O tempo que leva os alimentos a
variar os níveis de açúcar no sangue exerce uma enorme influência na manutenção
diária da nossa saúde. Foi o Dr. David Jenkins, do hospital St. Michael de
Toronto, que iniciou a investigação sobre a classificação dos alimentos segundo
a rapidez com que alteram essas modificações dos níveis de açúcar no sangue – o
seu índice glicémico (IG).
O
Índice Glicémico e a Carga Glicémica
O IG é um sistema que mede como
actuam os alimentos ricos em hidratos de carbono nos níveis de açúcar no
sangue. Quanto mais elevado for este índice, mais rapidamente terá a reacção no
sangue, de modo que um IG baixo produz um aumento lento do açúcar, ao passo que
um IG alto produz uma espectacular subida seguida de uma baixa de açúcar. Um IG
de 55 ou menos é considerado baixo, um IG de 56 a 69, médio, e um IG de 70 ou
mais é um índice alto.
A carga glicémica (CG) é outra
maneira de calcular o impacto do consumo de hidratos de carbono, que tem em
conta o IG, oferecendo porém uma visão mais ampla.
O IG apenas indica a rapidez com
que os hidratos de carbono de um alimento concreto se convertem em açúcar,
porém não nos diz quantos hidratos de carbono contem uma porção desse alimento.
Na realidade, teríamos que conhecer ambos os dados para bem compreendermos como
um alimento afecta o nível de açúcar no sangue. Por exemplo, os hidratos de carbono
de uma melancia têm um IG alto, porém ao serem em pouca quantidade, a sua CG é
relativamente baixa.
Uma CG de 10 ou menos é
considerada baixa, uma CG de 11 a 19, média, e uma CG de 20 ou mais é alta.
IG
e Saúde
As mudanças rápidas e frequentes
dos níveis de açúcar no sangue aumentam o risco de desenvolver diabetes tipo 2
e podem favorecer os derramamentos cerebrais e o aparecimento de afecções
cardíacas. Para as pessoas que desejam controlar a diabetes através da
alimentação, é de vital importância saberem com que alimentos é possível manter
a estabilidade dos níveis de açúcar. Além disso, frequentemente um aumento
brusco do nível de açúcar é seguido de uma diminuição igualmente brusca, dado
que o pâncreas segrega insulina para que o corpo possa reduzir o açúcar no
sangue e armazenar os açúcares sobrantes. Consequentemente, isto pode gerar um
desejo urgente de comer doces, e geralmente faz com que durante o dia se
produzam drásticos altos e baixos do açúcar, padrão este que normalmente leva
ao excesso de peso. É mais fácil perder peso, ingerindo alimentos que promovam
uma elevação lenta e gradual dos níveis de açúcar. Também se podem obter
resultados similares seguindo simplesmente uma dieta constituída por alimentos
de baixo ou moderado IG.
Os
efeitos dos alimentos com alto IG
Além disso, segundo uma abordagem
macrobiótica, há que abordar outros dois importantes aspectos: os efeitos
energéticos dos alimentos açucarados no corpo e a influência dos níveis
instáveis de açúcar nas emoções.
Quando o nível de açúcar no
sangue atinge um máximo, é normal sentirmo-nos hiperactivos, dispersos e
ligeiramente descontrolados, ao passo que durante uma baixa do açúcar podemos
ficar deprimidos e pessimistas.
As mudanças bruscas dos níveis de açúcar no
sangue parecem afectar particularmente as crianças, e provocam lágrimas e
birras seguidas de retraimento.
Dados de interesse sobre o Índice Glicémico
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Os cereais integrais têm um IG menor que os
cereais processados. Por exemplo, o arroz branco tem um IG de 64, ao passo
que o IG do arroz integral é 55.
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O IG do arroz integral pode ser reduzido
enormemente quando misturado com cevada integral.
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3
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Os cereais expandidos, como as galetes de arroz
ou os cereais de pequeno-almoço de arroz expandido, têm um IG muito mais alto
que o cereal integral original.
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4
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Quanto mais tempo se cozinha um alimento, mais
alto será o seu IG. Por exemplo, se fervermos esparguete em água durante 11
minutos, o IG será 59, ao passo que se o fervermos durante 16,5 minutos, o IG
será 65.
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5
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A maior parte dos vegetais tem um IG demasiado
baixo para ser significativo.
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Cozinhar no forno ou fritar alimentos eleva o seu
IG. As batatas têm um IG de 85 se cozinharmos no forno e de 75 se as comermos
fritas, e de 50 se as cozermos.
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O
nível ideal
Manter níveis estáveis de açúcar
no sangue é há muito tempo um importante objectivo para os praticantes da
macrobiótica.
Os alimentos com um IG de 55 ou
menos são considerados os ideais – o que acontece com quase todos os alimentos
vivos e integrais (ver tabelas abaixo). As excepções são o Millet, os damascos,
as uvas passas, a melancia, as leguminosas em geral, a abóbora, a beterraba, as
batatas, as batatas-doces, e a couve rábano.
De todo o modo, outro elemento
que devemos considerar é a CG da comida, isto é, a quantidade de hidratos de
carbono de um alimento que se vai converter em açúcar no nosso sangue. Se a CG
de um alimento é 10 ou menos, considera-se baixa. Deste modo, os damascos, a
melancia, as leguminosas, a abóbora, a beterraba ou a couve rábano na realidade
não provocam um aumento do açúcar especialmente rápido, já que não contêm
hidratos de carbono suficientes para que isso aconteça.
A
resposta do corpo
A questão do IG é complexa e não
pode ser generalizada, pois as pessoas têm reacções diferentes face à comida. A
resposta do corpo aos alimentos pode variar em função de vários factores, tais
como: idade, nível de actividade, níveis de insulina, o momento do dia, a
quantidade de fibra e gorduras existentes na comida, se os alimentos estão
processados, a proporção de hidratos de carbono no que diz respeito a gorduras
e proteínas nos alimentos, como foram cozinhados e o metabolismo de cada pessoa.
Autores
consultados:
Simon G. Brown
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