O MISO (pronuncia-se missô)
“
O miso, foi considerado pelos japoneses, um presente dos deuses para a
humanidade. Este alimento é excelente para desintoxicar e ajudar o organismo a
eliminar efeitos nocivos da poluição ambiental e de detrimentos radioactivos.
É
o melhor alimento de origem vegetal para ajudar a recriar a flora intestinal e
criar um sistema digestivo saudável”
– Francisco Varatojo.
Segundo a tradição japonesa, os
deuses ofereceram o miso aos homens para lhes assegurar a saúde, a alegria de
viver e a paz.
MI – SO = traduz-se literalmente por ”fonte do sabor”: MI é “sabor” ou
“condimento”, SO é “fonte”.
Preparação artesanal tradicional,
o miso é uma pasta obtida pela mistura fermentada de cevada ou arroz integral e
de soja, em que se adiciona uma enzima de iniciação da fermentação chamada Koji, com sal marinho como regulador – a
partir de ingredientes biológicos e amadurecidos de forma natural. Contém
enzimas vivas que ajudam a digestão e administram um equilíbrio nutritivo de
hidratos de carbono naturais, vitaminas, minerais e proteínas.
O miso tradicional e o tamari foram importados da China pelos
japoneses há mais de mil anos – que não pararam de melhorar as suas qualidades
e processos de fabrico.
O miso é um produto muito antigo e encontraram-se vestígios da sua
existência tanto em África como na América do Sul como no Oriente – esta
observação aliada ao facto de ter sobrevivido até aos nossos, deixa pressupor a
sua grande importância para a saúde dos seres humanos.
É de consumo corrente no Japão,
onde infelizmente está a ser substituído cada vez mais pelo fabrico industrial
químico com uma fermentação acelerada com glutamate sintético. Por exemplo, o
miso vermelho é fabricado apenas em 6 semanas em vez dos 2 anos de um miso
tradicional.
PRINCIPAIS
VARIEDADES DE MISO
Existem várias variedades de miso
– onde a proporção dos ingredientes e do tempo de incubação mudam – cada uma
tendo um gosto e um efeito particulares.
Miso de Cevada ou Mugi Miso – o miso obtido a
partir da cevada, feijão de soja e de sal fermentados em conjunto é o mais doce
e o mais conveniente para cozinharmos no dia a dia. Tem um ligeiro sabor a
terra, um aroma doce e pode ser utilizado durante todo o ano. A melhor
qualidade corresponde ao miso de um mínimo de 18 meses, sendo preferível 24
meses ou mais. No Japão, o miso de cevada é conhecido sob o nome de Mugi Miso.
Miso de soja ou Hatcho Miso – o miso de soja tem
apenas feijão de soja e sal na sua constituição. É confeccionado com menos água
e menos sal que as outras variedades de miso, tem um sabor mais seco e,
derivado à sua fermentação mais lenta, leva 2 anos para chegar à maturidade.
Possui um sabor rico e forte, uma consistência espessa e, se bem que possa ser
consumido durante todo o ano, é tradicionalmente apreciado em sopas durante o
Inverno. Pode igualmente ser misturado a 50% nas sopas com outras variedades de
miso, constitui um bom creme de barrar e permite fazer pickles de longa duração.
Miso de Arroz integral
ou Kome Miso – é preparado com
arroz integral, soja e sal marinho e é habitualmente o mais doce de todas as
variedades de miso. O seu sabor é rico e ligeiro e é sobretudo apreciado
ocasionalmente nas sopas durante os meses mais frios, noutras preparações e em
salmoura.
As variedades de miso
ligeiro – além das três principais variedades acima descritas, que são
normalmente utilizadas para as sopas e cozinha quotidiana, existe uma
diversidade de variedades de miso ligeiro e doce (Komé Miso). São habitualmente
de cor mais clara (amarelo, branco) e, por conterem menos sal, precisam apenas
de algumas semanas para envelhecer. Estas variedades doces de miso são
apreciadas ocasionalmente para a cozinha ligeira ou para as festividades.
Tipo
|
Variedade
|
Fermentação
|
% Proteínas
|
% Glúcidos
|
% Sal
|
Miso de Arroz
|
escuro-vermelho
|
6-12 meses
|
13,5
|
19.1
|
13
|
amarelo
|
12-14 meses
|
13,5
|
19,6
|
12,5
|
|
Doce branco
|
1-4 semanas
|
11,1
|
35,9
|
5,5
|
|
Miso de Cevada
|
Castanho claro
|
12-36 meses
|
12,8
|
21,0
|
13,0
|
doce
|
10-20 dias
|
11,1
|
19,8
|
10,0
|
|
Miso de Soja
|
Hatcho miso
|
18-36 meses
|
21,0
|
12,0
|
10,6
|
O miso deve ser consumido na sua
forma natural, não pasteurizado e não cozido a fim de conservar a sua força
enzimática.
Em
macrobiótica, o miso é utilizado quase todos os dias para preparar a
sopa assim como em numerosos outros pratos. A quantidade utilizada depende do
tipo de miso, da sua idade, do seu teor em sal assim como do meio ambiente e de
factores pessoais.
Como regra geral, utiliza-se cerca de uma colher de café de miso por
tigela de sopa, líquido ou outros ingredientes. O miso é tradicionalmente
diluído num pouco de água fria.
Pelo facto de o miso conter bactérias e enzimas vivas que favorecem a
digestão, é aconselhável adicioná-lo apenas no final dos cozinhados e deixá-lo
fervilhar (sem ferver) durante 3 ou 4 minutos antes de servir.
Geralmente, os cozimentos com miso criam um sabor mais doce do que os
cozimentos com sal ou tamari/shoyu.
Para a cozinha do dia a dia é em geral preferível o miso de cevada, se
bem que o miso de arroz integral e o miso de soja sejam também utilizados
frequentemente. O miso vermelho, o miso branco e outras variedades que
fermentam durante um tempo mais curto, só são utilizadas ocasionalmente para
preparar pratos especiais.
O miso permite preparar molhos e sumos saborosos como acompanhamento
de massas e cereais. Pode igualmente ser utilizado, em vez do sal, para
condimentar os cereais integrais e para cozinhados no forno. Além da sua
utilização na sopa, pode ser utilizado, de tempos a tempos, para condimentar as
leguminosas, os legumes e as sopas de cereais e para preparar os caldos de
cozer as massas.
O miso é habitualmente adicionado no final do cozimento dos pratos de
legumes de acompanhamento. No entanto, para algumas preparações, como as
cebolas inteiras, o miso é adicionado desde o início.
Permite ainda realizar temperos para saladas, molhos, cremes para
barrar, sumos para molhar os alimentos, todos muito perfumados, assim como para
fazer deliciosos e doces pickles. Bolinhas de cereais fritas e condimentadas
com miso, são igualmente muito agradáveis.
Combina muito bem com o tofu – molho para o tofu frito, “queijo de
soja”, pickles de tofu …; com a alga wakame – nas sopas, saladas e molhos; e com os sabores
doce, ácido e picante – é muitas vezes utilizado com sementes e nozes tostadas,
adoçantes naturais, vinagre de arroz integral, limão e gengibre. Barrado no
peixe grelhado, o miso constitui um excelente condimento. Pode também ser
utilizado nas marinadas para peixe e marisco.
O
QUE É O MISO ?
O
miso é antes de mais um alimento
O miso é uma pasta obtida por fermentação láctica e composta por
feijão de soja, fonte extremamente rica em proteínas e outros nutrientes, ao
qual se junta, normalmente, um cereal como o arroz ou a cevada, sal marinho e
água filtrada.
A vantagem do miso, em relação a outros alimentos à base de soja,
reside no seu processo de fermentação – durante o seu fabrico, o feijão de soja
é sujeito a uma transformação bioquímica completa através da qual todas as
moléculas complexas, glúcidos , lípidos e outros nutrientes são divididos em
moléculas mais simples o que os torna mais digeríveis, facilitando a sua
assimilação. O mais importante, este processo de fabrico liberta novos sabores
e aromas cada um mais saboroso que o outros.
O miso é um alimento muito concentrado
considerado na cozinha macrobiótica como um específico
(medicalimento), isto é, um alimento que, pela sua composição e fabrico, ajuda
à cura da doença ou à dinamização dos nossos órgãos ou funções.
No processo do fabrico do miso – aplicação da energia alimentar nos
alimentos naturais processados – combinaram-se sabiamente vários tipos de
energia:
·
Os ingredientes principais do miso são os feijões
de soja – representando a energia outonal (energia Metal)
·
Sal – energia invernal (energia Água)
·
Cevada – energia primaveril (energia Árvore)
·
Tradicionalmente, o processo de fermentação –
representando a energia Árvore – passava, pelo menos, através de 4 estações,
incluindo um Verão e um Inverno.
Desta forma cria-se um produto
energético bem equilibrado que pode usar-se em qualquer estação do ano. No seu
conjunto, o miso tem uma ligeira energia ascendente, sendo, portanto, muito bom
para promover a digestão e dar energia.
Adicionado no final dos
cozinhados (sem sal e sem ferver) – sopas, caldos, pratos de vegetais ou
molhos, … – o miso encontra diariamente
lugar nas nossas refeições.
Devido à complementaridade entre o cereal e a soja, a presença de sal
marinho e o processo de fermentação láctica, o miso oferece-nos múltiplas
qualidades:
·
Fonte de proteínas vegetais de altíssima
qualidade, contém todos os ácidos aminados essenciais e de assimilação muito
fácil
·
Graças à sua riqueza em enzimas, o miso abre o
apetite e estimula a digestão
·
Ele cura, refaz e reforça a flora intestinal
·
É benéfico para a vitalidade – contém grandes
quantidades de glucose, é um energetizante (no Inverno os pratos com miso
ajudam-nos a prevenir do frio).
·
Durante o tempo de incubação – indo de 6 meses a
3 anos – a lacto fermentação decompõe o cereal e a soja, valorizando as suas
propriedades
·
O resultado obtido é um alimento que se digere
facilmente e de assimilação lenta, o que confere pouco a pouco ao nosso
organismo uma melhor resistência e uma maior endurance
·
A seguir às transformações químicas que têm
lugar durante a sua incubação, o miso torna-se um alimento básico que fortalece
e alcaliniza o sangue, fortalece o
estômago e os intestinos e estimula o sistema nervoso. Em consequência, o miso
providencia a eliminação das toxinas causadas entre outras causas por um
desequilíbrio alimentar, pela toma de medicamentos, pelo consumo de cigarros ou
de álcool, e é um agente eficaz de prevenção contra a radioactividade ambiente
ou em caso de contaminação por resíduos mais tóxicos – ajuda a eliminar
nicotina, o excesso de álcool e substâncias radioactivas do corpo.
·
A eficaz eliminação de toxinas e purinas anda de
mãos dadas com a dissolução do colesterol, assim como a prevenção das doenças
cardio vasculares, fazendo mais uma vez do miso, como alimento vivo e
energético, um meio eficaz para compensar as doenças degenerativas da nossa
época – o miso contém ácido linoleico e lecitina, que dissolvem o colesterol do
sangue e amaciam os vasos sanguíneos (por tal motivo, evita a arteriosclerose e
a hipertensão).
·
Ajuda a prevenir alergias e a tuberculose
·
O miso ajuda à regeneração interior e também à
melhoria do nosso aspecto (beleza) exterior, isto é, da qualidade da nossa pele
– nutre a pele e dá brilho e vitalidade ao cabelo.
Estudos recentes demonstraram que
os alimentos fermentados à base de soja – miso, tempeh, natto, shoyu – são uma
excelente fonte de vitamina B-12.
Todos os tipos de miso podem ser armazenados
no fresco e num local com sombra. Podemos também refrigerar o miso a fim de
prevenir o bolor. Guardado fora do frigorífico, uma fina camada de bolor pode
formar-se à sua superfície – mas não nos devemos inquietar com este fenómeno
inteiramente natural, bastando simplesmente retirá-la antes de o consumirmos.
O miso fermentado durante 2 ou
mais anos tem uma duração ilimitada se for guardado no frigorífico. A sua
aparência tornar-se-á mais escura e tomará um sabor mais rico com a idade. Os
misos envelhecidos, como os bons vinhos, são procurados pelo seu sabor e seu
potencial medicinal.
A
EFICÁCIA DO MISO
O miso contém muitas bactérias.
Estas bactérias iniciam uma actividade muito útil para produzir novos elementos
nutritivos desde a sua entrada nos intestinos. Estas bactérias põem os
intestinos em ordem. Mostram também uma eficácia na remoção de inflamações.
Este fenómeno não tem nada a ver com os elementos nutritivos do miso,
manifestando-se somente depois da sua entrada nos intestinos.
Desintoxicação do
tabaco e do álcool
O fermento do miso contém um
elemento fortificante do fígado que se chama “Métionina” – que tem uma eficácia
muito rápida para desintoxicar venenos tais como a nicotina do tabaco e o aldeído
que se forma a partir do álcool. A sopa de miso com wakame é, sobretudo, um
alimento excelente para os venenos provocados pelo álcool e pelo tabaco.
Rejuvenescimento
da epiderme
Um sangue saudável e alcalino
cria uma pele resistente e lustrosa. Se queremos pois uma pele jovem e macia
será necessária antes de mais uma verdadeira limpeza fundamental dos
intestinos.
Eliminação
dos elementos radioactivos
Vários elementos contidos no
fermento do miso, como por exº o ácido cólico, têm a eficácia de assimilar a
radioactividade e de a fazer evacuar do corpo. Uma taça de sopa de miso
diariamente é recomendada para prevenir a nocividade da radioactividade.
Profilaxia
da arteriosclerose e da hipertensão
O miso contém ácido linoleico e lecitina – estes dois elementos
dissolvem o colesterol que se cola aos vasos sanguíneos e, ao mesmo tempo,
tornam os vasos sanguíneos flexíveis.
O sal é geralmente considerado como perigoso para a hipertensão – todavia,
o sal que se encontra no miso tem um tratamento completamente diferente do sal
simples. A sopa de miso deve ser recomendada contra a hipertensão apesar do
miso conter sal.
A lecitina que é célebre como
remédio para as doenças cardíacas, encontra-se no miso mas não no óleo refinado
de soja.
Benéfico
para as alergias
Simplesmente falando, a alergia é um fenómeno interno causado pela
absorção em excesso de proteínas não digeridas no sangue. A condição alérgica
forma doenças tais como a asma, o eczema, a asma dos fenos, etc.
Se os intestinos funcionarem normalmente, não serão produzidas
indigestões das proteínas. É pois em primeiro lugar urgente ajustar o
funcionamento dos intestinos – a sopa de miso é o alimento mais apropriado para
esse fim.
Hoje em dia, em que os casos
alérgicos alastram cada vez mais devido à absorção excessiva de ovos e de
leite, torna-se necessário antes de mais suprimir esses alimentos suspeitos, e
em seguida dar uma nova forma para a melhoria da constituição interior através
de alimentos naturais e equilibrados.
Longevidade
e sopa de miso
Segundo um inquérito levado a
cabo nas ilhas japonesas, conhecidas pela longevidade dos seus habitantes,
constatou-se que todos eles comem sopa de miso com alga wakame.
O miso ajusta o funcionamento dos
intestinos, preserva a flora intestinal, purifica e alcaliniza o sangue e
fortifica o fígado.
SOPA DE MISO
BÁSICA
Alga wakame + 1 ou 2 legumes à escolha (alho francês, cenoura, couve,
nabo, cebola, bardana, …)
Demolhar a alga durante 5 a 10´ e a seguir corta-la.
Cozer as algas durante 5´ enquanto cortamos os legumes.
Adicionar os legumes e deixar cozinhar por mais 2 a 4minutos (conforme
o tipo de corte).
Diluir o miso (½ a 1 colher de
café por pessoa) num pouco de líquido do caldo e verter para a panela.
Deixar fervilhar (sem ferver) durante mais 2 minutos.
Deixar descansar 5´antes de servir.
Servir com salsa, a parte verde
do alho francês ou cebolinho, finamente picados.
PATÉ DE CENOURA E MISO
É ideal para crianças e mais uma variação para quem
quer evitar lacticínios:
2 cenouras raladas finamente.
2 a 3 colheres de sopa de Miso
Saltear a cenoura com um pouco de óleo, misturar bem
com miso e apagar o lume.
Este paté preserva-se alguns dias no frigorífico.
AUTORES DE
REFERÊNCIA:
·
Michio Kushi
·
Aveline Kushi
·
Gérard Wenker
·
François Gisel
·
Francisco Varatojo
(...) tenho uma intensa flatulência, causada pela fermentação dos alimentos no intestino. Na procura de alguma "soluções naturais" tenho comido sopa de miso diariamente há, mais ou menos, 3 semanas, um mês,; ao ler a vossa informação onde é recomendado para cada individuo, como dose, uma colher de café, fiquei assustado, e a questão é a seguinte:tendo eu utilizado sempre uma colher de sopa de miso, seguindo a informação encontrada por diferentes consumidores na Net, incluindo a Ana Galvão, é manifestamente exagerado, a qtd que utilizo e comporta perigo para a saúde ??? O miso que uso é o de arroz, mais claro, mas tb já usei o mais escuro que se vende nos supermercados chineses.
ResponderEliminarObrigado pela informação e esperando obviamente o vosso conselho.
Bem hajam
Quanta informação maravilhosa obrigado.
ResponderEliminar