ALGAS I – porquê consumir algas …
Os legumes do mar
“As algas são literalmente vegetais marinhos
(da mesma forma que as cenouras ou os brócolos são vegetais terrestres) e são
utilizadas há séculos como alimento por povos como os chineses, japoneses, escoceses,
irlandeses, islandeses, escandinavos, alemães, assim como pelos índios da
América Latina que as utilizavam como medicamento para diferentes males.
Os vegetais marinhos
têm uma riqueza enorme em minerais, particularmente cálcio (são muito mais ricas
em cálcio do que os produtos lácteos) e em oligoelementos como cobre, zinco,
estrôncio, cobalto, níquel, molibdénio, chumbo, estanho, vanádio, bromo, prata,
crómio, bário, lítio, bismuto; o seu teor em proteínas é também bastante
elevado assim como o teor em hidratos de carbono e vitaminas, possuindo algumas
das algas quantidades assinaláveis de vitamina B12 que geralmente se considera
só existir em produtos animais.
Se ficou
impressionado com o valor nutricional destes alimentos, fique também a saber que
as algas, quando bem confeccionadas, são extraordinariamente saborosas e
enriquecem grandemente uma refeição. Num país como Portugal, podemos comer
algas regularmente uma vez que somos banhados por uma extensa costa e da mesma
forma que ingerimos bastante peixe devíamos ingerir o seu companheiro de
habitat - as algas marinhas.
Quando comprar algas, as melhores disponíveis no mercado português são as japonesas ou as da costa da Bretanha, uma vez que são recolhidas ou cultivadas em mares pouco poluídos (costa bretã e região norte do Japão - ilha Hokaido)” – Francisco Varatojo
Quando comprar algas, as melhores disponíveis no mercado português são as japonesas ou as da costa da Bretanha, uma vez que são recolhidas ou cultivadas em mares pouco poluídos (costa bretã e região norte do Japão - ilha Hokaido)” – Francisco Varatojo
As algas são alimentos que se desenvolvem naturalmente no mar e são
colhidas perto da costa.
Consideram-se “superalimentos” e
são tão ricas em nutrientes que somente necessitamos de consumir pequenas
quantidades de forma regular para obtermos uma ampla gama de saudáveis
vitaminas e minerais.
História
As algas tiveram um papel importante na culinária de todas as
sociedades tradicionais. Há milhares de anos que algas verdes, castanhas, vermelhas
e azul-esverdeadas são apanhadas nos oceanos, lagos e rios para consumo humano
quotidiano. De facto, praticamente todas as sociedades ancestrais e de
tradições consumiram algas, ervas e plantas marinhas comestíveis quer os Índios
das Américas do Norte e do Sul, os Celtas, os Vikings, os Mongóis, os povos do
Mediterrâneo, os Chineses, os Africanos das costas marítimas, os Aborígenes da
Austrália e os insulares do Pacífico.
No Extremo Oriente, as algas kombu, wakame, hijiki, arame, nori e
várias dezenas de outras variedades de água doce e água do mar, foram e são
ainda apanhadas.
Na Grã-Bretanha, principalmente nas populações celtas e gálicas, mas
também nos ingleses, as laminárias, as mousses da Irlanda, as seawhistle, as dulce, as driftweed, as purple laver, as couves do mar e
numerosas outras variedades fizeram parte da alimentação habitual até uma época
muito recente.
Na Escandinávia, na Rússia e na
Sibéria, nas regiões mediterrânicas, na Península Ibérica, nas costas
africanas, no SE da Ásia, na Austrália, nas ilhas do Oceano Pacífico e nas
costas atlânticas e do Pacífico da América do Norte e da América do Sul, as
algas foram regularmente consumidas pelas populações costeiras, pelas
populações das ilhas e também pelos navegadores e foram transportadas para o
interior, para servirem de troca com os cereais, os legumes e outros produtos
terrestres. Ricas em fibras, minerais e vitaminas, as algas são apreciadas, há
muito tempo, pela sua acção benéfica na saúde e, quando são correctamente
cozinhadas, são deliciosas e nutritivas.
Para além da sua utilização na alimentação, as algas são utilizadas
desde tempos muito antigos, como fertilizante, material isolante, fonte de sal
e sob a forma de cinzas nas fábricas de vidro.
Actualmente, as substâncias derivadas
das algas são utilizadas para fins industriais, como elemento de enchimento,
como conservante e como emulsificante na indústria alimentar assim como
cosméticos na indústria farmacêutica.
Dado que, actualmente, a sua
utilização alimentar desapareceu quase por completo, o movimento macrobiótico
mundial renovou o interesse nestas plantas tão versáteis – por exº, para além
do Japão e costas da Bretanha, são hoje recolhidas nos EUA, nas costas dos
estados de Maine e da Califórnia e no Canadá, nas costas da província da Nova
Escócia.
Na dieta
macrobiótica consome-se uma variedade de algas. Listamo-las com a sua
denominação botânica e tradução do japonês:
·
Kombu: Laminaria
japónica – “tecido grosso”
·
Wakame: Undaria
pinnatifica – “tecido jovem”
·
Arame: Eisenia arbórea – “textura grosseira”
·
Hijiki: Hizikia
fusiformis – “árvore emaranhada”
·
Nori: Porphyra
tenera
·
Dulse: Palmaria
palmata
·
Kanten: Gelidum
amansii ou “erva divina” – “céu frio” processada da alga tengusa
·
Mekabu: não é uma alga em particular mas parte
da kombu ou wakame
·
Fumori: Gloipeltis
furcata
·
Musgo irlandês: Chondrus crispus
·
Agaragar:
Qualidade
As algas contam-se, geralmente,
entre os alimentos naturais menos transformados, sendo, pois, dos mais seguros
para a saúde. Contrariamente aos cogumelos e às outras plantas selvagens, não
existem variedades de algas que sejam tóxicas. Certas variedades têm um odor
desagradável, são duras e têm um mau gosto, mas não são perigosas. Para os
apanhadores de algas dos nossos dias, o problema é a poluição química que pode
afectar a qualidade da vida, dentro e fora de água – é preferível uma costa
limpa, afastada das zonas industriais e ao abrigo dos produtos tóxicos que
podem eventualmente infiltrar-se e espalhar-se na água.
Como os outros produtos naturais,
as algas devem, idealmente e tanto quanto possível, ser consumidas na sua forma
natural, e não tanto na sua forma transformada. Em pó, cápsulas e flocos devem
ser apenas consumidas ocasionalmente, desde que tratadas naturalmente – estas
formas não devem de todo constituir a principal forma de consumo.
Graças ao seu conteúdo mineral (são 10 vezes mais ricas em minerais
que os vegetais terrestres), as algas são essenciais para um bom metabolismo, purificam
o nosso organismo eliminando os efeitos acidificantes dos alimentos modernos e
ajudam a estabelecer um sangue de qualidade ligeiramente alcalina.
Também são ricas em vitaminas e constituem uma boa fonte de proteínas
e são muito pouco calóricas.
Assim, podem usar-se para
prevenir ou aliviar uma grande variedade de doenças modernas: hipertensão,
arteriosclerose, alergias, artrite, reumatismo, desordens nervosas, … Também
ajudam a dissolver os depósitos de gordura e mucosidade causados pelo consumo
excessivo de carne, lácteos e açúcar.
No Oriente são bem conhecidas as incidências benéficas na saúde
devidas às algas:
·
As algas pretas escuras e violeta dão às
refeições um gosto, um perfume e uma cor especificamente ricos. A tradição
manda que se utilizem para reforçar os rins, o sistema digestivo e os órgãos
sexuais, bem como para melhorar o grau da nossa vontade e aumentar o nosso
discernimento.
·
Consome-se também algas com fins curativos para
dissolver os excessos de gordura e colesterol acumulados por um consumo
anterior de carne e outros produtos animais.
·
O valor terapêutico das algas foi reconhecido no
Ocidente nos anos 60-70 do sec. XX, quando os cientistas da Universidade de Mc
Gill estabeleceram uma relação segundo a qual as algas em geral são um factor
de eliminação das radiações nucleares e um retardador da degenerescência do
organismo.
·
A investigação médica no Japão confirmou
recentemente a tradição popular (anos 80 do sec. XX) de que as algas retardam o
endurecimento das artérias, diminuindo a tensão sanguínea e ajudando os tumores
a regredir.
De uma maneira geral,
o seu consumo regular em pequenas quantidades pode contribuir para:
·
São muito rica em iodo, cálcio, ferro, potássio, magnésio,
proteína, hidratos de carbono, vitaminas A, B (inclusive a B12), C, D, E, K,
niacina, fósforo, e outros minerais
·
Fortalecem: os intestinos, o fígado, o pâncreas, órgãos
sexuais, cabelo (realçam a cor),
gengivas e dentes...
·
Estabilizam os níveis de açúcar no sangue, limpam o tracto
intestinal, purificam e alcalinizam o sangue – ajudam a equilibrar o sangue quando este se
encontra muito ácido
·
Purificam o sistema linfático, equilibram o sistema hormonal
·
Eliminam metais pesados do organismo – contêm ácido algínico
(as da família marrom: kombu, wakame, arame e hijiki), o qual aglomera e expele
do corpo substâncias radiotivas e metais pesados
·
São os minerais e as vitaminas do oceano
·
Têm efeito calmante e tranquilizador
·
A sua ingestão em pequenas quantidades, por um longo período
de tempo, pode acalmar a superactividade dos rins, flexibilizar atitudes
rígidas e ajudar a enfrentar situações difíceis e de grande pressão
·
As algas proporcionam vitamina B5, também
conhecida como ácido pantoténico (ajuda a controlar a capacidade de resposta do corpo ao stress e no metabolismo das proteínas, gorduras e açúcares),
do qual o corpo depende para ajudar as glândulas supra-renais a produzir as
hormonas do stress necessárias em situações de pressão física ou psicológica. Também
resulta eficaz para diminuir certos sintomas alérgicos, e é benéfica para
manter a saúde da pele, músculos e nervos.
·
Outros valiosos componentes das algas
são: o ácido fólico e os fitoestrógenos denominados lignanos, que, segundo se
comprovou, desempenham uma importante função anticancerígena.
·
As algas, em especial a Kelp, são a
fonte natural mais rica em iodo, que joga um importante papel no
desenvolvimento das hormonas das glândulas tiróides.
No entanto, consumir demasiadas
algas poderá expor-nos a um excesso de iodo, que supõe um potencial risco de
hipertiroidismo – VER “quadro-guia” que se segue. Este quadro é um guia geral
pensado para um adulto médio. Para crianças e pessoas magras deveremos diminuir
as quantidades.
É
importante ter em conta que não devemos consumir todas estas algas durante
muito tempo nas quantidades máximas aconselhadas. Se as diferentes variedades
fizerem parte da nossa alimentação diária, devemos reduzir a quantidade recomendada
a metade. Por serem tão ricas em nutrientes, é preferível consumi-las
regularmente em pequenas quantidades.
Compra,
conservação, consumo
Tratadas de forma correcta
conservam-se indefinidamente.
As algas secas são a maior parte das vezes guardadas em recipientes de
vidro. Se bem que não seja necessário guardarem-se hermeticamente, no entanto,
uma vez abertos os pacotes, devem ser conservadas secas, à temperatura ambiente
e em local fresco e protegido da luz solar – o melhor é mesmo que as guardemos
hermeticamente.
No frigorífico, as algas cozidas
conservam-se cerca de uma semana em recipientes fechados. Os condimentos de
algas em pó devem ser fechados hermeticamente num frasco a fim de conservar a
sua frescura.
Podem
consumir-se: frescas (consumo imediato), conservadas no sal (devem ser bem
lavadas antes da utilização), secas ao ar livre ou cozidas (mais medicinais).
Atenção:
O seu consumo excessivo faz-nos também correr o risco de sermos atraídos pelos
hidratos de carbono, devido à sua riqueza em minerais.
Se não
gostarmos de consumir algas, podemos beneficiar da sua riqueza nutricional
mascarando o seu sabor junto nas sopas ou guisados.
São
particularmente indicadas e recomendadas, nos tempos de hoje, em que
sofremos simultaneamente de excesso de calorias e de carências significativas
em elementos vitais, minerais e vitaminas, entre outras coisas, para:
·
Acidez
·
Alergias
·
Problemas nervosos
·
Fraqueza geral
·
Excesso de trabalho
·
Crescimento
·
Excesso de febre
·
Dificuldades no trânsito intestinal
·
Falta de vitamina B12
·
Obesidade
·
Reumatismos
·
Artroses
·
Asma
·
Tuberculose
·
Excesso de colesterol
·
Arteriosclerose
·
Hipertensão
Por outro
lado elas:
·
Facilitam a produção de glóbulos vermelhos
·
Facilitam o metabolismo dos açúcares
·
Contêm zinco, cuja carência desregula a insulina
no pâncreas
·
São reguladores da tensão arterial
·
São anticoagulantes
·
São antitumorais
·
São antimicose
·
São antivirais
Valor Nutricional
O valor
nutricional das algas é incrível:
·
6 a 34% de minerais – muito mais que a média dos
alimentos terrestres
·
Por vezes mais proteínas que a carne, e
composição em ácidos aminados muito próxima da dos ovos
·
Muito poucos lípidos
·
Nada de gorduras saturadas
·
Os glúcidos são em boa parte mucilagens não
assimiláveis, que ajudam o trânsito intestinal e diminuem a absorção calórica
A energia das algas:
O mar é a nossa origem evolutiva e as algas são
portadoras dessa energia marinha, pelo que ao consumi-las conectamo-nos de novo
com a energia mais primitiva que conhecemos.
É surpreendente que a água do mar e o sangue humano
sejam tão similares quanto à sua composição energética e química, só que de
forma mais diluída.
Absorver esta energia potencia os nossos instintos
de sobrevivência e reprodução. Constitui uma força vital que facilita o foco
nos aspectos básicos da vida.
Além de ter em conta estes benefícios, na
macrobiótica utilizam-se as algas para melhorar a concentração e a memória,
assim como para clarificar objectivos vitais.
A energia
destas plantas marinhas promove a flexibilidade e a tenacidade.
“Uma alga por dia, saúde para
sempre”
Autores
de referência:
·
Michio e Aveline Kushi
·
Simon G. Brown
·
François Gisel
·
Francisco Varatojo
(continua)
SHOW! Parabéns pela postagem. Aprendi muito!!
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