segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

COMA SAUDÁVEL SEM SE ARRUINAR


COMA SAUDÁVEL
SEM SE ARRUINAR

Agora que os nossos brilhantes economistas nos explicam que beneficiamos de uma notável estabilidade dos preços graças ao Euro, muitos cidadãos europeus têm uma impressão diferente.
Quem se lembra de ter comprado pêssegos a 6 euros o Kg ? é este o preço daqueles que entre nós têm os meios para pagar um deste frutos proibidos. Para não falar das cerejas a 10 euros o Kg.
No entanto, a alta prodigiosa dos preços alimentares – que seriam considerados escandalosos em 2001 – não é uma desculpa para nos alimentarmos mal.
Em primeiro lugar porque, se efectivamente caminhamos para a catástrofe financeira, uma boa saúde será o bem de que teremos maior necessidade. Seguidamente porque, seja qual for a evolução dos preços, é falso pretender que a “junk food ou malbouffe” – alimentos “porcaria” com alto teor calórico mas com níveis reduzidos de nutrientes – seja melhor opção que a comida saudável.
O problema é que comer bem, tal como escrever bem, cantar bem ou falar bem, aprende-se. E que neste domínio como em outros, produziu-se uma ruptura de transmissão nestes últimos trinta anos.

Então vejamos como comer melhor com menos dinheiro:

CONSAGRAR TEMPO
Preparando as nossas ementas com antecedência, compraremos apenas o estritamente necessário.
A experiência mostra que é mais caro comprar um pouco de tudo para improvisarmos as nossas refeições, do que prever com antecedência as nossas refeições e a seguir comprar o que é necessário para cozinharmos. Planeando com antecedência ementas equilibradas, comeremos apenas o que é necessário, e iremos sentir-nos muito melhor. De notar que uma refeição bem preparada comporta alimentos variados, o que nos leva a saciar mais depressa.

COMER MELHOR, MAS UM POUCO MENOS
Estudos realizados com animais mostraram que comer menos alonga a existência e diminui a incidência das doenças, a partir do momento que tenhamos a nossa dose diária normal de vitaminas e nutrientes essenciais. O dr. Richard Weindruch, do Centro de Investigação Nacional sobre os Primatas de Wisconsin, publicou em 2009 os resultados de um interessante estudo sobre este tema. Em 1989, fez a experiência com dois grupos de 15 macacos. Ao primeiro grupo, deu uma ração de alimentos reduzida de 30% em relação ao normal. Ao segundo grupo, deu toda a comida que os macacos queriam. Em 1994, foram repartidos pelos dois grupos mais 46 macacos. Depois o investigador contabilizou os óbitos nos anos seguintes. Apenas 13% dos macacos que receberam ração reduzida (restrição calórica) morreram de doenças relacionadas ao envelhecimento, contra 37% dos seus congéneres que se alimentavam sempre que queriam.
É provável que o efeito seja o mesmo nos seres humanos. Comer um pouco menos que habitualmente poderá fazer-nos ganhar anos de vida com boa saúde, e ao mesmo tempo fazer-nos economizar.

REUTILIZAR OS RESTOS
A quantidade de comida que é deitada ao lixo actualmente, sem outra razão que não seja a negligência, a preguiça e a desorganização, é aflitiva. Estima-se que perto de 50% da produção alimentar mundial é desperdiçada, segundo um relatório da FAO (Food and Agriculture Organition), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) consagrado à nutrição.
Isto quer dizer que os restos do frango do almoço de domingo podem servir para o jantar da sexta-feira seguinte?
Pode ser um choque para muita gente mas o facto da comida se tornar dura, mudar de cor, tornar-se pegajosa, não quer dizer quase nada em termos de perigo para a nossa saúde.
O gosto pode não nos agradar, mas isso não quer dizer que vamos ficar doentes. Isto porque existe uma grande diferença entre as bactérias que degradam a comida, e aquelas que são patogénicas, isto é, causas potenciais de doença.
As bactérias que fazem apodrecer os alimentos formam uma película pegajosa sobre a carne, amolecem os legumes, e dão um odor muito mau ao frango. Mas as bactérias patogénicas são inodoras, incolores, e invisíveis.
Na medida em que não podemos contar com a nossa visão nem o nosso olfacto, utilizemos a “regra de 4”: não mais de 4 dias a 4° C.
A 4° C, podemos conservar durante três dias inteiros o frango cru e carne de vaca picada. Os restos de comida cozinhada, esses, podem ser conservados quatro dias.

REDESCOBRIR A SOPA
Não, não se trata de comprar embalagens de sopa no supermercado, nem mesmo as sopas “bio”. Não faríamos qualquer economia, e nunca saberíamos, de verdade, o que ela tinha dentro.
Sempre que estivermos para fazer uma refeição, lembremo-nos que virtualmente todos os alimentos, todos os ingredientes, podem servir de base para cozinhar uma sopa (lembrem-se da “sopa da pedra portuguesa” !). Basta coloca-los a ferver numa panela com muita água, uma cebola, um dente de alho, uma cenoura, algumas ervas, sal e pimenta.
Se apenas tivermos um legume disponível (algumas cenouras enfezadas, uma velha couve-flor), é suficiente para fazermos um caldo de bom paladar e bom para a saúde. Não abramos um pacote de batatas fritas. Não encomendemos uma pizza. Se nos restar um naco de pão que possamos reduzir a pequenos bocados e coloca-los em azeite com alho e sal numa panela, façamos pão frito.
Se a sopa é muito rala, um punhado de arroz irá torna-la mais espessa.

COMER COUVES
Até à descoberta da América, os nossos antepassados não tinham nem feijões, nem milho, nem tomates. E a batata só chegou à Europa nos finais do sec. XVIII.
A couve, em todas as suas formas, tinha um lugar de destaque na sua alimentação.
Hoje, a couve passou de moda. Poucas famílias jovens as consomem.
É pena.
Existe uma grande diversidade de couves, e um número prodigioso de deliciosas receitas para as preparar (VER: www.marmiton.org ), do chucrute à salada de couve ralada, passando pala couve farci, repolho refogado e a sopa de couves.
Não esquecer a couve de Bruxelas, a couve chinesa, os brócolos e todas as espécies de couve branca, verde, roxa, frisada ou repolhada.
A couve é uma boa opção em todas as estações do ano. Tem várias propriedades desintoxicantes e de eliminação (liga-se aos metais pesados para os evacuar do nosso corpo). Está recheada de nutrientes: vitaminas A, C e E antioxidantes que abrandam o envelhecimento celular, fibras, potássio e enxofre.
Estudos recentes demonstraram que a couve tem propriedades anti cancerígenas graças ao seu enxofre e aos seus anti oxidantes. Os brócolos contrariam o cancro da próstata. 

COMER LEGUMINOSAS
Tal como a couve, redescubramos as lentilhas, os feijões secos ou “engrolados”, as favas e as ervilhas em todas as suas formas. As leguminosas não são caras e fazem deliciosas sopas, purés, podem comer-se quentes ou frias em saladas. Existem bastantes variedades para podermos comê-las uma vez por dia sem nunca sem nos saturarmos, e podem perfeitamente servir de prato principal, sem acompanhamento.

LIMITAR O CONSUMO DE CARNE
Reservemos o consumo de carne vermelha (se formos consumidores) e as peças grandes de carne para as grandes ocasiões.
No resto do tempo, os legumes citados acima farão uma excelente base de refeição e poderemos comer vegetariano sem pensar nisso. Um pouco de bacon ou um bocado de salsicha fumada é suficiente para acompanhar estes pratos, se for de todo indispensável. Para variar os gostos, redescubramos as especiarias e as ervas aromáticas, começando pelas mais simples e as mais correntes: alho, cerefólio, noz moscada, coentros, salsa, louro, cominhos, …

ESCOLHAMOS OS NOSSOS PEIXES
O peixe é muito importante para a saúde, e seria muito prejudicial privarmo-nos dele. No entanto, não somos obrigados a comprar robalo ou linguado na lota, a preços exorbitantes. Os pequenos peixes gordos dos mares frios são bem mais baratos, podemos comprá-los em conserva, e do ponto de vista nutricional, são de todo melhores graças ao forte teor em ómega 3 e sua fraca intoxicação de mercúrio.

OS OVOS
Por fim, o alimento perfeito para os pequenos orçamentos: o ovo.
Vitima de um terrível erro judiciário nos anos 90, quando investigadores acusaram injustamente a sua gema (o melhor do ovo !!!) de fazer subir a taxa de colesterol, o ovo foi totalmente ilibado estes últimos anos, em particular graças a um estudo da Universidade de Yale (Egg consumption and endothelial function: a randomized controlled crossover trial – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15721501?dopt=Abstract ).
Sabemos agora que dois ovos por dia não têm nenhum efeito negativo sobre o colesterol, para as pessoas de boa saúde. Bem entendido, se estamos a seguir uma dieta específica, prescrita por um médico, não devemos mudar nada sem o ter consultado.
Caso contrário, não há nenhuma razão de nos privarmos desta deliciosa fonte de proteínas de alta qualidade, nutriente, facilmente digerível e bem mais barata.

Á vossa saúde

Jean-Marc Dupuis – Santé Nature Innovation





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