas qualidades térmicas que o uso do óleo no cozimento de certos alimentos se poderá tornar necessário, porque permite aumentar até 250ºC ou mesmo até 300ºC para certos óleos, a temperatura de cozedura dos alimentos.
Na realidade a utilização e o consumo dos óleos deveriam ser reduzidas ao mínimo necessário – 20 a 30 g de lípidos são suficientes para as necessidades energéticas diárias de um adulto sedentário de 70 Kg de peso. Os corpos gordos são a única forma de energia armazenável pelo nosso organismo – os excedentes são postos em reservas sob a forma de células adiposas, celulite e colesterol – e ninguém já ignora as graves perturbações na saúde que elas provocam.


Taxa de corpos gordos de alguns alimentos (para 100g) :

Manteiga:                        80 g
Queijo:                             40 g
Toucinho:                        75 g
Frango:                              6 g
Salmão fresco:                15 g
Margarina:                       75 g
Ovo:                                  12 g

Óleo vegetal:                  80 g
Amêndoas:                     40 g
Chocolate:                      75 g
Sésamo:                            6 g
Soja:                                 15 g
Arroz integral:                75 g
Aveia:                               12 g

Para substituir a manteiga e a margarina, devíamos utilizar as manteigas (purés) de sementes de oleaginosas, tais como: amêndoas, avelãs, girassol, etc. A melhor pasta para barrar é o TAHIN, manteiga de sementes de sésamo – o “abre-te sésamo” dos contos das Mil e Uma Noites. Rica em fósforo, lecitina, e em aminoácidos essenciais, tem uma acção específica sobre a memória, o sistema nervoso e a clareza de espírito. Natural ou aromatizado, salgado ou adoçado, convém a todos os usos, no vinagrete, molho para salada, como base das massas vegetais ou adicionado com mel de cereais nas sobremesas.
Os óleos devem ser sempre provenientes de sementes biológicas prensadas a frio, não refinados e simplesmente filtrados mecanicamente.
O azeite (óleo de oliva) tal como é recomendado pelo corpo médico e dietistas profissionais é o exemplo perfeito dos erros que se podem cometer, a partir do momento que nos deixamos guiar unicamente por considerações analíticas bioquímicas.
Segundo as regras do Yin-Yang, o azeite é um óleo a partir de um fruto, sendo, pois, duplamente Yin, e por consequência deveria limitar-se exclusivamente às zonas de implantação da oliveira. Na cozinha macrobiótica a sua utilização é desaconselhada nas zonas climáticas frias e na estação fria das zonas temperadas.
O óleo cria uma energia dilatante, uma energia de expansão. Apenas uma pequena quantidade é necessária para os cozinhados. Apenas uma colher de sopa é quanto basta para cobrir o fundo da frigideira e fazer saltear os legumes, as massas ou os cereais para toda a família. Para as pessoas que devem limitar o consumo de óleo, basta espalhá-lo no fundo da frigideira com um pincel. Numerosos alimentos combinam bem com o óleo – é o caso da maior parte dos legumes de raiz, as cebolas, as couves e alguns legumes redondos, legumes de folhas, as algas hijiki e arame, o tofu, o seitan e o tempeh. Outros alimentos não combinam tão bem com o óleo – é o caso do feijão azuki, o grão de bico, as algas kombu e as abóboras (se bem que possam fritar-se).
Para ajudar a digestão do óleo, principalmente no caso dos fritos e tempuras, um pouco de daikon (ou nabo ou rabanete) e algumas vezes gengibre ralados ou uma ameixa umeboshi são habitualmente servidos.
No caso do peixe e crustáceos – sejam ou não preparados com óleo – utiliza-se um condimento mais forte, em vez do daikon, o rábano ou o rábano japonês (wasabi).

NUMA ESCALA DE YIN-YANG:
Quanto mais pequena é a semente, mais Yang é o óleo.
Cártamo – Azeite de oliva – Milho – Girassol – Colza – Sésamo






























































Notas importantes
Os óleos devem ser de primeira pressão a frio – não quer dizer que na sua extracção não se possam aquecer!
O óleo muito quente produz um elemento de degradação.
Nunca chegar ao ponto de fumegar, que se situa conforme os óleos próximo dos 160ºC.

(1)  O óleo de cártamo possui um sabor muito doce e permite fazer molhos ligeiros. Degrada-se mais facilmente do que os outros óleos e é instável a altas temperaturas.
É menos utilizado que os outros em cozinha macrobiótica.

(2)  O azeite possui um sabor e um aroma  particulares ligeiramente doces e conserva-se por mais de um ano sem refrigeração. É delicioso para as saladas e é utilizado, ocasionalmente, para os cozinhados. É o único óleo bastante comercializado que não é extraído a alta temperatura e a alta pressão. O melhor de todos, o Azeite Virgem, é obtido na primeira pressão do fruto. A segunda qualidade é dito Azeite Puro e é obtido com a ajuda de produtos químicos. O azeite é, na sua origem, de qualidade monoinsaturada, o que faz que seja mais gordo e menos digesto do que os óleos polinsaturados.

 (3)  Depois do óleo de sésamo, o óleo de milho não refinado é o óleo mais frequentemente utilizado na cozinha macrobiótica. Possui um rico sabor de milho e a variedade mais escura provem do grão integral. É frequentemente utilizado nos salteados e no forno e em molhos e guarnições. No entanto, do facto que faz espuma facilmente a altas temperaturas, não é utilizado em fritos e tempuras.

 (4)  O óleo de girassol é o principal óleo utilizado na Rússia, no Canadá e outros envolvimentos nórdicos frios. Possui um sabor agradável , um aspecto claro e conserva-se perfeitamente. É utilizado ocasionalmente em vez dos óleos de sésamo e milho.

 (5O óleo de soja possui um forte sabor parecido com o sabor a peixe, apreciado por uns e rejeitado por outros. Um óleo de soja refinado, de sabor mais neutro, é utilizado pela indústria alimentar.

 (6)  O óleo de sésamo negro, obtido através de sementes de sésamo tostadas, possui um rico sabor a avelãs, um aroma fumado, uma cor escura profunda e uma aparência turva. É um óleo de superior qualidade e é preferido para as utilizações regulares como os salteados, fritos na frigideira, tempura, no forno, fritadas assim como em molhos e cremes de tartinar. O óleo de sésamo branco possui um sabor doce, é mais fluído e o seu aroma é menos marcado. É utilizado para confeccionar pratos delicados para os quais o forte sabor do óleo de sésamo negro poderia contrariar o sabor dos outros ingredientes. Muito estável e resistente às alterações, o óleo de sésamo pode ser conservado, arrolhado hermeticamente depois de aberto, num local escuro e fresco ou colocado no frigorífico.

Óleo de MostardaO óleo de sementes de mostarda é obtido da mesma planta cujas folhas são utilizadas como legumes. É pouco utilizado no Ocidente, mas bastante utilizado na Ásia e no Médio Oriente.

Outros óleos – Os outros óleos de qualidade vegetal não refinados obtidos de maneira natural e tradicional e que são comummente utilizados, podem ser consumidos de tempos a tempos, por pessoas habitualmente de boa saúde, pelo prazer e variedade que trazem à alimentação. São, entre outros os seguintes: óleo de amendoim, de sementes de algodão e de linho, de amêndoas e de nozes. Os óleos de coco e de palma, sendo de qualidade ligeiramente saturada, são evitados em macrobiótica.



BIBLIOGRAFIA
·         GISEL, François – “La Macrobiotique – aperçu théorique”
·         WENKER, Gérard – “Macrobiotique pratique. Traité de longue vie” – 2009;
·         KUSHI, Aveline & Michio – “Harmonisation de l´alimentation – selon les variations de l´environnement et besoins personnels”.



domingo, 24 de março de 2013

BEBIDAS MACROBIÓTICAS



Para o consumo diário, entre as refeições, as bebidas habitualmente utilizadas na Alimentação Macrobiótica Padrão são: a água da fonte e a água do poço, pura e cristalina; o chá “bancha”; os chás de cereais tostados ou os cafés de cereais; outros chás naturais, não estimulantes ou aromáticos, tradicionalmente utilizados e habitualmente consumidos, preparados a partir de sementes, flores, folhas, caules, ramos, cascas ou raízes.
A frequência e a quantidade de bebidas absorvidas variam segundo as necessidades e a condição de saúde pessoal de cada um, assim como em função do clima, da estação do ano e de outros factores ligados ao envolvimento. Em geral, recomenda-se não beber durante as refeições e beber apenas o suficiente quando se tem sede e evitar bebidas geladas.
O chá teve a sua origem nas Índias – região de Assan – e estendeu-se à China e ao Japão ao mesmo tempo que o Budismo. No Extremo Oriente as sebes que circundam os templos são correntemente constituídas por plantas de chá. A partir destes chazeiros podemos fazer chá com folhas, raminhos, cascas ou caules. A qualidade e características do chá dependerão da estação em que a colheita dessas partes da planta é efectuada e das técnicas de tratamento utilizadas.

CHÁ “BANCHA”
O chá bancha é um produto tradicional dos mosteiros Zen japoneses e um dos “específicos” macrobióticos dados a conhecer por George Ohsawa. É uma bebida yang, indispensável em Macrobiótica, proveniente do chazeiro selvagem. O “kukicha” provém dos ramos e raminhos deixados secar nas plantas durante 3 anos. O “hojicha” é composto unicamente das folhas. Após a apanha, estes chás são ainda ligeiramente tostados para eliminar todo o traço de alcalóides – cafeína e teína. Ricos em sais minerais, nomeadamente cálcio e fósforo e em vitamina A, têm uma acção bactericida e desintoxicante.
A mesma planta (ver fig. – camellia sinensis) origina diferentes tipos de chá:  “Bancha”, Chá Verde e Chá Preto. No entanto, todos eles são colhidos em diferentes alturas do ano e tratados de diferentes maneias, e, por isso, são diferentes do ponto de vista da energia, dos nutrientes e efeitos que desencadeiam sobre o organismo humano.
As folhas mais jovens e tenras, colhidas na Primavera, são usadas para preparar o chá Verde (Ryokucha).
O Matcha, usado na cerimónia do chá, faz-se a partir dos raminhos das folhas mais novas – “matsu” significa “ponta das folhas ou árvores”.
O Chá Preto é também produzido a partir da mesma planta e é o chá mais popular da Europa. É preparado a partir de folhas de chá fermentadas, hiper transformadas, muitas vezes coloradas. É rico em cafeína e tanino.
O chá Bancha prepara-se em meados do Verão, pela apanha das grandes folhas chegadas à maturidade, dos pequenos ramos e das hastes, que dão respectivamente, o chá de folhas bancha, o chá dos pequenos ramos bancha e o chá das hastes bancha.
Tradicionalmente apanhados à mão nas altas montanhas do Japão, as folhas, ramos e hastes bancha são tostadas e de seguida resfriadas em grandes recipientes de ferro. Esta operação pode ser repetida até quatro vezes. Este processo, assim como a colheita tardia, efectuada quando a quantidade de cafeína da planta diminuiu naturalmente, fazem que este chá não contenha por assim dizer nem cafeína nem tanino, sobretudo para os chás feitos a partir dos ramos e hastes.
Contrariamente aos outros chás que são ácidos, o chá bancha é ligeiramente alcalino e possui um efeito benéfico e calmante sobre a digestão, o sangue e a mente. Não tem contraindicações, podendo mesmo ser consumido por bebés e crianças. É a bebida frequentemente mais utilizada na maior parte dos lares macrobióticos e é habitualmente servida após cada refeição e igualmente entre as refeições.
Na Europa, o chá bancha é muitas vezes vendido com o nome de “chá de três anos”, o que significa que os chazeiros dos quais ele é proveniente, têm a idade de 3 ou mais anos.
As folhas cortadas durante o primeiro ano utilizam-se para fazer um chá chamado “Ichi-nen bancha” (bancha do primeiro ano).
As folhas cortadas durante o segundo ano dão o “Nin-nen bancha” (bancha do segundo ano).
O “Bancha San-nen” (bancha do terceiro ano) contém raminhos, porém nenhuma folha, e chama-se “Kukicha” (chá de raminhos).
O bancha é mais yang do que o chá verde (“Ryokucha”).
Geralmente não é necessário tostar as folhas já que se vendem tostadas. Porém, se estiverem húmidas será melhor tostá-las um pouco. Prepara-se num recipiente de barro: colocam-se uma ou duas colherzinhas de folhas no fundo e juntam-se quatro chávenas de água fervendo, deixando-se em infusão 5 a 10 minutos. O tempo de cocção e a quantidade de folhas a utilizar virá com a experiência e o gosto de cada um.
Em vez de descartarmos as folhas depois de cada utilização, podemos reutilizá-las, juntando outras frescas quando prepararmos outra chaleira. Podemos continuar com este procedimento até que fiquem uns 2,5 cm de folhas no fundo, pondo-se então de lado para outros usos externos. È preferível não ferver o bancha dado que se torna muito forte. No entanto, para uso externo como remédio deve ferver 5 a 10 minutos.
O bancha pode ser consumido diariamente nos lares macrobióticos. Tem um efeito estabilizante e estimula a digestão.
“Kukicha”“Kuki” significa raminhos. Quando George Ohsawa introduziu este chá na Europa chamou-o de “chá de três anos”. No Japão o Kukicha é considerado o chá mais pobre, porém na realidade é o mais saudável.
Este chá é mais yang do que o bancha e deve ferver pelo menos 10 minutos. Contém muito pouca cafeína e portanto o seu consumo é adequado para crianças. Para fins medicinais pode-se tomar com um bocadinho de sal marinho ou gomásio, ou uma gotas de shoyu.
Tem efeito alcalinizante no sangue e por isso fortalece-nos e refresca-nos quando estamos cansados. Tem efeito calmante em casos de insónia e alivia as náuseas e a gastrite. O kukicha é uma boa bebida para uso diário para pessoas que sofram de nefrite, infecção da bexiga, neurastenia, doenças cardíacas, indigestão e fadiga generalizada.
“Bocha”“Bo” significa pau. Este chá faz-se com o caule da planta.
É mais yang do que o bancha ou o kukicha. Não contém cafeína. Pode-se ferver no mínimo. Este chá é adequado para todas as condições de saúde.
Chá Verde ou “Ryoku-cha” – As folhas mais jovens e tenras, colhidas na Primavera, são usadas para preparar este chá. É mais yin do que os anteriormente mencionados. Não deve ferver. Coloca-se meia colherzinha de chá numa chaleira de cerâmica e junta-se uma chávena de água fervendo, deixando em infusão durante 3 a 5 minutos. Coar logo de seguida. Este chá ajuda a dissolver e descarregar as gorduras animais e a reduzir os níveis de colesterol.
O Chá Preto – é também produzido a partir da mesma planta e é o chá mais popular da Europa. É preparado a partir de folhas de chá fermentadas, hiper transformadas, muitas vezes coloradas. É rico em cafeína e tanino.
O chá verde é o que tem mais cafeína, o bancha menos, o kukicha muito pouca e o bocha nenhuma.
O bancha é normalmente bebido ao natural, mas pode ser preparado com algumas gotas de tamari/shoyu, ameixa umeboshi ou outros ingredientes, para fins medicinais, ou ocasionalmente adoçado com sumo de maçã ou um pouco de mel de arroz, conforme os gostos.

BEBIDAS MEDICINAIS COM BANCHA
“Shoyu- Bancha” ou “Sho-Ban” – deitar 1 a 2 colherzinhas de shoyu/tamari numa chávena. Juntar bancha quente, mexer e tomar. Este chá terá um efeito fortalecedor e refrescante em pessoas saudáveis. O shoyu e o bancha têm um efeito alcalinizante num sangue acidificado – que pode ser causado por actividades exaustivas, e também pela ingestão de açúcar ou alimentos de origem animal.
O sho-ban activa a circulação e pode ser benéfico em caso de:
·  Problemas estomacais – em particular úlceras, acidez e indigestão;
·  Cãibras intestinais, gases;
·  Intoxicação por monóxido de carbono;
·  Reumatismo.
Tomar 1 a 2 chávenas por dia até obter alívio – porém não continuar por mais do que 3 a 4 dias seguidos.
Com um pouco de gengibre ralado é eficaz em casos de problemas estomacais, náuseas e gases.
“Gomasio-Bancha” – juntar uma chávena de bancha quente a uma colherzinha de gomasio e mexer bem. Usar esta bebida como o shoyu-bancha. Tem os mesmos efeitos do que o shoyu-bancha. Usar em casos de problemas estomacais, tais como gases e cãibras estomacais e intestinais. Também alivia o cansaço no Verão e é útil para aliviar problemas que surjam depois do consumo com alimentos açucarados.
“Chá de 3 anos + Umeboshi + Gengibre” – reduzir a puré a carne de uma ameixa umeboshi, juntar meia colher de café de gengibre fresco ralado. Verter por cima o chá de três anos quente e algumas gotas de tamari/shoyu. Beber quente.
Indicado para: digestão difícil, indigestão, náuseas, estimula a digestão e a vesícula biliar.

AS DOENÇAS DE PELE


SALVE A SUA PELE

Certas doenças são mais fáceis de curar com um regime macrobiótico apropriado do que outras. É o caso da maior parte das doenças de pele, tais como: Eczema – Zona – Acne – Psoríases – Herpes – Vitiligo – Urticárias – Alergias – Borbulhas – Furunculose – etc.
Em medicina macrobiótica todas as doenças são classificadas segundo as suas localizações “yin-yang”. Neste caso, sendo a pele um órgão situado na periferia, na superfície do corpo humano, todas as perturbações, todas as anomalias que se traduzam pelo desenvolvimento de uma doença da pele, são “yin” (VER: NOTA  1 ” mais abaixo).
O conjunto destas doenças da pele é pois provocado por um excesso de alimentos “yin” (açúcar, frutos, alimentos crus, produtos lácteos, óleos e corpos gordos, chás aromáticos, café, bebidas alcoólicas, drogas, medicamentos, etc.).
Para todas as doenças enumeradas acima, a causa sendo idêntica, as recomendações alimentares são pois as mesmas, excepção feita às doenças de pele nos bebés e dos melanomas malignos dos adultos que serão tratadas em separado.
Parte-se do princípio que os conhecimentos sobre macrobiótica do leitor são suficientes para interpretar e aplicar correctamente as directivas alimentares aqui expressas. Caso contrário, o leitor deve recorrer aos ensinamentos de pessoas macrobióticas experientes ou procurar tirar um curso básico de cozinha macrobiótica.
Nesta perspectiva, se o leitor quer verdadeiramente curar-se (ou curar um seu familiar ou amigo) e está preparado para fazer um grande esforço para isso, siga em frente, pois o resultado é garantido a 100% em três semanas, se aplicar correctamente e sem desvios as directivas abaixo indicadas, qualquer que seja a doença de pele. Experimente.

TRATAMENTOS E RECOMENDAÇÕES
Deverá pois, alimentar-se segundo o “Regime Macrobiótico Padrão” (VER: “NOTA 2” mais abaixo), com 2 a 4 refeições diárias, tendo em atenção as seguintes recomendações e adaptações:
Produtos a suprimir imperativamente durante um mês:
·       Todos os produtos lácteos
·       Todos os produtos animais (carnes, peixes, queijos)
·       Os açúcares e todos os edulcorantes
·       Os frutos, os frutos secos, os alimentos crus
·       Os alimentos gordos e os óleos
·       As oleaginosas e os purés (manteigas) de oleaginosas: amêndoas, sésamo (tahin), avelãs, …
·       As farinhas refinadas brancas
·       Biscoitos, pastelaria, pão branco
·       As bebidas alcoólicas, as drogas e os medicamentos
·       O café, o chá, águas minerais gasosas
·       As especiarias e os condimentos

RECEITAS ESPECÍFICAS

Sopa de Miso
  Ingredientes para 1 litro de sopa
Óleo de sésamo (apenas uma pincelada) – facultativo
4 echalotas ou 1 cebola média
1 alho francês pequeno, 1 cenoura, folhas de couve
10 cm de alga Wakame ou Kombu
Miso de cevada – 1/2 colher de café por tijela
  Preparação:
Lavar, descascar e cortar com cuidado os legumes, variando os cortes
Demolhar a alga numa tijela (5 minutos a wakame; 15 minutos a kombu) e depois cortá-la em pequenos pedaços
Descascar delicadamente as echalotas ou a cebola, para não fazer chorar. Cortá-las em meias luas finas e salteá-las no óleo até que estejam transparentes e sem odor picante
Besuntar com óleo o fundo da panela com um pincel ou um bocado de papel e aquecer sem fazer fumo
Juntar os legumes cortados, do mais “yin” para o mais “yang”: alho francês – couve – cenouras
Juntar as algas com a água do demolho
Juntar a água necessária, cobrir e deixar ferver em fogo médio durante 15 minutos
No final do cozinhado, retirar uma concha de caldo para uma tijela, dissolver o Miso e voltar a juntar à sopa. O Miso não deve ferver – deve fervilhar abaixo do ponto de ebulição, durante 3 a 5 minutos.
Facultativo: juntar pequenos cubos de tofu fresco e umas gotas de gengibre fresco ralado.

Bebida de Kombu + cogumelo shitake + daikon (ou nabo, rabanete ou rábano)
(elimina o colesterol e os mucus gordurosos)
Demolhar 2 cogumelos shitake e uma tira de 7 cm de kombu em 2 taças de água numa panela, durante 30 minutos
Juntar 1/2 taça de daikon ralado ou nabo, rábano ou rabanete
Tapar a panela e ferver em lume brando durante 30 minutos
Passar e beber metade desta preparação por dia

Chá de 3 anos “kukicha”
O chá Kukicha alcaliniza o sangue e não contém teína.
Ferver durante 10 minutos 1 colher de sopa deste chá num litro de água, numa cafeteira inox com tampa.
Beber quente ou morno diariamente, entre as refeições.

DERMATITE ATÍPICA DO BEBÉ
As restrições/adaptações alimentares à Alimentação Macrobiótica Padrão são as mesmas, mas aplicadas à mãe, no caso de haver aleitamento pelos seios. Para os bebés mais velhos e crianças, suprimir os produtos lácteos será em geral suficiente para fazer desaparecer um eczema ou todas as outras doenças da pele.

Melanoma:
Este tipo de cancro é muito perigoso – não há nada a fazer para este cancro, nem operação, nem radiações, nem quimio. Este cancro não aparece sobre a pele, nem sobre um órgão profundo, mas justamente debaixo da pele, e é pois um cancro misto, “yin-yang”. Do mesmo modo, se o doente optar por um regime vegetariano (saladas ou fruta), ele não pode curar-se. O regime vegetariano cura outros tipos de cancro mas não este. Ou se o doente continuar a comer ovos, carne, peixe, também não poderá curar-se. No momento actual, não há outro meio de cura a não ser pela abordagem macrobiótica. 

Recomendamos para este caso o regime macrobiótico padrão, composto por 60% de cereais integrais, mas sobretudo muito equilibrado – nem muito “yin, nem muito “yang”, e cozinhado de maneira muito harmoniosa. Então, um a um, os tumores irão desaparecendo.

Apanhar Sol não é bom …

Carcinomas epiteliais sem metáteses, os mais espalhados
Menos perigoso do que o precedente, necessita no entanto um tratamento rápido e eficaz. Os cuidados e as recomendações macrobióticas são idênticos ao melanoma.

A partir do momento que os problemas de pele tenham desaparecido, poder-se-á regressar progressivamente a uma alimentação menos restricta, conservando no entanto as bases de uma alimentação macrobiótica padrão e suprimindo definitivamente os produtos lácteos. Caso contrário as doenças de pele reaparecerão mais virulentas do que nunca, e tudo terá que ser recomeçado.
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“ NOTA 1 ” :
Passagem do “Yin – Yang metafísico (acupunctura)” para o “Yin – Yang físico (macrobiótico)” - (Dr. Gourion – “Acupunctura e dieta macrobiótica”, 1974)


CLASSIFICAÇÃO METAFÍSICA
A energia situada à periferia é activa (critérios Yang), condensa-se em matéria inerte e central (critério Yin).


CLASSIFICAÇÃO FÍSICA
Faz uma abordagem inversa.
A matéria é fisicamente uma concentração da Energia Yang, ela é pois Yang, um verdadeiro concentrado de Yang, apesar da sua aparência inerte.
Todo o processo de concentração de energia, designado sob o termo geral de força centrípeta, é pois considerado com Yang.
Inversamente, tudo o que é imaterial, todo o processo de desmaterialização de perda de coesão física, designado sob o termo geral de força centrífuga é uma dispersão de Yang, de energia, dito de outra forma um processo Yin.
·       Yang será neste sistema centrípeto, Yin centrífugo
·       Yang será o centro, Yin a periferia
·       Yang será o Sol e Yin a Terra
·       Yang será actividade e Yin passividade
No entanto apercebemo-nos através do quadro abaixo que a classificação física não é totalmente inversa à classificação metafísica.
Determinados elementos mantêm-se nas mesmas colunas …








































































NOTA 2 ”:
Alimentação Macrobiótica Padrão
(por Francisco Varatojo)
A  Alimentação Macrobiótica Padrão é um modelo alimentar desenvolvido por Michio Kushi nos finais dos anos 70 do Sec. XX.
Considere por favor que este modelo é apenas um padrão e como tal deve ser adaptado às diferentes condições pessoais, climáticas, geográficas, etc.
Alimentação Macrobiótica Padrão
·       50 a 60% da alimentação diária devem consistir de cereais integrais. Cereais integrais incluem arroz integral, cevada, millet, aveia, milho, trigo, centeio, trigo sarraceno, cuscuz, bulgur, flocos de aveia, flocos de cevada, carolo de milho, massas, pão, crepes, panquecas, etc. Deve dar-se preferência a cereais integrais em grão, em particular se existirem problemas de saúde sérios, uma vez que os cereais sob a forma de farinha são mais difíceis de digerir e as farinhas ao oxidarem perdem muitas das propriedades originais do cereal em grão.

·       Sopa deve ser consumida 1 a 2 vezes por dia. As sopas são em geral de vegetais mas podem também incluir cereais, leguminosas, algas, peixe. Uma sopa particularmente aconselhada é a sopa de Miso ou sopa de pasta de soja, devido aos efeitos benéficos que o miso tem na reconstrução da flora intestinal.

·       25 a 35% incluem os mais diversos vegetais (para além dos vegetais utilizados nas sopas). Os vegetais devem ser cozinhados de diferentes formas mas é importante que alguns sejam bem cozinhados e outros levemente cozinhados ou consumidos sob a forma de salada crua. Vegetais para uso diário incluem cebolas, cenouras, abóbora, brócolos, couve, agrião, nabos, couve de bruxelas, cogumelos, germinados, nabiças e muitos outros.
     Vegetais como batatas, tomates, beringelas são geralmente desaconselhados ou devem ser utilizados muito ocasionalmente se se gozar de boa saúde.


·       10 a 15% da alimentação consistem de leguminosas, derivados das leguminosas e algas. As leguminosas incluem grão de bico, lentilhas, feijão azuki, feijão frade, feijão catarino, feijão manteiga e todos os feijões disponíveis nos diversos climas; derivados das leguminosas como tofu, tempeh, natto, seitan (neste caso derivado do trigo mas sendo um alimento com alto teor proteico é incluído neste capítulo) podem e devem também ser usadas regularmente.
As algas foram durante muitos anos utilizadas em diferentes culturas e utilizam-se em pequena quantidade neste regime, cozinhadas em conjunto com os vegetais, leguminosas ou cereais. As algas para uso regular têm nomes como wakame, kombu, aramé, hiziki, nori entre outras.
Para além dos alimentos mencionados nas alíneas acima, a Alimentação Macrobiótica Padrão inclui em quantidades variáveis os seguintes alimentos:
·       Sementes e oleaginosas - sementes de sésamo, de abóbora, de girassol; amendoins, amêndoas, pinhões, nozes.

·       Frutos da estação e da área geográfica em que vivemos - maçãs, pêras, morangos, castanhas, pêssegos, melão, melancia, uvas, etc.

·       Peixe, preferivelmente de carne branca - pescada, linguado, robalo, cherne, dourada, tamboril entre muitos outros.

·       Bebidas diversas, em especial chás tradicionais, cafés de cereais, sumos de vegetais ou de frutos. Se se gozar de boa saúde ou em situações especiais, pequena quantidade de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho ou whisky de malte.

·       Óleos e temperos como óleo de sésamo, de girassol, de milho, azeite e temperos como vinagre de arroz, vinagre de ameixa, gengibre, algumas ervas aromáticas entre outros. Os óleos devem ser de primeira pressão a frio e não extraídos a altas temperaturas com solventes químicos à base de petróleo (a maioria dos óleos no mercado).

·       Condimentos para uso de mesa, se bem que utilizados em quantidades mínimas, são bastante importantes em especial se houver problemas de saúde; os condimentos principais são gomásio (sementes de sésamo com sal), umeboshi (pickle de ameixa), tekka (condimento produzido a partir de diferentes raízes), sementes de sésamo, condimento de cebolinho e muitos outros.

Na prática macrobiótica considera-se que os alimentos a evitar ou a usar muito esporadicamente são: carnes vermelhas ou brancas, ovos, produtos lácteos, açúcar, vegetais e frutos de origem tropical, café e chá preto, alimentos refinados e quimicalizados. Parte integrante do regime macrobiótico é a culinária; o modelo alimentar aqui descrito é extremamente saboroso, versátil e variado se a prática culinária for apropriada e pode ser bastante sensaborão se não for bem confeccionado; é aconselhável assistir a aulas de cozinha, consultar livros de culinária e pedir ajuda a pessoas mais experientes se desejar encetar uma alimentação deste tipo.
Em qualquer dos casos, começar a utilizar diariamente cereais integrais, vegetais e leguminosas na sua alimentação, pode seriamente contribuir para uma melhoria da sua saúde e qualidade de vida.
A Alimentação Macrobiótica Padrão preenche os requisitos nutricionais das principais organizações nutricionais mundiais e está de acordo com as linhas gerais no que toca à prevenção de cancro e doenças cardiovasculares.