sábado, 30 de maio de 2015

SEGREDOS PARA UMA BOA DIGESTÃO



SEGREDOS PARA UMA BOA DIGESTÃO
(Jorge Pérez Calvo)

Uma boa digestão começa na boca, com a mastigação – “Beber os sólidos e comer os líquidos”.

É muito importante mastigar e ensalivar correctamente os alimentos, porque:
·         É crucial triturar e moer bem os alimentos, para que quando cheguem ao estômago este não tenha que realizar uma função que não é a sua – o estômago não tem dentes.
·         A saliva hidrolisa e digere os hidratos de carbono e alcaliniza os alimentos.
·         Os dentes são condensadores de energia e carregam electricamente os alimentos, porque se produz passagem de electrões entre os dentes – assim, mais mastigação significa mais vitalidade para os alimentos.
·         Mastigar exerce um efeito calmante sobre a mente.

Conselhos a seguir para quem tem problemas para digerir bem os alimentos:
·         Consumir sopas quentes uma ou duas vezes por dia com pequenas quantidades de vegetais de raiz – cebola, cenoura, nabo, patisnaga, …  – condimentadas com sal marinho integral, shoyu, miso ou ameixa umeboshi.
·         Consumir 40 a 70% – segundo a estação do ano e a condição de saúde da pessoa – do volume da comida diária de cereais bem cozinhados (arroz integral, millet, quinoa, trigo sarraceno). O millet é excelente para aumentar a força digestiva.
·         Adicionar Kuzu aos vegetais e estufados, pelo menos duas vezes por semana.
·         Condimentar os pratos com gengibre, endro, canela, curcuma, tomilho, erva-doce, alecrim, cominhos, cardomo, coentros, e inclusivamente alho, porém bem cozinhado.

Alimentos que deve evitar se tiver problemas com a digestão:
·         Açúcar, mel e adoçantes químicos de todo o tipo.
·         Todos os lácteos.
·         Sumos de fruta.
·         Frutas cruas e saladas em geral.
·         Alimentos e bebidas frias (geladas).
·         Alimentos gordurosos.
·         Óleos de má qualidade, excesso de óleo, gorduras trans (margarina p. exº).
·         Fritos.
·         Condimentos fritos – muito cuidado com a cebola e o alho francês fritos.
·         Alimentos transgénicos e híbridos.
·         Tofu, tempeh e seitan pouco cozinhados.
·         Todo o tipo de aditivos químicos.

Notas sobre os condimentos fritos
Os óleos que usamos para preparar um condimento frito aportam um excesso de humidade que, misturada com o picante da cebola, converte-se em calor. Desta maneira produz-se, já na frigideira, uma mistura yin-yang entre a humidade e o calor, que acabam por se unir de maneira muito contundente, pelo que depois o corpo terá grandes dificuldades em eliminá-los.
Na verdade, um sistema digestivo energeticamente baixo é incapaz de metabolizar o calor e a humidade, e assim no final não tem outro remédio senão eliminá-lo mediante gases quentes e mal cheirosos. Esta combinação também provoca uma irritação nas membranas que pode produzir um fluxo amarelo.

O melhor neste caso é consumir as cebolas salteadas ou escalfadas, porém não fritas – a maneira óptima de cozinhá-las é pô-las na frigideira sem óleo, com um pouco de água, e sempre com o recipiente destapado para que saia o gás.



A estratégia dos pequenos passos




– é melhor fazer pequenas acções regularmente do que
grandes desafios de vez em quando –                                     
David Laroche


O  que é ?
Esta técnica consiste em dar pequenos passos para avançar serenamente para o que é mais importante para si.

Porque é importante fazer pequenos passos ?
A longo prazo, é o melhor meio para si e para o seu bem-estar, para atingir o que é importante para si.
Dando pequenos passos dia após dia, atingem-se resultados e mudanças extraordinários, a maior parte das vezes bem mais importantes do que se quiséssemos mudar de uma só vez.
Em vez de afrontar directamente o seu pior medo, experimente cortá-lo em pequenos medos e enfrentá-los um a um.
Em vez de querer esperar que o seu projecto seja perfeito antes de se lançar, experimente por exemplo começar já hoje a fazer pequenas acções, que irá corrigindo ao longo do caminho. E isto é válido para tudo.

Porque funciona ?
Isto funciona porque, a cada pequeno passo efectuado, pouco importa o seu tamanho, é enviada ao nosso cérebro uma mensagem positiva que lhe diz: “é possível !”.
Pouco a pouco, reforça-se a nossa capacidade em obter resultados, mudanças, a desafiar-se, e coisas que pareciam impossíveis há algum tempo atrás, depressa se tornam apenas “um simples pequeno passo”.

Qual é o risco se dermos passos muito grandes ?
O nosso cérebro detesta a mudança. Ele tem um mecanismo de defesa integrado para nos proteger do perigo.
E para ele, mudar, ultrapassar os seus medos, lançar-se num novo projecto … é confrontar-se com o desconhecido.E o desconhecido é perigoso.
Ele activa pois o sistema de defesa e põe a funcionar numerosas resistências. A estratégia dos pequenos passos permite enganar o nosso sistema nervoso, que não desencadeará (ou pouco o fará) todas estas resistências, visto que aparentemente, os nossos passos são pequenos …
… apenas em aparência ! Com efeito, se dermos um passo de cada vez durante muito tempo, alcançaremos o topo da montanha, não é assim ?  J

Faça este jogo:
·         Pergunte a si mesmo regularmente:
“O que é importante para mim ?
Qual é o pequeno passo, mesmo minúsculo, que poderei dar hoje para avançar nesse sentido ?
Que pequena acção poderei eu fazer ?”
·         Se quiser emagrecer, comece por exemplo por substituir um bolo por uma maçã.
·         Se quiser tornar-se sociável com os outros, comece por exemplo por dar os bons dias, sorrindo, quando entra em qualquer lugar.
·         Se quiser tornar-se mais sereno, tente fazer meditação 2 minutos por dia.
·         Dica: o passo deve ser grande o suficiente para torná-lo algo de inabitual – você deverá estar certo que o poderá fazer 9 em cada 10 vezes  J

Ideias a reter:
- Dar pequenos passos permite ultrapassar-nos e evoluir no nosso bem-estar.
- Os pequenos passos regulares são, a longo prazo, mais eficazes que os grandes passos.






KUZU





KUZU


O Kuzu é uma planta medicinal selvagem trepadora - Pueraria Lobata, Pueraria Hirsuta. Não confundir com o Arrowroot, Marantha Arundinacea.

A planta pertence à família das papilionáceas e é originária do SE da Ásia e existe no Japão, China, Camboja, Filipinas e Índia. No Japão cresce sobretudo nas altas montanhas, mas encontra-se também nas planícies e em várias ilhas.

Das suas raízes secas, muito duras e com tremenda energia – pode literalmente crescer através de rochas – obtém-se um amido yang, também chamado Kuzu em forma de pó branco. É uma fécula branca extraída da raiz utilizada como espessante de líquidos e na preparação de molhos e como remédio na farmacopeia macrobiótica e chinesa.

As raízes extraem-se em finais do Outono, princípios do Inverno, trabalho muito duro e penoso.

O Kuzu é uma fonte de energia que se consome lentamente, fortifica e regulariza a digestão.


Utilização na cozinha:

O Kuzu é a única fécula alcalina e alimentação alcalina significa alimentação saudável.

Quando se diz que o alimento é o melhor dos remédios, o Kuzu pode gabar-se de ser simultaneamente remédio de qualidade e um alimento de classe de múltiplas facetas.


Usos medicinais – efeitos do Kuzu em pó:

   ·     Específico yang dos intestinos, fortalece e regulariza a digestão – digere-se facilmente e é facilmente absorvido pelos intestinos.
    ·     Problemas intestinais agudos: alivia a diarreia em especial.
    ·      Debilidades intestinais crónicas ou moléstias intestinais crónicas como a tuberculose intestinal
    ·       Mucosa digestiva irritada ou inflamada (peritonite); excesso de acidez …
   ·  Melhora os estados gripais, os resfriados – geralmente os resfriados estão relacionados com a debilidade intestinal ou cansaço   
    ·      Em casos de febre, tende a reduzir a temperatura
   ·  Elimina o cansaço crónico; fadiga geral; falta de vitalidade – o pó de Kuzu é um amido muito concentrado, contendo mais calorias que o mel de abelha por unidade de medida. Porém também é uma fonte de energia de combustão muito mais lenta que o mel.
    ·     Catarro
    ·     Bom para pessoas que têm dificuldade ou não podem comer alimentos sólidos

O Chá de Kuzu e o Ume-Sho-Kuzu, cujas receitas se seguem, são remédios tradicionais contra estes males cuja causa se encontra praticamente sempre ao nível dos intestinos. São ainda utilizados no tratamento de outros problemas: peritonite, inflamações intestinais, icterícia, sarampo, sinusite.

Chá de Kuzu
Dissolver uma boa colher de café de kuzu num pouco de água fria (em água quente encaroça) e juntar depois ¼ de litro de água.
Ferver até que a preparação se torne transparente.
Juntar umas gotas de tamari ou shoyu.
Este chá pode ser utilizado nos seguintes casos: febre ligeira (não mais de 38°), dores de cabeça, catarro, gripe.

Creme de Kuzu – se utilizarmos menos água (apenas uma taça), a preparação fica mais yang e mais espessa, obtendo-se assim o creme de Kuzu.

As pessoas de constituição yin podem tomar o creme de kuzu ao pequeno-almoço ou lanche, ou ainda substitui-lo pela sopa – não tomar mais do que 1 ou 2 taças por dia.
As pessoas com intestinos fracos podem tomar 1 taça de kuzu por dia.
Em caso de diarreia: se for forte, juntar ao creme um pouco de gomasio ou alga kombu carbonizada.
Tomar creme de Kuzu ao lanche em caso de fadiga – tem um efeito revitalizante.

Ume-Sho-Kuzu
Diluir uma colher de sopa de Kuzu em 2 taças de sopa de água fria (juntar a água progressivamente).
Adicionar uma ameixa Umeboshi esmagada ou 1 colher de café de puré de umeboshi.
Levar à ebulição, mexendo sem parar até ficar espessa e transparente.
Retirar do lume e juntar ainda 1 colher de café de tamari/shoyu e umas gotas de gengibre (ou um pouco de gengibre ralado ou pó de gengibre).
Beber quente.

Esta preparação pode ser utilizada nos seguintes casos: fraqueza, falta de vitalidade; catarro; problemas de estômago ou intestinos. Utilizar em particular em caso de diarreia – 1 taça, 2 ou 3 vezes ao dia até que a diarreia pare.

Ame-Kuzu – Kuzu com mel de cereais
Diluir uma boa colher de café de Kuzu numa taça de água fria. Adicionar 1 colher de café de malte de arroz ou malte de cevada.
Levar à ebulição em lume médio logo abaixo do ponto de ebulição e depois deixar fervilhar em lume baixo durante 6 a 10 minutos. Mexer regularmente.
Beber quente. Pode ser utilizado por pessoas que se tornaram muito yang.

Kuzu-Sumo de maçã
Diluir uma boa colher de café de Kuzu em ½ taça de água fria + ½ taça de sumo de maçã acabada de espremer.
Os procedimentos são iguais aos precedentes. Juntar também uma pitada de sal marinho.
Esta preparação pode ser utilizada nos seguintes casos: estimular o apetite; fazer baixar a febre; amolecer as fezes muito duras; acalmar (quando se for deitar).


Autores de referência:
        ·         Gérard Wenker
        ·         Michio Kushi
        ·         Francisco Varatojo








quinta-feira, 28 de maio de 2015

OS ESPECÍFICOS MACROBIÓTICOS JAPONESES.


OS ESPECÍFICOS MACROBIÓTICOS JAPONESES.

Tradução (parte) livre dos artigos de Gèrard Wenker:
     ·         “Específicos Macrobióticos. Os específicos macrobióticos em questão! Ou o sindroma do Yin” – 2005
      ·         “Pourquoi la macrobiotique utilise des produits japonais” – 2012

A utilização de certos produtos japoneses na dieta macrobiótica foi recomendada no seu tempo por Georges Ohsawa e continua a ser ainda hoje pelos seus discípulos e conselheiros macrobióticos, com excepcional eficácia.

A particularidade destes específicos, é a sua ligação directa com a dialéctica Yin-Yang. Para a maior parte deles, a sua origem remonta à antiga China. Foram de seguida retomados e preservados pela tradição japonesa. Alguns foram mesmo inventados por G. Ohsawa, sempre tendo em conta a dialéctica universal.

A receita de preparação é sempre a mesma – utilizar um produto muito yin e torná-lo yang por intermédio de diversas operações por vezes simples, mas também algumas vezes muito sofisticadas – o fogo, a pressão, o tempo, o sal – todos os quatro têm uma acção yang, dizemos que yanguizam. Utilizados com sabedoria, com a consciência do processo yin-yang podem produzir resultados miraculosos.

Examinemos os principais específicos com algum detalhe.

PRODUTOS ELEBORADOS POR G. OHSAWA:

Dentie (*)Pó à base de sal e beringela calcinada. Muito eficaz para todas as afecções da boca (gengivites, piorreia, úlcera do estômago) e para parar hemorragias. Pode ser utilizado como dentífrico – Atenção: não utilizar regularmente para não prejudicar as gengivas e o esmalte dos dentes (NDT). Muito, muito yang.
Dentífrico com dentie em tubo misturado com argila.

Gomasio – Condimento composto por sementes de sésamo tostadas, esmagadas com sal num almofariz estriado (suribashi). Tostar a seco as sementes de sésamo (pequenas = yang) – operação eminentemente yang, esmagá-las (ainda uma acção yang) e adicionar o produto mais yang, sal tostado, em proporção variável segundo a condição de cada um (1:7 a 1:22). Desacidifica o sangue e dá bom humor.

Chá Mú (*) Preparação com 16 plantas, incluindo o ginseng. Reforça os órgãos femininos e aquece o organismo. Bebida yang muito energética concebida por G. Ohsawa.

Yannoh – Ou “café Ohsawa”. Tostar num pouco de óleo de sésamo: 3 partes de arroz + 2 partes de feijão azuki + 2 pates de trigo + 1 parte de grão de bico e moer. Ferver 2 colheres de sopa durante 10 minutos em ½ litro de água. Estimulante cerebral, eficaz para dores de cabeça crónicas yin. Bom para a memória e a concentração.


PRODUTOS TRADICIONAIS DO JAPÃO:

Chá de 3 anos (*) Chá tradicional dos mosteiros Zen japoneses. Bebida yang indispensável em macrobiótica. O chá Bancha vem dos chazeiros selvagens. O Kukicha provem dos ramos e galhos deixados a secar durante 3 anos nas plantas. O Hojicha é composto unicamente de folhas. Depois da colheita, estes chás são ainda ligeiramente tostados para eliminar qualquer traço de alcalóide – cafeína, teína. Ricos em tanino, cálcio, fósforo e em vit. A, têm ainda uma acção bactericida e desintoxicante. Bom para fadiga, reumatismo, ulcera, icterícia, neurastenia.

Tekka Do japonês Tek que quer dizer ferro. Condimento muito yang composto por raíz de bardana, raíz de lótus, de cenouras, de gengibre e de um pouco de óleo de sésamo, finamente picados e envolvidos durante 3 horas em miso (hatcho miso), sendo tudo calcinado até se obter um pó negro. É um tónico do coração e um yanguizador muito potente, a utilizar com moderação. Fortifica o coração e é bom para a anemia e tuberculose.

Miso – Preparação elaborada a partir do feijão de soja, sal e koji (enzima), longamente fermentada sob pressão. O hatcho miso é uma pasta de soja salgada fermentada durante 2 anos que serve para a confecção de molhos, sopas e caldos. Existem numerosas variedades de miso preparadas a partir do arroz, cevada, trigo sarraceno, etc. Fortificante yang, neutraliza as radiações yin.

Tamari (*) – O tamari vendido na Europa é na realidade shoyu concentrado. O verdadeiro Tamari autêntico é um subproduto do fabrico do miso. É muito forte, espesso e não contém trigo. Tónico do coração é bom para ciáticas e nevralgias.

Shoyu – Molho de soja tradicional, contém soja, trigo, sal e água da fonte. Colocado em cultura com koji, a sua fermentação dura 12 a 18 meses. Na Europa é comercializado sob o nome de Tamari, isto para não se confundir com os molhos industriais elaborados quimicamente em alguns dias. Tónico do coração é bom para ciáticas e nevralgias.

Ameixa de Ume – A Ume é uma ameixieira cujas ameixas ácidas não são comestíveis no seu estado natural – submetendo-as a várias lacto-fermentações, os japoneses fizeram delas uma preparação medicinal com virtudes tão variadas como eficazes.

Ameixa Umeboshi (*) – Pickles de ameixas Ume salgadas, envelhecidas vários anos em madeira de carvalho. Específico do fígado, estômago e intestinos. Bom para o sistema digestivo, parasitas intestinais, estômago, fígado.

Bonito (*) – Variedade de atum, cujos filetes secos ao Sol são ralados e reduzidos a flocos. Serve para preparar um caldo muito energético para os períodos de muito frio. É o único produto tradicional elaborado a partir do reino animal.

Feijão Azuki – Pequeno feijão vermelho específico dos rins. Os melhores provêm da ilha Hokkaido no extremo Norte do Japão. Uma variedade mais corrente é produzida em Itália. Regeneram os rins, bom para diabetes, cãibras menstruais.

Alga Hiziki – Alga negra em forma de filamento, sabor forte (a iodo), a mais yang das algas. Melhora a circulação venosa, boa para varizes, hemorróides.

Kuzu (*) – Fécula branca de amido extraída de uma raiz de planta selvagem. Utilizado na cozinha como espessante. Específico yang dos intestinos. Regulariza os intestinos, bom para prisão de ventre, diarreia, catarro pulmonar, rinite.

Soba – Massa (esparguete) confeccionada com a farinha do trigo sarraceno. Prato que aquece.

Arroz Integral – Arroz de grão inteiro descorticado não refinado/polido, cereal de base da cozinha macrobiótica pelas suas virtudes nutrientes e desintoxicantes. O arroz integral foi abandonado no início do sec. XX em todo o Extremo Oriente a favor do arroz branco refinado graças a uma máquina de descorticar simples e robusta, inventada pelos alemães. Desintoxicante, limpa o organismo em profundidade.
(*) – importado do Japão


PORQUÊ A MACROBIÓTICA UTILIZA PRODUTOS JAPONESES ?

Porquê utilizar numerosos produtos orientais ? – o que está em contradição com uma das regras da Macrobiótica: o consumo de produtos regionais de proximidade e da estação.
Este dilema, por vezes polémico, continua ainda hoje a existir e já lá vão mais de 40 anos ! – e quase provocou o desaparecimento do movimento macrobiótico em França.

Gérard Wenker responde-nos baseado na sua experiência prática e histórica:

       1)      Durante séculos o Extremo Oriente desenvolveu receitas culinárias e terapêuticas sobre uma base vegetal vegetariana, de uma grande eficácia no tratamento de certas doenças – Fitoterapia, Medicalimentos.

      2)      No Ocidente, o foco inseriu nas transformações à base de produtos animais – charcutaria, “foie-gras”, patés, carnes fritas em banha, enchidos, carnes secas, etc.
Quanto à verdadeira Fitoterapia ocidental, desapareceu completamente, interdita no Renascimento Italiano no sec. XVI.

Alguns produtos macrobióticos são específicos terapêuticos muito eficazes, mas não reproduzíveis nos nossos países: tal como o Kuzu, as ameixas Umeboshi, o Chá de 3 anos, as raízes de Lótus.
Outros, de fabrico muito delicado, são hoje em dia produzidos na Europa – tais como o Miso e o Tamari.

Os feijões Azuki são provenientes da bacia do Pó em Itália, se bem que os azukis da ilha japonesa de Hokkaido sejam bem mais eficazes para curar as doenças dos rins. As abóboras originárias da mesma ilha são semeadas hoje em dia em muitas hortas familiares de França, Bélgica, Portugal …
Quanto às algas Kombu e Wakame, 80% provêm da Bretanha.

Isto diz respeito aos países da Europa, já que para outras regiões do globo terrestre é bastante mais problemático.
Mas antes de mais, é necessário diferenciar a alimentação macrobiótica corrente universal da alimentação dietética restritiva terapêutica.


Podemos diferenciar 3 períodos na prática Macrobiótica:

 A Macrobiótica é a adaptação de uma ideologia metafísica a um modo de vida prático.
A Macrobiótica não tem nenhum equivalente, ela é única.
Por outro lado, se não há senão uma Macrobiótica, podemos distinguir 3 orientações diferentes na sua aplicação.

1. A Macrobiótica de regeneração = aplicação.
2. A Macrobiótica de desenvolvimento = interpretação.
3. A Macrobiótica de libertação = intuição.

A primeira fase começa pela aprendizagem e uma aplicação estrita das regras e dos princípios. A segunda etapa prossegue depois de se ter estudado a dialéctica universal, também chamada “Yin-Yang”, por uma interpretação mais liberal. A terceira parte, termo lógico dos esforços realizados nas etapas precedentes, está marcado por uma existência de liberdade, orientada por um julgamento intuitivo próximo da conscência suprema.

A Macrobiótica de Regeneração – Esta primeira etapa, a Macrobiótica de regeneração e curativa, é a única que é restritiva e que necessita na maior parte do tempo de específicos japoneses, como complemento para ser verdadeiramente eficaz e rápida. Os alimentos de base como o arroz integral e os outros cereais, os legumes, as leguminosas secas, os frutos, os óleos, os chás e as tisanas, etc. estão disponíveis em todos os países do nosso planeta. O problema situa-se principalmente ao nível da qualidade e dos produtos não refinados.

A Macrobiótica de Desenvolvimento – A segunda etapa, mais liberal, prossegue com uma interpretação pessoal da dialéctica universal energética yin-yang, que é indispensável, bem entendido, termos integrado. Esta macrobiótica cruzeiro (corrente) já não necessita de específicos, mas unicamente de um equilíbrio alimentar com os produtos locais/nacionais à nossa disposição.

A Macrobiótica de Libertação – A terceira parte, termo lógico dos esforços realizados nas etapas precedentes, é marcada pela existência de liberdade, orientada por um discernimento intuitivo e espiritual. Idealmente, deveríamos todos lá chegar.
Resumindo, uma Macrobiótica Padrão Regional, preconizada unicamente com os produtos locais, é possível e mesmo recomendável, mas unicamente para as pessoas que ultrapassaram a primeira etapa e controlaram definitivamente os seus problemas de saúde.
A acção dos “medicalimentos” (para os “tratamentos/cuidados internos”) como remédios familiares – específicos ou bebidas –, são consumidos com o objectivo de eliminar perturbações fisiológicas. A maior parte das vezes são acompanhados com “tratamentos/cuidados” externos para uma maior eficácia terapêutica – como por exemplo, as compressas de gengibre.


Todos estes específicos macrobióticos, muitas vezes aconselhados por G. Ohsawa e consultores macrobióticos actuais, violam um dos princípios macrobióticos fundamentais: “devemos consumir alimentos provenientes da mesma zona climática e regional da nossa, alargada a um raio de 500 Km”. Georges Ohsawa justificou esta escolha pelo facto de que na Europa a maioria dos produtos tradicionais de acção yang são de origem animal, portanto difíceis de utilizar e equilibrar. O Japão, muito ao contrário, sempre deu preferência a produtos de origem vegetal que têm uma polaridade mais fraca, e portanto bem mais fáceis de equilibrar.

Quando G. Ohsawa começou em 1956 a tratar os doentes nos diferentes campos macrobióticos, a maioria dos pacientes que ele via, tinham doenças yin, o que, por outro lado, também se verifica sempre hoje.

Os tratamentos internos e externos necessitam pois, na maior parte dos casos, de um reequilíbrio do lado yang. Esta yanguização é obtida, por um lado por específicos yang de acção rápida (gomasio, miso, tekka) e por outro lado por uma profunda modificação da alimentação (arroz integral, azukis, kuzu) e sobretudo por uma maneira de cozinhar muito mais yang (nituké). A juntar a isto, a supressão de todos os alimentos julgados muito yin (frutos, alimentos crus, bebidas alcoólicas, tomates, batatas, açúcar, chocolate, pastelaria, etc. etc.).
Mas atenção … não somos super-homens … é necessário entender e estudar bem o Princípio Único, o segredo da dialéctica universal … senão a doença aparece de novo e ficamos de novamente doentes  …

A TEORIA SEM A PRÁTICA É INÚTIL …
E A PRÁTICA SEM A TEORIA É PERIGOSA …









sexta-feira, 15 de maio de 2015

DEMOLHAR ALIMENTOS



DEMOLHAR ALIMENTOS

Tradução livre de: “ locos por el demolho ! ”in: Comida que cura


Demolhar é o mesmo que activar?
Basicamente sim – se demolhamos, estamos activando, estamos fazendo que a vida que há dentro dos grãos, frutos secos e sementes desperte.

Porquê demolhar?
A natureza é sábia. Já pensamos no porquê de algumas sementes, leguminosas, etc. não começarem a mudar na nossa dispensa para se converterem em plantas? – porque esses grãos estão dotados de uma enzima que inibe o seu crescimento até que tenham um meio propício (água, terra, luz solar …) para se converterem num rebento. Se comermos estes grãos sem activá-los, esses inibidores enzimáticos intervêm na digestão, fazendo que as nossas próprias enzimas digestivas se vejam bloqueadas: não poderemos digerir correctamente nem absorver nutrientes muito preciosos para a saúde. Além disso, o demolho dá mais poder vital à semente/grão – pensa que é uma planta em potência, com toda a pujança da vida dentro dela ...

O que devemos demolhar?
Sementes: abóbora, girassol, sésamo, … também se devem activar as sementes de linho e de chia, porém neste caso só devemos utilizar a quantidade que se vai necessitar nesse momento, já que a mucilagem resultante deixa a água com uma textura gelatinosa e não se podem secar/desidratar as sementes.
Leguminosas: feijões (vermelhos, brancos, azukis …), grão de bico, ervilhas, soja, etc. E todas as demais leguminosas. 
Cereais: arroz, quinoa, trigo sarraceno, cevada, millet, amaranto, …
Frutos secos: amêndoas, nozes, … Há frutos secos que não têm inibidores enzimáticos, como as avelãs, os pistachos, macadamias, pinhões ou as nozes do Brasil. Os cajus que compramos não são crus, já que são submetidos a um processo de calor para separar a sua casca que é muito tóxica. Em qualquer destes casos, podemos demolhar para conseguirmos uma textura mais crocante ou mais ou mais cremosa se as formos triturar.

Quanto tempo necessito ?
Depende do que tenhamos que activar:
·         Frutos secos= amêndoas: 8 a 12 horas; nozes: 4 a 6 horas
·         Sementes= de girassol: 2 horas; de abóbora: 8 horas; de sésamo: 5 horas
·         Cereais= quinoa: 2 a 4 horas; trigo sarraceno: 6 a 8 horas; arroz integral: 10 a 12 horas
·         Leguminosas= são as que mais tempo necessitam, umas 8 a 12 horas. Ainda que as lentilhas necessitem de menos tempo – umas 6 a 8 horas é suficiente.

O que é isso da germinação ?
Germinar é dar um passo mais. Os germinados são, por um lado, vida pura, e por outro lado são muito digestivos – já que nos libertamos dos inibidores enzimáticos e a casca é quebrada – e altamente nutritivos – dão-nos uma grande quantidade de aminoácidos e vitaminas (A, C, E, K e do grupo B), Cálcio, Potássio, Ferro e Clorofila, que á básica se tivermos uma doença auto-imune. A clorofila activa o metabolismo celular, melhora o sistema imunitário, participa na capacidade regeneradora das células, depura o sangue e equilibra a relação ácido/base no organismo. Recomenda-se que se consuma de forma habitual erva de trigo, chlorella e espirulina, bem como folhas bem verdes.

Receita: activar e germinar – Trigo Sarraceno:
Não há muita clorofila, já que paramos o processo de germinação.
Activação e germinação.
Ingredientes e utensílios:
½ kg de trigo sarraceno
Água
Alga kombu – para romper as fibras do cereal e remineralizar
Germinador
Preparação
Lavar muito bem o trigo sarraceno e pô-lo a demolhar com a alga kombu durante 6 a 8 horas.
Passado esse tempo, descartar a água (será um pouco viscosa, é normal) e lavar de novo o cereal.
De seguida pô-lo a germinar – o trigo sarraceno brota muito depressa – e parar a germinação no momento em que esta começa, assim que passarem cerca de 24 horas e se começar a ver um pequeno “rabinho” de apenas 1 mm.
Usar para cozinhar com outros alimentos.

Nota: Também se pode desidratar, guardar em frasco hermético, para utilizar mais tarde:
VER= parte final do documento original (http://rawtxukitchen.com/2015/04/29/locos-por-el-remojo/)




terça-feira, 12 de maio de 2015

COGUMELO "SHITAKE" - propriedades e benefícios





COGUMELO “SHITAKE” (corfinellis shitaké)

Cogumelo originário do Japão utilizado como complemento na farmacopeia macrobiótica. Pode encontrar-se à venda em casas de produtos naturais ou ervanárias, seco, fresco ou em cápsulas. Muito apreciado pelo seu sabor e pelas suas propriedades medicinais.
Shii significa carvalho e Take significa cogumelo – o shitake é um cogumelo que cresce nos troncos mortos, nomeadamente nos troncos de carvalho.

Quando utilizado seco deve ser demolhado durante uma hora ou até que fique mole. Deve ferver durante 10 a 20 minutos.

Uma das suas propriedades mais interessantes é favorecer a eliminação do colesterol em excesso e activar e fortalecer o sistema imunológico.

As suas aplicações são muito diversas:
·         Pode ter uma grande ajuda em problemas virais e bacteriológicos – estimula a nossa produção de interferão, linfócitos T (realizam a cooperação para desenvolver todas as formas de respostas imunes) e macrófagos (fagocitam/ingerem os corpos estranhos que se introduzem no organismo como as bactérias) – ajudam em caso de herpes, gripes, resfriados.

·         Aliado em caso de cancros e tumores – efeito antioxidante polisacarideo antitumoral, fortalecendo o sistema imunológico.

·           Doenças cardiovasculares – favorecem o controlo da hipertensão, reduzem o colesterol e diminuem a viscosidade do sangue.

·         Favorece a digestão – têm muitas enzimas, nomeadamente a pepsina e a tripsina.

·         É um alimento anti-envelhecimento – contém antioxidantes e favorece os níveis adequados da hormona do crescimento.

·         Contém ergosterol – nutriente que se converte em vitamina D quando estamos expostos ao Sol. 

      Muito importante na assimilação adequada do Cálcio e do Fósforo.

·         Ajuda a fabricar diferentes tipos de prostaglandinas, devido ao ácido linoleico.


INFORMAÇÃO NUTRICIONAL do SHITAKE

·         Alto teor em Fibra (o dobro dos cogumelos) – este tipo de fibra chama-se quitina e reduz o colesterol.

·             Baixo em calorias – 35 a 40 cal/100 g de shitakes frescos.

·         Alto teor em proteínas – 15 a 30% – contendo além disso 9 aminoácidos essenciais, especialmente Metionina (um dos principais elementos de consolidação das proteínas implicadas na formação de células e tecidos) e Arginina (estimula a função imunológica ao aumentar o número de leucócitos. Pode diminuir o colesterol, reduzir os níveis de gordura corporal e facilitar a recuperação dos desportistas devido aos efeitos que tem de retirar amoníaco, que é o resíduo muscular resultante do exercício anaeróbico, dos músculos e convertê-lo em ureia que se excreta pela urina.

·         Contém vitaminas do grupo B e D2 e minerais como o Ferro, Zinco e Magnésio.

·         Pode duplicar de tamanho durante a noite, dando-nos uma ideia da sua grande riqueza em enzimas – entre elas destaca-se o Superóxido Dismutase que tem um grande efeito antioxidante.


PONTO DE VISTA MACROBIÓTICO

O cogumelo shitake, do ponto de vista macrobiótico, é um alimento extremamente YIN. Medicinalmente falando, ajudam a equilibrar o grande consumo de produtos animais. Não são recomendáveis, para uso regular, a pessoas de fraca condição física (condição Yin). As pessoas saudáveis poderão consumir diariamente alguns bocados de shitake. Estes cogumelos secos combinam bem com a kombu e com esta alga podemos fazer um bom caldo de base para sopas, nomeadamente a sopa de miso ou a sopa de shoyu com cebola.

Habitualmente, os pés, muito duros, são cortados antes de cozinhar.

É delicioso cozido estilo nishimé – modo de preparação Yang dos legumes, para restaurar o vigore e a vitalidade a pessoas fracas e é particularmente bom para pessoas que consumiram durante muito tempo grandes quantidades de medicamentos ou de álcool – servido como pequeno prato de acompanhamento.

O caldo pode ser utilizado para fazer sopa de alga kombu ou uma sopa ligeira.

De vez em quando podemos juntar alguns bocados de shitake à sopa de miso e a diversos pratos de cereais, de leguminosas, de algas e de legumes.

Salteados em óleo de sésamo, são muito crocantes.

Podem ser preparados com outros legumes e são especialmente saborosos com seitan, adicionados a sopas ou ao estufado de cevada ou cozinhados com soja e cereais.

Em salada, não se devem comer crus, sendo recomendável mariná-los durante algum tempo com tamari ou vinagre de arroz ou fazer pickles.

Como prato de prazer, podem ser preparados sob a forma de tempura ou grelhados em barbecue (churrasco).

Indicações:
·         O chá de shitake elimina o denominado “sal velho” – é bom para as pessoas que tenham consumido muito sal (em carne e outros alimentos ou simplesmente sal) e é útil para pessoas yang que sofrem de hipertensão. O shitake ajuda a dissolver e a eliminar o colesterol. Estudos médicos recentes mostraram que os cogumelos shitake baixam rapidamente a taxa de colesterol sanguíneo, colesterol que está ligado às doenças coronárias e outras desordens do sistema circulatório.

·         O chá de shitake estimula a função renal e intensifica a formação de urina.

·         É útil em caso de tosse crónica ligeira. Porém, não deve dar-se a pessoas Yin – que não suportam o frio e cujas mãos e pés esfriam facilmente.

·         É bom para a febre – chá de Shitake, Daikon e Kombu.

·         Ajuda a relaxar a condição tensa e stressante.


CHÁ DE SHITAKE
Demolhar um cogumelo durante 1 hora
Cortar em quatro, juntar uma pitada de sal e ferver em 2 taças de água durante 10 a 20 minutos, até que fique apenas uma chávena de chá. Não tomar mais do que meia chávena de cada vez.
Atenção: muito eficaz – em caso de aterosclerose há o risco de se descolarem das paredes dos vasos sanguíneos pedaços da placa de ateroma, tornando-se necessário amaciar e dissolver previamente estes depósitos com chá de alga Kombu.

CHÁ DE KOMBU
Ferver um pedaço de kombu (10 cm) num litro de água, durante 10 minutos. Aproveitar a alga para fazer caldo kombu e/ou cozinhar leguminosas.
Juntar algumas gotas de shoyu/tamari na taça e beber quente – 1 taça por dia.

CHÁ DE DAIKON, SHITAKE e KOMBU
Demolhar 2 shitakes e um pedaço de alga kombu (7,5 cm) durante meia hora.
Juntar ¼ de taça de daikon ralado e 2 taças de água.
Ferver durante 20 a 30 minutos.
Não tomar mais do que meia chávena de cada vez.
Pode usar-se para reduzir a febre.