terça-feira, 23 de abril de 2013

SEMENTES DE SUICÍDIO





 “A Monsanto é uma empresa agrícola. Aplicamos a inovação e a tecnologia para ajudar os agricultores de todo o mundo a produzir mais conservando mais”;

“Produzir mais e conservar mais melhorando a vida dos agricultores”.


Essas são as promessas que encontramos no site da Monsanto Índia, acompanhadas por fotografias de sorridentes e prósperos agricultores do estado de Marahashtra. Trata-se de uma tentativa desesperada da Monsanto e da sua maquinaria de relações públicas para desvincular a epidemia de suicídios de agricultores hindus do crescente controle que a empresa exerce sobre o fornecimento de sementes de algodão (atualmente a Monsanto controla 95% das sementes de algodão da Índia). O controle das sementes é o primeiro elo da cadeia alimentar, já que as sementes são a fonte da vida. Quando uma empresa controla as sementes, controla a vida, especialmente a vida dos agricultores.

O concentrado controle que a Monsanto exerce sobre as sementes, tanto na Índia como em todo o mundo é um fato altamente preocupante, e o que conecta entre si os suicídios dos agricultores na Índia, os julgamentos “Monsanto versus Percy Shmeiser” no Canadá e “Monsanto versus Bowman”, nos EUA, e a ação no valor de 2,2 bilhões de dólares, interposta contra a Monsanto por agricultores brasileiros pela injusta cobrança de royalities.

Graças às suas patentes de sementes, a Monsanto se transformou no “Senhor da Vida” em nosso planeta, auferindo receitas no conceito de renovação da vida dos agricultores, os criadores originais.
As patentes das sementes são ilegítimas porque introduzir um gene tóxico em uma célula vegetal não é “criar” ou “inventar” uma planta. As sementes da Monsanto são sementes de mentira: a mentira de dizer que a Monsanto é criadora de sementes e de vida, a mentira de que, enquanto a Monsanto processa os agricultores e os asfixia em dívidas, pretende nos fazer crer que trabalha em prol de seu bem-estar, e mentira de que os OGM (organismos geneticamente modificados) estão alimentando o mundo. Os OGM não estão conseguindo controlar as pragas e as ervas daninhas, e em troca tem provocado o surgimento de super pragas e super-ervas daninhas.

A entrada da Monsanto na área hindu de sementes foi possível graças a uma política de sementes imposta em 1988 pelo Banco Mundial, que obrigou o governo da Índia a desregulamentar o setor. Cinco coisas mudaram com a entrada da Monsanto: em primeiro lugar, as empresas hindus ficaram presas em joint-ventures e acordos de concessão de licenças. 

Em segundo lugar, as sementes, que tinham se constituído no recurso comum dos agricultores se transformaram em “propriedade intelectual” da Monsanto, que começou a cobrar royalities por elas, fazendo com que seu custo aumentasse. 

Em terceiro lugar, as sementes de algodão de polinização aberta foram substituídas pelas sementes híbridas, incluídas as híbridas transgênicas. Dessa forma, um recurso renovável transformou-se num produto patenteado não renovável. 

Em quarto lugar, o algodão, que até então tinha sido cultivado em combinação com outros cultivos alimentares, agora tinha que ser plantado em regime de monocultura, o que implicava em maior vulnerabilidade diante das pragas, doenças, secas e más colheitas. 
Em quinto lugar, a Monsanto começou a subverter os processos de regulação na Índia e, de fato, começou a usar recursos públicos para incentivar seus híbridos não renováveis e seus transgênicos através das chamadas associações público-privadas.

Em 1995, a Monsanto apresentou na Índia sua tecnologia Bt, através de uma joint-venture com a companhia hindu Mahico. Em 1997-98, a Monsanto começou a fazer ensaios ilegalmente sobre o terreno com seu algodão transgênico Bt, e anunciou que no ano seguinte iniciaria a venda comercial de sementes. 
Desde 1989, a Índia conta com uma normativa para regular os cultivos transgênicos no quadro da Lei de Proteção ao Meio Ambiente. Para realizar pesquisas com cultivos transgênicos é necessário obter a correspondente autorização do Comitê de Aprovação de Engenharia Genética, dependente do Ministério do Meio Ambiente. A Fundação de Investigação para a Ciência, Tecnologia e Ecologia processou a Monsanto diante do Tribunal Supremo da Índia, e a Monsanto não pôde começar a comercializar suas sementes de algodão Bt até 2002.

Após o relatório condenatório do Comitê Parlamentar da Índia sobre Cultivos Bt de agosto de 2012, o painel de técnicos especialistas nomeados pela Corte Suprema recomendou uma moratória de 10 anos para os experimentos sobre o terreno de qualquer cultivo transgênico, assim como a interrupção de todas as pesquisas em andamento. Contudo, já então a agricultura da Índia tinha se transformado.

O monopólio da Monsanto sobre as sementes, a destruição das alternativas, a obtenção de super-lucros no conceito dos royalities e a crescente vulnerabilidade das monoculturas criaram um contexto que propicia o crescimento das dívidas, dos suicídios e a angústia agrícola que alimenta a epidemia de suicídios dos camponeses hindus. O controle sistêmico se intensificou com o algodão Bt, por isso a maioria dos suicídios ocorre na cultura algodoeira.

Uma assessoria interna do Ministério da Agricultura da Índia de janeiro de 2012 informou o seguinte aos estados hindus produtores de algodão: “Os produtores de algodão atravessam uma profunda crise desde que fizeram a opção pelo algodão Bt. A onda de suicídios de agricultores em 2011-2012 foi particularmente severa entre os produtores de algodão Bt”.   

O estado hindu com maior superfície dedicada ao cultivo de algodão Bt é Maharashta, que é também onde os suicídios de agricultores são mais numerosos. Os suicídios aumentaram depois da introdução do algodão Bt: a arrecadação de royalities por parte da Monsanto e o elevado custo das sementes e dos produtos químicos afogaram os camponeses em dívidas. 

Segundo dados do governo da Índia, quase 75% da dívida rural provém da compra de insumos. À medida que crescem os lucros da Monsanto, cresce também a dívida dos agricultores. É nesse sentido que as sementes da Monsanto são sementes do suicídio. 

O ponto crucial das sementes do suicídio é constituído pela tecnologia que a Monsanto patenteou para criar sementes estéreis (chamada de “Tecnologia Terminator” pelos meios de comunicação, a tecnologia das sementes estéreis é um tipo de Tecnologia de Uso Restritivo de Genes [Gene Use Restriction Technology – GRUT], em virtude da qual a semente produzida em um cultivo não pode reproduzir-se: as colheitas não produzem sementes viáveis, ou produzem sementes viáveis com genes específicos apagados). O Convênio sobre Diversidade Biológica proibiu seu uso. Se esse uso não tivesse sido proibido, a Monsanto teria obtido lucros ainda maiores com suas sementes.

O discurso da Monsanto sobre “tecnologia” trata de esconder que seu verdadeiro objetivo é o controle das sementes e que a engenharia genética é simplesmente um instrumento para controlar sementes e alimentos através de patentes e direitos de propriedade intelectual.

No acordo da OMC sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio, um representante da Monsanto admitiu que eles são, “simultaneamente a pessoa que diagnostica o paciente e seu médico”, quando redigem suas patentes sobre formas de vida que vão desde microorganismos até plantas. Impedir que os agricultores guardem sementes e que as utilizem de forma soberana era seu objetivo principal. Atualmente, a Monsanto está ampliando suas patentes para as sementes melhoradas convencionalmente, como são os casos dos brócolis, da pimenta e do trigo com baixo teor de glúten que ela tinha pirateado da Índia, e que denunciamos diante do Escritório Europeu de Patentes como um caso de biopirataria.

Por isso, colocamos em andamento Fibres for Freedom (Fibras da Liberdade) no coração do cinturão suicida do algodão Bt da Monsanto em Vidharba. Criamos bancos comunitários de sementes autóctones e ajudamos aos agricultores para que passem para a agricultura orgânica. Sem sementes transgênicas não há dividas nem suicídios.


Artigo de Vandana Shiva,
autora e diretora executiva da Fundacão Navdanya.  
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti 



segunda-feira, 22 de abril de 2013

CAVIAR DE ALGAS



Ingredientes:
·      25 g de hijikis secas
·      1 c. sopa de óleo de sésamo (não utilizar azeite devido ao seu gosto acentuado para este prato)
·      2 c. sopa de shoyu/tamari
·      1 c. sopa de mirin (vinho de arroz) ou vinho branco seco
·      1 c. sopa de vinagre de arroz
·      1 c. sopa de tahin (manteiga de sésamo)

Preparação:
·      Lavar as algas em duas ou três águas.
·      Cobrir as algas de água e demolhá-las até ficarem tenras.
·      Picar as algas muito finas até obtermos alguma coisa parecida com ovas de caviar.
·      Aquecer o óleo e juntar as algas, salteando-as 2 ou 3 minutos. Deixá-las arrefecer.
·      Juntar o shoyu/tamari, o mirin ou vinho branco, cobrir e deixar cozinhar durante cerca de 40 minutos até que todo o líquido seja absorvido.
·      Juntar o vinagre e cozinhar mais 3 a 5 minutos.
·      Retirar do lume e juntar o tahin.
·      Deixar arrefecer e servir a barrar tostas com uma rodela de limão como guarnição.
Um pequeno prato de caviar …….. de hijikis, para todos aqueles que não gostam de algas.


BOM APETITE














sábado, 13 de abril de 2013

ALIMENTAÇÃO MACROBIÓTICA PARA TODOS



“ A  verdadeira saúde só pode ser estabelecida pelo triunfo individual sobre as constantes tentações e perigos da vida quotidiana ”
“ A Liberdade só pode ser encontrada através da disciplina ” – (George Oshawa)


As proporções medem-se em volume. As proporções de cada alimento são dadas em percentagem diária, tendo em conta as duas principais refeições. Se um determinado alimento faltar numa das refeições, deveremos incluí-lo na refeição seguinte.
Sempre que possível devemos comer menos na refeição da noite. O pequeno almoço será mais yin, o almoço mais equilibrado (entre o yin e o yang) e o jantar mais yang. Não beber nem comer 3 horas antes de se deitar nem durante a noite.
A alimentação macrobiótica padrão é perfeita do ponto de vista dietético, na condição de nada rejeitar ou juntar. Apenas devemos adaptá-la à estação do ano e à região climática do local onde vivemos, assim como à nossa constituição física, condição de momento, sexo e actividade profissional.
Comer 2 a 3 vezes por dia com as proporções correctas e uma mastigação correcta (pelo menos 50 vezes cada garfada). Não comer muito. A quantidade mata a qualidade. Cada um deve encontrar a quantidade mínima que lhe convém. MASTIGAR MAIS – COMER MENOS, é a via para a saúde.
A cozinha MB é maravilhosa, mas devemos ser nós próprios a preparar as nossas refeições e as da nossa família – seremos o nosso próprio médico e o da nossa família. O(A) cozinheiro(a) é realmente a pessoa que possui mais poder – pode distribuir a saúde ou a doença, a vida ou a morte, a felicidade ou a infelicidade, conforme conheça ou desconheça a dialéctica da cozinha MB e suas transmutações energéticas.
Começar com algumas preparações de base, como o arroz integral cozido na pressão, millet, polenta, sopa de miso com legumes, alguns pratos de legumes e de feijões ou de lentilhas. Depois dia após dia, o leque de alimentos e de específicos macrobióticos pode gradualmente ser aumentado e incluído nas refeições, bem como novos métodos de cozinhar.
In: “Assiettes Macrobiotiques pour tous” – Gérard Wenker – 2010



CONSELHOS PARA PRINCIPIANTES

Uma das condições “sine qua non” para se aplicar o modo de vida Macrobiótico, que nos traga saúde e serenidade, é passar uma hora todos os dias na cozinha, quer sejamos casados, celibatários, jovens, crianças, pais ou vivamos em comunidade.
É uma questão de vontade e intenção.

Para quem pensa que não tem tempo, basta ir buscá-lo às horas da TV, da Internet … Por outro lado, a partir do momento que nos alimentamos de maneira saudável, que dizer, principalmente de cereais integrais e legumes, teremos menos necessidade de dormir.

Se, honestamente, não conseguirdes dispensar estes preciosos 60 minutos diários, então não espereis muita coisa da Macrobiótica. Não se pode praticar macrobiótica de vez em quando, um dia ou dois ou ao fim de semana. Ou se pratica macrobiótica ou não. Pode tornar-se muito eficaz, mas combina mal com outros modos de vida. Arriscaremos a males colaterais inquietantes. E é então que iremos dizer que a MB “não resulta”. É prejudicial à nossa saúde andar a saltitar de terapia em terapia ou de regime em regime, para acabar por tomar uma aspirina para fazer passar a dor de cabeça que nos fazia sofrer há dois dias.

Assim, uma vez tomada a decisão, de praticar macrobiótica, deve-se comprar os produtos necessários e consagrar uma hora diária a preparar os alimentos. É também muito importante frequentar um curso de iniciação à culinária macrobiótica em instituições credenciadas.



sexta-feira, 12 de abril de 2013

O REGIME Nº 7 DE OHSAWA



“Mono dieta de arroz integral, beber o menos possível”
(Extraído do livro: “L´Art de vivre macrobiotique” – Gérard Wenker, édition 2004)

Foi através deste regime que a Macrobiótica se fez conhecer no início dos anos 60 do século passado, com a aparição na Europa do livro de Georges Ohsawa: “O Zen Macrobiótico - non credo, vivere parvo” (não crer, contentar-se com pouco para viver livre).
O regime nº 7 na classificação de Ohsawa, que conta com 10 regimes, fez correr muita tinta e é certamente o mais controverso: “Mono dieta de arroz integral, beber o menos possível”.
À parte o jejum, não podemos encontrar nada mais simples; simplicidade, eficácia, e atenção também perigo. Podemos ver neste regime uma aplicação da 5ª lei da lógica universal: “Lei da balança – quanto maior a face, maior o dorso”.
O que significa: quanto maior a eficácia, maior o risco.
“A teoria sem a prática é inútil e a prática sem a teoria é perigosa” – eis o problema deste regime. Aplicar as directivas macrobióticas sem conhecer os princípios da dialéctica universal, é como dar a conduzir um carro a um cego. Temos que conhecer as regras dialécticas subjacentes à alimentação macrobiótica.
Não devemos lançar-nos levianamente em mono dietas sejam elas quais forem e muito particularmente neste famoso regime nº 7 com 100% de cereais.

Quadro nº 1 Quadro original das 10 maneiras de nos alimentarmos segundo o método macrobiótico, tal como constava da página 59 do “Zen Macrobiótico”:




Cereais


Legumes

Sopas

Carnes

Saladas
7
100%




6
90%
10%



5
80%
20%



4
70%
20%
10%


3
60%
30%
10%


2
50%
30%
10%
10%

1
40%
30%
10%
20%

1
30%
30%
10%
20%
10%
2
20%
30%
10%
25%
10%
3
10%
30%
10%
30%
15%

Comentário que acompanhava este quadro:
Beba o menos possível. Se não conseguir o bem estar desejado, tente o regime imediatamente acima. O mais elevado, o nº 7, é o mais fácil; sendo os mais baixos os mais difíceis.
Por mais fácil, George Ohsawa entendia mais fácil de equilibrar na perspectiva yin-yang; e o mesmo para o mais difícil; quanto mais ingredientes maior experiência é preciso.

Na época em que aparece este regime apenas havia como ferramenta de referência o pequeno livro de George Ohsawa. Podemos imaginar e compreender a dificuldade e o perigo dum tal método de alimentação, particularmente numa época em que o fanatismo do movimento “hippie” sucedia ao entusiasmo.
Porém, a partir de 1975, as coisas mudaram radicalmente com a organização em toda a Europa de múltiplos seminários com o novo líder da macrobiótica mundial, o professor Michio Kushi.
Com a ajuda da prática e a grande variedade de livros e periódicos, a macrobiótica tornou-se omnisciente. È igualmente a partir desta época que existem duas correntes, a tendência francesa yang mais estrita e restritiva da escola Ohsawa e a corrente americana de Kushi mais realista, melhor integrada mas mais yin.
Logo que restabelecida a saúde, cada pessoa deverá encontrar o mais rapidamente possível a sua própria opção/via, tendo em consideração os factores “yin-yang” habituais: constituição, condição, idade, sexo, meio envolvente, etc.

O porquê duma mono-dieta de cereais
A que se deve a sua eficácia
Quais são os efeitos secundários

Os grãos de cereais, leguminosas e oleaginosas são a alimentação principal da humanidade há milhares de anos, estão na base de todas as grandes civilizações e os outros alimentos, tais como os frutos, legumes, carnes são alimentos secundários; não é recomendável introduzi-los em grandes proporções numa refeição equilibrada. No grão toda a energia vital está concentrada e pronta a brotar para perpetuar sem descanso a vida das espécies. Esta concentração energética faz deles os alimentos mais yang do mundo vegetal.
Desde que os cereais sejam integrais, o seu valor nutritivo é o mais equilibrado de todos os alimentos. Mas o que faz deles o alimento ideal para uma mono dieta, é o facto que os cereais contêm muito poucos dejectos, conhecidos pelo nome de purinas como o ácido úrico e a xantina que são verdadeiros venenos para o organismo.

Quadro nº 2 Doses comparativas de purinas em mg/100g de alguns alimentos:

Carne
1500

Nota do tradutor: O ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas, substâncias presentes em muitos alimentos. Cerca de 10% das purinas provêm da alimentação, sendo o restante sintetizado pelo nosso organismo – no nosso corpo há uma produção e destruição constante de células, de onde resulta grande quantidade de purinas.
Peixe
150
Café
1000
Cacau
2200
Chá
2800
Pão
50
Cenouras
5
Arroz
0

O arroz não contém nenhuma purina, razão pela qual em macrobiótica o arroz é o cereal da desintoxicação e por consequência o cereal da cura. Em caso de problema voltar sempre ao arroz e aos outros cereais – nada ou poucas toxinas, muito energético – eis a razão do regime nº 7.

Precaução:
O arroz tem um grande poder de limpeza do organismo – as toxinas libertadas são veiculadas pelo sangue antes de serem eliminadas pelo sistema excretório. É fácil de compreender que em caso de grande acumulação, esta brusca difusão de dejectos por todo o corpo, pode causar fenómenos de eliminação equivalentes a uma mini intoxicação. Para os macrobióticos e vegetarianos não haverá em geral problemas; para os carnívoros e pessoas doentes é preferível seguirem durante algum tempo o regime macrobiótico padrão antes de se lançarem no regime nº 7 com consequências incertas. Dito isto e depois de tomar todas as precauções e do mínimo de bom senso, todo o macrobiótico deveria experimentar os 10 dias de regime nº 7 – seja sob o controlo de um macrobiótico experimentado em caso de problemas de saúde, seja a título pessoal enquanto exercício da vontade ou experiência espiritual.
Existem várias variantes do nº 7 consoante o objectivo e a acção procurados.
Se queremos tirar o máximo de eficácia e proveito de tal dieta a primeira coisa a fazer, é escolher o nº 7 que melhor convém em função da condição física e psíquica de momento. A segunda coisa que tem uma grande importância é de se preparar mental e psicologicamente para decidir o melhor momento, dia, mês, estação, para começar. Compor-se-á o seu nº 7, segundo as nossas necessidades, sabendo que cada cereal tem uma acção específica.
·    O arroz é um poderoso desintoxicante do sangue, limpa os tecidos em profundidade.
·    O trigo sarraceno é muito energético, bom para pessoas fracas e friorentas.
·    A cevada tem uma acção calmante sobre o sistema nervoso.
O cereal principal em certas circunstâncias pode ser acompanhado por um outro cereal secundário ou por um específico que reforçará e complementará a acção.

Alguns exemplos do regime Ohsawa nº 7

Para uma duração de 10 dias no máximo. Porquê 10 dias ? – considera-se geralmente que um décimo dos glóbulos vermelhos do sangue se regeneram diariamente, então em dez dias o nosso sangue será inteiramente renovado e limpo.

Quadro nº 3 Alguns exemplos de regime Ohsawa nº 7 – Versão de G.Wenker


Manhã
Pequeno Almoço
Meio Dia
Almoço
Noite
Jantar
Nº7 1
… Nada …
O mais rigoroso
1 tigela de arroz integral +
1 colher de café (c.c.) de gomásio + 1 chávena de chá 3 anos. Mais nada.

… Nada …
Nº7 2
1 tigela de creme de arroz integral + 1 c.c. de tamari
1 tigela de arroz integral com gomásio + 1½ chávena de chá 3 anos

½ chávena de chá de 3 anos
Nº7 3
1 tigela de creme de arroz integral com uma c.c. de tamari
1 tigela de arroz integral com gomásio
1 chávena chá Mú

Idem Almoço (mastigar pelo menos 50 vezes) com 1 chávena de chá 3 anos
Nº7 4
1 tigela de kokkoh com tamari + 2 galetes de arroz
1 chávena de chá 3 anos
1 tigela de sarraceno ou de soba (massa de sarraceno) + 1 c.c. de gomásio
1 chávena de chá 3 anos

1 tigela de millet ou de arroz integral com gomásio
1 chávena de chá 3 anos

Nº7 com cereais e específicos

Nº7 5
1 tigela de creme de cereal (arroz, cevada, aveia, kokkoh, etc.) + 1 fatia de pão integral barrada com miso doce + 1 chávena de café de cereal yannoh

1 tigela de cuscus ou bulgur com gomásio + 1 chávena de chá 3 anos ou chá Mú
1 tigela de kuzu com ½ ameixa umeboshi e 1 c.c. de tamari
1 chávena de chá 3 anos
Nº7 6
1 tigela de tsampa (cevada tostada moída) com + gomásio + 1c.c. de tahin
1 chávena de chá Mú
1 tigela de sarraceno ou millet com ½ c.c. de tekka
1 c.s. de alga hiziki. Uma noz de seitan condimentado com tamari
1 chávena de chá 3 anos

1 tigela de arroz integral. 2 c.s. de azuki. Beber o sumo dos azukis (1/2 chávena)
Nº7 7
1 tigela de mingau de flocos de aveia com gomásio
1 chávena de chá verde

1 tigela de caldo de miso com ½ folha de alga nori + 1 chávena de soba 100% sarraceno
1 tigela de arroz integral ou quinoa com tamari ou tekka
1 chávena de chá de arroz


Isto dá uma pequena ideia da maneira de conceber a Nº 7.


Ainda algumas recomendações

·         Para os regimes nº 7 de longa duração (mais de 7 dias) polvilhar sobre os cereais uma pitada de salsa fresca picada.
·         Escolher com cuidado um regime nº 7 e adoptá-lo durante toda a duração da cura.
·         O gomásio deve ser preparado na proporção de 1:7 a 1:18 (1 de sal + 7 a 18 de sementes de sésamo), em função da condição individual de saúde.
·         Os cereais serão cozinhados com o menos possível de água.
·         Utilizar uma tigela em vez de um prato, e comer com “baguetes” – medida mais regular, come-se mais lentamente e com menos líquido.
·         Preparar as quantidades para 2 ou 3 dias, é mais fácil.
·         Beber pouco, mastigar bem e praticar diariamente exercícios físicos ou de Do-in.


Pequeno glossário dos alimentos macrobiótico:

Gomásio
Condimento composto de grãos de sésamo tostados, esmagados com sal num almofariz estriado (suribashi). Desacidificante do sangue.


Tamari
O Tamari vendido na Europa é na realidade shoyo concentrado. O verdadeiro Tamari autêntico é um sub produto da fabricação do miso. É muito forte, espesso e não contém trigo.


Shoyu
Molho de soja tradicional, contendo soja, trigo, sal e água da fonte. Colocado em cultura com koji a sua fermentação dura cerca de 12 a 18 meses. Na Europa é comercializado sob o nome de Tamari, isto para não ser confundido com os molhos de  shoyu industrializados elaborados quimicamente e em apenas alguns dias.                                                       


Chá de 3 anos
Ou kukicha – composto por ramos e folhas do chá japonês. Rico em minerais, taxa muito baixa de teína (0.01). Fortificante e bom para a memória.


Chá Mú
Infusão de 16 plantas entre as quais o ginseng. Muito bom para todas as doenças. Específico dos órgãos femininos. Bebida yang, muito energética concebida por George Ohsawa.


Kokkoh
Mistura especialmente elaborada a partir de grãos tostados: em quantidade decrescente – arroz, trigo, aveia, sésamo e azukis todos moídos finamente. Fortificante.


Galetes de arroz
Bolachas feitas de pipocas de arroz integral.


Sarraceno
“Trigo” sarraceno: Erva cerealífera rústica em forma de triângulo, originário da Rússia, o mais yang dos cereais. Contrai os tecidos, regenera as células, baixa a tensão.


Soba
Massas (esparguete) confeccionadas com farinha de trigo sarraceno. Prato que aquece.


Millet
Ou milho painço. Bom para descalcificação e queda de cabelo, obesidade, diabetes.


Miso
Pasta longamente fermentada sob pressão a partir do feijão de soja, ceral, sal e de koji (enzima, fermento).


Café yannoh
Tostar num pouco de óleo de sésamo: 3 partes de arroz + 2 de azuki + 2 de trigo + 1 de grão de bico, moer.Ferver 2 colheres de sopa em ½ litro de água durante 10 minutos. Estimulante cerebral, eficaz para dores de cabeça crónicas yin.


Cuscuz
Trigo partido parcialmente refinado.


Bulgur
Trigo duro ligeiramente germinado, cozido no vapor e depois seco ao Sol e finalmente britado.


Kuzu
Fécula branca de amido extraída de uma raiz de uma planta selvagem. Utilizado em cozinha como gelificante. Específico yang dos intestinos. Regularizador dos intestinos, bom para o estômago e em caso de reumatismo, etc.


Umeboshi
Pickles de ameixa de Ume salgadas, envelhecidas durante anos em barril de madeira (envelhecidas em casco).


Tahin
Puré (“manteiga”) obtido a partir de sementes de sésamo trituradas e salgadas. Distingue-se o tahin integral e o tahin branco. Substitui a manteiga na cozinha macrobiótica.


Tekka
Da palavra japonesa TEK que quer dizer FERRO. Condimento muito yang composto por raiz de bardana, de raiz de lótus, de cenoura, de gengibre e de um pouco de óleo de sésamo. Finamente picado, fica 3 horas em miso de soja, é um tónico do coração e um “yanguizador” muito potente, a ser utilizado com moderação.


Hiziki
Alga negra em forma de filamento, sabor a iodo forte, a mais yang das algas. Para a circulação do sangue (veias).


Seitan
Proteína concentrada (glúten) extraída da farinha de trigo por amassadura em água fria para eliminar o amido. A parte restante com aspecto de uma bola de caoutchouc é cozida em água a ferver com tamari e alga kombu.


Azuki
Pequeno feijão vermelho escuro, específico dos rins.


Nori
Algas negras, apresentando-se sob a forma de folhas delgadas de 20 x 20 cm. Utilizadas para envolver os rolos de arroz (mori-maki, sushi). Podem ser consumidas tal qual, esmigalhadas directamente no prato sobre os cereais.




Autores de referência
Gérard Wenker