COMA SAUDÁVEL
SEM SE ARRUINAR
Agora que os nossos brilhantes economistas nos explicam que
beneficiamos de uma notável estabilidade dos preços graças ao Euro, muitos
cidadãos europeus têm uma impressão diferente.
Quem se lembra de ter comprado pêssegos a 6 euros o Kg ? é este o
preço daqueles que entre nós têm os meios para pagar um deste frutos proibidos.
Para não falar das cerejas a 10 euros o Kg.
No entanto, a alta prodigiosa dos preços alimentares – que seriam considerados
escandalosos em 2001 – não é uma desculpa para nos alimentarmos mal.
Em primeiro lugar porque, se efectivamente caminhamos para a
catástrofe financeira, uma boa saúde será o bem de que teremos maior
necessidade. Seguidamente porque, seja qual for a evolução dos preços, é falso
pretender que a “junk food ou malbouffe” – alimentos “porcaria” com
alto teor calórico mas com níveis reduzidos de nutrientes – seja melhor opção
que a comida saudável.
O problema é que comer bem, tal
como escrever bem, cantar bem ou falar bem, aprende-se. E que neste domínio
como em outros, produziu-se uma ruptura de transmissão nestes últimos trinta
anos.
Então vejamos como comer melhor com menos
dinheiro:
CONSAGRAR
TEMPO
Preparando as nossas ementas com antecedência, compraremos apenas o
estritamente necessário.
A experiência mostra que é mais
caro comprar um pouco de tudo para improvisarmos as nossas refeições, do que
prever com antecedência as nossas refeições e a seguir comprar o que é
necessário para cozinharmos. Planeando com antecedência ementas equilibradas,
comeremos apenas o que é necessário, e iremos sentir-nos muito melhor. De notar
que uma refeição bem preparada comporta alimentos variados, o que nos leva a
saciar mais depressa.
COMER
MELHOR, MAS UM POUCO MENOS
Estudos realizados com animais mostraram que comer menos alonga a
existência e diminui a incidência das doenças, a partir do momento que tenhamos
a nossa dose diária normal de vitaminas e nutrientes essenciais. O dr. Richard
Weindruch, do Centro de Investigação Nacional sobre os Primatas de Wisconsin,
publicou em 2009 os resultados de um interessante estudo sobre este tema. Em
1989, fez a experiência com dois grupos de 15 macacos. Ao primeiro grupo, deu
uma ração de alimentos reduzida de 30% em relação ao normal. Ao segundo grupo,
deu toda a comida que os macacos queriam. Em 1994, foram repartidos pelos dois
grupos mais 46 macacos. Depois o investigador contabilizou os óbitos nos anos
seguintes. Apenas 13% dos macacos que receberam ração reduzida (restrição
calórica) morreram de doenças relacionadas ao envelhecimento, contra 37% dos
seus congéneres que se alimentavam sempre que queriam.
É provável que o efeito seja o
mesmo nos seres humanos. Comer um pouco menos que habitualmente poderá
fazer-nos ganhar anos de vida com boa saúde, e ao mesmo tempo fazer-nos
economizar.
REUTILIZAR
OS RESTOS
A quantidade de comida que é deitada ao lixo actualmente, sem outra
razão que não seja a negligência, a preguiça e a desorganização, é aflitiva. Estima-se
que perto de 50% da produção alimentar mundial é desperdiçada, segundo um
relatório da FAO (Food and Agriculture
Organition), órgão da ONU (Organização
das Nações Unidas) consagrado à nutrição.
Isto quer dizer que os restos do
frango do almoço de domingo podem servir para o jantar da sexta-feira seguinte?
Pode ser um choque para muita gente mas o facto da comida se tornar
dura, mudar de cor, tornar-se pegajosa, não quer dizer quase nada em termos de
perigo para a nossa saúde.
O gosto pode não nos agradar, mas isso não quer dizer que vamos ficar
doentes. Isto porque existe uma grande diferença entre as bactérias que
degradam a comida, e aquelas que são patogénicas, isto é, causas potenciais de
doença.
As bactérias que fazem apodrecer os alimentos formam uma película
pegajosa sobre a carne, amolecem os legumes, e dão um odor muito mau ao frango.
Mas as bactérias patogénicas são inodoras, incolores, e invisíveis.
Na medida em que não podemos contar com a nossa visão nem o nosso
olfacto, utilizemos a “regra de 4”: não mais de 4 dias a 4° C.
A 4° C, podemos conservar durante
três dias inteiros o frango cru e carne de vaca picada. Os restos de comida
cozinhada, esses, podem ser conservados quatro dias.
REDESCOBRIR
A SOPA
Não, não se trata de comprar embalagens de sopa no supermercado, nem
mesmo as sopas “bio”. Não faríamos qualquer economia, e nunca saberíamos, de
verdade, o que ela tinha dentro.
Sempre que estivermos para fazer uma refeição, lembremo-nos que
virtualmente todos os alimentos, todos os ingredientes, podem servir de base
para cozinhar uma sopa (lembrem-se da “sopa
da pedra portuguesa” !). Basta coloca-los a ferver numa panela com muita
água, uma cebola, um dente de alho, uma cenoura, algumas ervas, sal e pimenta.
Se apenas tivermos um legume disponível (algumas cenouras enfezadas,
uma velha couve-flor), é suficiente para fazermos um caldo de bom paladar e bom
para a saúde. Não abramos um pacote de batatas fritas. Não encomendemos uma
pizza. Se nos restar um naco de pão que possamos reduzir a pequenos bocados e coloca-los
em azeite com alho e sal numa panela, façamos pão frito.
Se a sopa é muito rala, um
punhado de arroz irá torna-la mais espessa.
COMER
COUVES
Até à descoberta da América, os nossos antepassados não tinham nem
feijões, nem milho, nem tomates. E a batata só chegou à Europa nos finais do
sec. XVIII.
A couve, em todas as suas formas, tinha um lugar de destaque na sua
alimentação.
Hoje, a couve passou de moda. Poucas famílias jovens as consomem.
É pena.
Existe uma grande diversidade de couves, e um número prodigioso de
deliciosas receitas para as preparar (VER:
www.marmiton.org ), do chucrute à salada
de couve ralada, passando pala couve farci,
repolho refogado e a sopa de couves.
Não esquecer a couve de Bruxelas, a couve chinesa, os brócolos e todas
as espécies de couve branca, verde, roxa, frisada ou repolhada.
A couve é uma boa opção em todas as estações do ano. Tem várias
propriedades desintoxicantes e de eliminação (liga-se aos metais pesados para
os evacuar do nosso corpo). Está recheada de nutrientes: vitaminas A, C e E
antioxidantes que abrandam o envelhecimento celular, fibras, potássio e
enxofre.
Estudos recentes demonstraram que a couve tem propriedades anti
cancerígenas graças ao seu enxofre e aos seus anti oxidantes. Os brócolos
contrariam o cancro da próstata.
COMER
LEGUMINOSAS
Tal como a couve, redescubramos
as lentilhas, os feijões secos ou “engrolados”, as favas e as ervilhas em todas
as suas formas. As leguminosas não são caras e fazem deliciosas sopas, purés,
podem comer-se quentes ou frias em saladas. Existem bastantes variedades para
podermos comê-las uma vez por dia sem nunca sem nos saturarmos, e podem
perfeitamente servir de prato principal, sem acompanhamento.
LIMITAR
O CONSUMO DE CARNE
Reservemos o consumo de carne vermelha (se formos consumidores) e as
peças grandes de carne para as grandes ocasiões.
No resto do tempo, os legumes
citados acima farão uma excelente base de refeição e poderemos comer
vegetariano sem pensar nisso. Um pouco de bacon ou um bocado de salsicha fumada
é suficiente para acompanhar estes pratos, se for de todo indispensável. Para
variar os gostos, redescubramos as especiarias e as ervas aromáticas, começando
pelas mais simples e as mais correntes: alho, cerefólio, noz moscada, coentros,
salsa, louro, cominhos, …
ESCOLHAMOS
OS NOSSOS PEIXES
O peixe é muito importante para a
saúde, e seria muito prejudicial privarmo-nos dele. No entanto, não somos
obrigados a comprar robalo ou linguado na lota, a preços exorbitantes. Os
pequenos peixes gordos dos mares frios são bem mais baratos, podemos comprá-los
em conserva, e do ponto de vista nutricional, são de todo melhores graças ao
forte teor em ómega 3 e sua fraca intoxicação de mercúrio.
OS OVOS
Por fim, o alimento perfeito para os pequenos orçamentos: o ovo.
Vitima
de um terrível erro judiciário nos anos 90, quando investigadores acusaram
injustamente a sua gema (o melhor do ovo !!!) de fazer subir a taxa de
colesterol, o ovo foi totalmente ilibado estes últimos anos, em particular
graças a um estudo da Universidade de Yale (Egg consumption and endothelial function: a
randomized controlled crossover trial – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15721501?dopt=Abstract
).
Sabemos agora que dois ovos por dia não têm nenhum efeito negativo
sobre o colesterol, para as pessoas de boa saúde. Bem entendido, se estamos a
seguir uma dieta específica, prescrita por um médico, não devemos mudar nada
sem o ter consultado.
Caso contrário, não há nenhuma razão de nos privarmos desta deliciosa
fonte de proteínas de alta qualidade, nutriente, facilmente digerível e bem
mais barata.
Á vossa saúde
Jean-Marc Dupuis – Santé Nature Innovation
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