Para o consumo
diário, entre as refeições, as bebidas habitualmente utilizadas na Alimentação
Macrobiótica Padrão são: a água da fonte e a água do poço, pura e cristalina; o
chá “bancha”; os chás de cereais tostados ou os cafés de cereais; outros chás
naturais, não estimulantes ou aromáticos, tradicionalmente utilizados e
habitualmente consumidos, preparados a partir de sementes, flores, folhas,
caules, ramos, cascas ou raízes.
A frequência e a
quantidade de bebidas absorvidas variam segundo as necessidades e a condição de
saúde pessoal de cada um, assim como em função do clima, da estação do ano e de
outros factores ligados ao envolvimento. Em geral, recomenda-se não beber
durante as refeições e beber apenas o suficiente quando se tem sede e evitar
bebidas geladas.
O chá teve a sua
origem nas Índias – região de Assan – e estendeu-se à China e ao Japão ao mesmo
tempo que o Budismo. No Extremo Oriente as sebes que circundam os templos são
correntemente constituídas por plantas de chá. A partir destes chazeiros
podemos fazer chá com folhas, raminhos, cascas ou caules. A qualidade e
características do chá dependerão da estação em que a colheita dessas partes da
planta é efectuada e das técnicas de tratamento utilizadas.
CHÁ “BANCHA”
O chá bancha é um
produto tradicional dos mosteiros Zen japoneses e um dos “específicos”
macrobióticos dados a conhecer por George Ohsawa. É uma bebida yang,
indispensável em Macrobiótica, proveniente do chazeiro selvagem. O “kukicha”
provém dos ramos e raminhos deixados secar nas plantas durante 3 anos. O
“hojicha” é composto unicamente das folhas. Após a apanha, estes chás são ainda
ligeiramente tostados para eliminar todo o traço de alcalóides – cafeína e
teína. Ricos em sais minerais, nomeadamente cálcio e fósforo e em vitamina A,
têm uma acção bactericida e desintoxicante.
A mesma planta (ver
fig. – camellia sinensis) origina diferentes tipos de chá: “Bancha”, Chá Verde e Chá Preto. No entanto, todos
eles são colhidos em diferentes alturas do ano e tratados de diferentes maneias,
e, por isso, são diferentes do ponto de vista da energia, dos nutrientes e efeitos
que desencadeiam sobre o organismo humano.
As folhas mais
jovens e tenras, colhidas na Primavera, são usadas para preparar o chá Verde (Ryokucha).
O Matcha,
usado na cerimónia do chá, faz-se a partir dos raminhos das folhas mais novas –
“matsu” significa “ponta das folhas
ou árvores”.
O Chá
Preto é também produzido a partir da mesma planta e é o chá mais
popular da Europa. É preparado a partir de folhas de chá fermentadas, hiper
transformadas, muitas vezes coloradas. É rico em cafeína e tanino.
O chá Bancha prepara-se em meados do Verão, pela apanha das grandes folhas
chegadas à maturidade, dos pequenos ramos e das hastes, que dão respectivamente,
o chá de folhas bancha, o chá dos pequenos ramos bancha e o chá das hastes
bancha.
Tradicionalmente apanhados à mão nas altas montanhas do Japão,
as folhas, ramos e hastes bancha são tostadas e de seguida resfriadas em
grandes recipientes de ferro. Esta operação pode ser repetida até quatro vezes.
Este processo, assim como a colheita tardia, efectuada quando a quantidade de
cafeína da planta diminuiu naturalmente, fazem que este chá não contenha por
assim dizer nem cafeína nem tanino, sobretudo para os chás feitos a partir dos
ramos e hastes.
Contrariamente aos outros chás que são ácidos, o chá bancha é
ligeiramente alcalino e possui um efeito benéfico e calmante sobre a digestão, o
sangue e a mente. Não tem contraindicações, podendo mesmo ser consumido por bebés
e crianças. É a bebida frequentemente mais utilizada na maior parte dos lares
macrobióticos e é habitualmente servida após cada refeição e igualmente entre
as refeições.
Na Europa, o chá
bancha é muitas vezes vendido com o nome de “chá de três anos”, o que significa
que os chazeiros dos quais ele é proveniente, têm a idade de 3 ou mais anos.
As folhas cortadas durante o primeiro ano utilizam-se para fazer
um chá chamado “Ichi-nen bancha”
(bancha do primeiro ano).
As folhas cortadas durante o segundo ano dão o “Nin-nen bancha” (bancha do segundo
ano).
O “Bancha San-nen” (bancha do terceiro
ano) contém raminhos, porém nenhuma folha, e chama-se “Kukicha” (chá de raminhos).
O bancha é mais yang do que o chá verde (“Ryokucha”).
Geralmente não é
necessário tostar as folhas já que se vendem tostadas. Porém, se estiverem
húmidas será melhor tostá-las um pouco. Prepara-se num recipiente de barro:
colocam-se uma ou duas colherzinhas de folhas no fundo e juntam-se quatro
chávenas de água fervendo, deixando-se em infusão 5 a 10 minutos. O tempo de
cocção e a quantidade de folhas a utilizar virá com a experiência e o gosto de
cada um.
Em vez de
descartarmos as folhas depois de cada utilização, podemos reutilizá-las, juntando
outras frescas quando prepararmos outra chaleira. Podemos continuar com este
procedimento até que fiquem uns 2,5 cm de folhas no fundo, pondo-se então de lado
para outros usos externos. È preferível não ferver o bancha dado que se torna
muito forte. No entanto, para uso externo como remédio deve ferver 5 a 10
minutos.
O bancha pode ser
consumido diariamente nos lares macrobióticos. Tem um efeito estabilizante e
estimula a digestão.
“Kukicha” – “Kuki” significa
raminhos. Quando George Ohsawa introduziu este chá na Europa chamou-o de “chá
de três anos”. No Japão o Kukicha é considerado o chá mais pobre, porém na
realidade é o mais saudável.
Este chá é mais yang do que o bancha e deve ferver pelo menos 10
minutos. Contém muito pouca cafeína e portanto o seu consumo é adequado para
crianças. Para fins medicinais pode-se tomar com um bocadinho de sal marinho ou
gomásio, ou uma gotas de shoyu.
Tem efeito
alcalinizante no sangue e por isso fortalece-nos e refresca-nos quando estamos
cansados. Tem efeito calmante em casos de insónia e alivia as náuseas e a gastrite.
O kukicha é uma boa bebida para uso diário para pessoas que sofram de nefrite,
infecção da bexiga, neurastenia, doenças cardíacas, indigestão e fadiga
generalizada.
“Bocha” – “Bo” significa pau.
Este chá faz-se com o caule da planta.
É mais yang do
que o bancha ou o kukicha. Não contém cafeína. Pode-se ferver no mínimo. Este
chá é adequado para todas as condições de saúde.
Chá Verde ou “Ryoku-cha” – As folhas mais
jovens e tenras, colhidas na Primavera, são usadas para preparar este chá. É
mais yin do que os anteriormente mencionados. Não deve ferver. Coloca-se meia
colherzinha de chá numa chaleira de cerâmica e junta-se uma chávena de água
fervendo, deixando em infusão durante 3 a 5 minutos. Coar logo de seguida. Este
chá ajuda a dissolver e descarregar as gorduras animais e a reduzir os níveis
de colesterol.
O Chá Preto – é também produzido a
partir da mesma planta e é o chá mais popular da Europa. É preparado a partir
de folhas de chá fermentadas, hiper transformadas, muitas vezes coloradas. É
rico em cafeína e tanino.
O chá verde é o
que tem mais cafeína, o bancha menos, o kukicha muito pouca e o bocha nenhuma.
O bancha é
normalmente bebido ao natural, mas pode ser preparado com algumas gotas de
tamari/shoyu, ameixa umeboshi ou outros ingredientes, para fins medicinais, ou
ocasionalmente adoçado com sumo de maçã ou um pouco de mel de arroz, conforme
os gostos.
BEBIDAS
MEDICINAIS COM BANCHA
“Shoyu- Bancha” ou “Sho-Ban” – deitar 1 a 2 colherzinhas de shoyu/tamari numa chávena.
Juntar bancha quente, mexer e tomar. Este chá terá um efeito fortalecedor e
refrescante em pessoas saudáveis. O shoyu e o bancha têm um efeito
alcalinizante num sangue acidificado – que pode ser causado por actividades
exaustivas, e também pela ingestão de açúcar ou alimentos de origem animal.
O sho-ban activa a circulação e pode ser benéfico em caso de:
·
Problemas estomacais – em
particular úlceras, acidez e indigestão;
·
Cãibras intestinais, gases;
·
Intoxicação por monóxido de
carbono;
·
Reumatismo.
Tomar 1 a 2
chávenas por dia até obter alívio – porém não continuar por mais do que 3 a 4
dias seguidos.
Com um pouco de gengibre ralado é eficaz em casos de problemas
estomacais, náuseas e gases.
“Gomasio-Bancha” – juntar uma chávena de bancha
quente a uma colherzinha de gomasio e mexer bem. Usar esta bebida como o
shoyu-bancha. Tem os mesmos efeitos do que o shoyu-bancha. Usar em casos de
problemas estomacais, tais como gases e cãibras estomacais e intestinais.
Também alivia o cansaço no Verão e é útil para aliviar problemas que surjam
depois do consumo com alimentos açucarados.
“Chá de 3 anos + Umeboshi + Gengibre” – reduzir a puré a carne de uma ameixa umeboshi, juntar meia
colher de café de gengibre fresco ralado. Verter por cima o chá de três anos
quente e algumas gotas de tamari/shoyu. Beber quente.
Indicado para: digestão difícil, indigestão, náuseas, estimula a
digestão e a vesícula biliar.
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