quinta-feira, 18 de junho de 2015

ALGAS I – porquê consumir algas …




ALGAS I – porquê consumir algas …

Os legumes do mar

 “As algas são literalmente vegetais marinhos (da mesma forma que as cenouras ou os brócolos são vegetais terrestres) e são utilizadas há séculos como alimento por povos como os chineses, japoneses, escoceses, irlandeses, islandeses, escandinavos, alemães, assim como pelos índios da América Latina que as utilizavam como medicamento para diferentes males.
Os vegetais marinhos têm uma riqueza enorme em minerais, particularmente cálcio (são muito mais ricas em cálcio do que os produtos lácteos) e em oligoelementos como cobre, zinco, estrôncio, cobalto, níquel, molibdénio, chumbo, estanho, vanádio, bromo, prata, crómio, bário, lítio, bismuto; o seu teor em proteínas é também bastante elevado assim como o teor em hidratos de carbono e vitaminas, possuindo algumas das algas quantidades assinaláveis de vitamina B12 que geralmente se considera só existir em produtos animais.
Se ficou impressionado com o valor nutricional destes alimentos, fique também a saber que as algas, quando bem confeccionadas, são extraordinariamente saborosas e enriquecem grandemente uma refeição. Num país como Portugal, podemos comer algas regularmente uma vez que somos banhados por uma extensa costa e da mesma forma que ingerimos bastante peixe devíamos ingerir o seu companheiro de habitat - as algas marinhas.
Quando comprar algas, as melhores disponíveis no mercado português são as japonesas ou as da costa da Bretanha, uma vez que são recolhidas ou cultivadas em mares pouco poluídos (costa bretã e região norte do Japão - ilha Hokaido)”
– Francisco Varatojo

As algas são alimentos que se desenvolvem naturalmente no mar e são colhidas perto da costa.
Consideram-se “superalimentos” e são tão ricas em nutrientes que somente necessitamos de consumir pequenas quantidades de forma regular para obtermos uma ampla gama de saudáveis vitaminas e minerais.

História
As algas tiveram um papel importante na culinária de todas as sociedades tradicionais. Há milhares de anos que algas verdes, castanhas, vermelhas e azul-esverdeadas são apanhadas nos oceanos, lagos e rios para consumo humano quotidiano. De facto, praticamente todas as sociedades ancestrais e de tradições consumiram algas, ervas e plantas marinhas comestíveis quer os Índios das Américas do Norte e do Sul, os Celtas, os Vikings, os Mongóis, os povos do Mediterrâneo, os Chineses, os Africanos das costas marítimas, os Aborígenes da Austrália e os insulares do Pacífico.
No Extremo Oriente, as algas kombu, wakame, hijiki, arame, nori e várias dezenas de outras variedades de água doce e água do mar, foram e são ainda apanhadas.
Na Grã-Bretanha, principalmente nas populações celtas e gálicas, mas também nos ingleses, as laminárias, as mousses da Irlanda, as seawhistle, as dulce, as driftweed, as purple laver, as couves do mar e numerosas outras variedades fizeram parte da alimentação habitual até uma época muito recente.
Na Escandinávia, na Rússia e na Sibéria, nas regiões mediterrânicas, na Península Ibérica, nas costas africanas, no SE da Ásia, na Austrália, nas ilhas do Oceano Pacífico e nas costas atlânticas e do Pacífico da América do Norte e da América do Sul, as algas foram regularmente consumidas pelas populações costeiras, pelas populações das ilhas e também pelos navegadores e foram transportadas para o interior, para servirem de troca com os cereais, os legumes e outros produtos terrestres. Ricas em fibras, minerais e vitaminas, as algas são apreciadas, há muito tempo, pela sua acção benéfica na saúde e, quando são correctamente cozinhadas, são deliciosas e nutritivas.
Para além da sua utilização na alimentação, as algas são utilizadas desde tempos muito antigos, como fertilizante, material isolante, fonte de sal e sob a forma de cinzas nas fábricas de vidro.
Actualmente, as substâncias derivadas das algas são utilizadas para fins industriais, como elemento de enchimento, como conservante e como emulsificante na indústria alimentar assim como cosméticos na indústria farmacêutica.
Dado que, actualmente, a sua utilização alimentar desapareceu quase por completo, o movimento macrobiótico mundial renovou o interesse nestas plantas tão versáteis – por exº, para além do Japão e costas da Bretanha, são hoje recolhidas nos EUA, nas costas dos estados de Maine e da Califórnia e no Canadá, nas costas da província da Nova Escócia.

Na dieta macrobiótica consome-se uma variedade de algas. Listamo-las com a sua denominação botânica e tradução do japonês:
·         Kombu: Laminaria japónica – “tecido grosso”
·         Wakame: Undaria pinnatifica – “tecido jovem”
·         Arame: Eisenia arbórea – “textura grosseira”
·         Hijiki: Hizikia fusiformis – “árvore emaranhada”
·         Nori: Porphyra tenera
·         Dulse: Palmaria palmata
·         Kanten: Gelidum amansii ou “erva divina” – “céu frio” processada da alga tengusa
·         Mekabu: não é uma alga em particular mas parte da kombu ou wakame
·         Fumori: Gloipeltis furcata
·         Musgo irlandês: Chondrus crispus
·         Agaragar:

Qualidade
As algas contam-se, geralmente, entre os alimentos naturais menos transformados, sendo, pois, dos mais seguros para a saúde. Contrariamente aos cogumelos e às outras plantas selvagens, não existem variedades de algas que sejam tóxicas. Certas variedades têm um odor desagradável, são duras e têm um mau gosto, mas não são perigosas. Para os apanhadores de algas dos nossos dias, o problema é a poluição química que pode afectar a qualidade da vida, dentro e fora de água – é preferível uma costa limpa, afastada das zonas industriais e ao abrigo dos produtos tóxicos que podem eventualmente infiltrar-se e espalhar-se na água.
Como os outros produtos naturais, as algas devem, idealmente e tanto quanto possível, ser consumidas na sua forma natural, e não tanto na sua forma transformada. Em pó, cápsulas e flocos devem ser apenas consumidas ocasionalmente, desde que tratadas naturalmente – estas formas não devem de todo constituir a principal forma de consumo.
Graças ao seu conteúdo mineral (são 10 vezes mais ricas em minerais que os vegetais terrestres), as algas são essenciais para um bom metabolismo, purificam o nosso organismo eliminando os efeitos acidificantes dos alimentos modernos e ajudam a estabelecer um sangue de qualidade ligeiramente alcalina.
Também são ricas em vitaminas e constituem uma boa fonte de proteínas e são muito pouco calóricas.
Assim, podem usar-se para prevenir ou aliviar uma grande variedade de doenças modernas: hipertensão, arteriosclerose, alergias, artrite, reumatismo, desordens nervosas, … Também ajudam a dissolver os depósitos de gordura e mucosidade causados pelo consumo excessivo de carne, lácteos e açúcar.

No Oriente são bem conhecidas as incidências benéficas na saúde devidas às algas:
·         As algas pretas escuras e violeta dão às refeições um gosto, um perfume e uma cor especificamente ricos. A tradição manda que se utilizem para reforçar os rins, o sistema digestivo e os órgãos sexuais, bem como para melhorar o grau da nossa vontade e aumentar o nosso discernimento.
·         Consome-se também algas com fins curativos para dissolver os excessos de gordura e colesterol acumulados por um consumo anterior de carne e outros produtos animais.
·         O valor terapêutico das algas foi reconhecido no Ocidente nos anos 60-70 do sec. XX, quando os cientistas da Universidade de Mc Gill estabeleceram uma relação segundo a qual as algas em geral são um factor de eliminação das radiações nucleares e um retardador da degenerescência do organismo.
·         A investigação médica no Japão confirmou recentemente a tradição popular (anos 80 do sec. XX) de que as algas retardam o endurecimento das artérias, diminuindo a tensão sanguínea e ajudando os tumores a regredir.

De uma maneira geral, o seu consumo regular em pequenas quantidades pode contribuir para:
·         São muito rica em iodo, cálcio, ferro, potássio, magnésio, proteína, hidratos de carbono, vitaminas A, B (inclusive a B12), C, D, E, K, niacina, fósforo, e outros minerais
·         Fortalecem: os intestinos, o fígado, o pâncreas, órgãos sexuais, cabelo (realçam a cor),  gengivas e dentes...
·         Estabilizam os níveis de açúcar no sangue, limpam o tracto intestinal, purificam e alcalinizam o sangue –  ajudam a equilibrar o sangue quando este se encontra muito ácido
·         Purificam o sistema linfático, equilibram o sistema hormonal
·         Eliminam metais pesados do organismo – contêm ácido algínico (as da família marrom: kombu, wakame, arame e hijiki), o qual aglomera e expele do corpo substâncias radiotivas e metais pesados
·         São os minerais e as vitaminas do oceano
·         Têm efeito calmante e tranquilizador
·         A sua ingestão em pequenas quantidades, por um longo período de tempo, pode acalmar a superactividade dos rins, flexibilizar atitudes rígidas e ajudar a enfrentar situações difíceis e de grande pressão
·         As algas proporcionam vitamina B5, também conhecida como ácido pantoténico (ajuda a controlar a capacidade de resposta do corpo ao stress e no metabolismo das proteínas, gorduras e açúcares), do qual o corpo depende para ajudar as glândulas supra-renais a produzir as hormonas do stress necessárias em situações de pressão física ou psicológica. Também resulta eficaz para diminuir certos sintomas alérgicos, e é benéfica para manter a saúde da pele, músculos e nervos.
·         Outros valiosos componentes das algas são: o ácido fólico e os fitoestrógenos denominados lignanos, que, segundo se comprovou, desempenham uma importante função anticancerígena.
·         As algas, em especial a Kelp, são a fonte natural mais rica em iodo, que joga um importante papel no desenvolvimento das hormonas das glândulas tiróides.
No entanto, consumir demasiadas algas poderá expor-nos a um excesso de iodo, que supõe um potencial risco de hipertiroidismo – VER “quadro-guia” que se segue. Este quadro é um guia geral pensado para um adulto médio. Para crianças e pessoas magras deveremos diminuir as quantidades.


















É importante ter em conta que não devemos consumir todas estas algas durante muito tempo nas quantidades máximas aconselhadas. Se as diferentes variedades fizerem parte da nossa alimentação diária, devemos reduzir a quantidade recomendada a metade. Por serem tão ricas em nutrientes, é preferível consumi-las regularmente em pequenas quantidades.


Compra, conservação, consumo

 Tratadas de forma correcta conservam-se indefinidamente.
As algas secas são a maior parte das vezes guardadas em recipientes de vidro. Se bem que não seja necessário guardarem-se hermeticamente, no entanto, uma vez abertos os pacotes, devem ser conservadas secas, à temperatura ambiente e em local fresco e protegido da luz solar – o melhor é mesmo que as guardemos hermeticamente.
No frigorífico, as algas cozidas conservam-se cerca de uma semana em recipientes fechados. Os condimentos de algas em pó devem ser fechados hermeticamente num frasco a fim de conservar a sua frescura.
Podem consumir-se: frescas (consumo imediato), conservadas no sal (devem ser bem lavadas antes da utilização), secas ao ar livre ou cozidas (mais medicinais).

Atenção: O seu consumo excessivo faz-nos também correr o risco de sermos atraídos pelos hidratos de carbono, devido à sua riqueza em minerais.

Se não gostarmos de consumir algas, podemos beneficiar da sua riqueza nutricional mascarando o seu sabor junto nas sopas ou guisados.

São particularmente indicadas e recomendadas, nos tempos de hoje, em que sofremos simultaneamente de excesso de calorias e de carências significativas em elementos vitais, minerais e vitaminas, entre outras coisas, para:
·         Acidez
·         Alergias
·         Problemas nervosos
·         Fraqueza geral
·         Excesso de trabalho
·         Crescimento
·         Excesso de febre
·         Dificuldades no trânsito intestinal
·         Falta de vitamina B12
·         Obesidade
·         Reumatismos
·         Artroses
·         Asma
·         Tuberculose
·         Excesso de colesterol
·         Arteriosclerose
·         Hipertensão

Por outro lado elas:
·         Facilitam a produção de glóbulos vermelhos
·         Facilitam o metabolismo dos açúcares
·         Contêm zinco, cuja carência desregula a insulina no pâncreas
·         São reguladores da tensão arterial
·         São anticoagulantes
·         São antitumorais
·         São antimicose
·         São antivirais

































Valor Nutricional
O valor nutricional das algas é incrível:
·         6 a 34% de minerais – muito mais que a média dos alimentos terrestres
·         Por vezes mais proteínas que a carne, e composição em ácidos aminados muito próxima da dos ovos
·         Muito poucos lípidos
·         Nada de gorduras saturadas
·         Os glúcidos são em boa parte mucilagens não assimiláveis, que ajudam o trânsito intestinal e diminuem a absorção calórica



























A energia das algas:
O mar é a nossa origem evolutiva e as algas são portadoras dessa energia marinha, pelo que ao consumi-las conectamo-nos de novo com a energia mais primitiva que conhecemos.
É surpreendente que a água do mar e o sangue humano sejam tão similares quanto à sua composição energética e química, só que de forma mais diluída.
Absorver esta energia potencia os nossos instintos de sobrevivência e reprodução. Constitui uma força vital que facilita o foco nos aspectos básicos da vida.
Além de ter em conta estes benefícios, na macrobiótica utilizam-se as algas para melhorar a concentração e a memória, assim como para clarificar objectivos vitais.
A energia destas plantas marinhas promove a flexibilidade e a tenacidade.

“Uma alga por dia, saúde para sempre”


Autores de referência:
·         Michio e Aveline Kushi
·         Simon G. Brown
·         François Gisel
·         Francisco Varatojo



(continua)









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