quarta-feira, 10 de abril de 2013

As festas com a “dieta nº7” - Por um japonês primitivo


NÚMERO 7 !!!

Prof. George Ohsawa – Traduzido do francês por Rui Rato, da revista Lettre du TENRYU, nº16, Janeiro de 1970


“Oh! É fanatismo!” ; “Muito Yang!”; “Perigoso!”; ”Muito severo”; ”Não é suficiente para viver” …
Em todo o caso, são famosas todas as opiniões que criticam a dieta nº7.

Cada vez que oiço esta palavra, ”Número 7”, eu lembro-me …

… Há mais de trinta anos no Japão, a alimentação não era envenenada como hoje.

Para as crianças, a maior felicidade era comer uma bola de arroz com uma umeboshi. Era portanto a nº 7.

Comia-se a cada dia, pela manhã, duas tigelas de arroz e uma pequena tigela de sopa de missô; ao almoço, duas pequenas tigelas de arroz e alguns pedaços de pickles de nabo salgado; ao jantar, uma pequena tigela de sopa de missô ou tamari, uma pequena quantidade de legumes cozinhados sem água, duas tigelas de arroz e, ocasionalmente, uma pequena quantidade de peixe.
Não era a dieta número 7, mas era baseada na dieta número 7.

Quando estávamos stressados, esta dieta era imediatamente trocado pela número 7, tais como o arroz com pickles salgados de nabo ou uma umeboshi.
O arroz desta época não era integral, nem branco como hoje, era semi-integral. Muito frequentemente, a cevada e o millet integral eram comidos com o arroz na proporção de 50% (arroz), 50% (millet ou cevada) .

Íamos para a escola com uma marmita que continha arroz e uma umeboshi.
Nós chamávamos a esta marmita : “A marmita da subida do sol”.
Mesmo os soldados japoneses comiam uma marmita muito semelhante. Era portanto a número 7.

A maior festa anual, era a passagem do ano, para a qual preparávamos arroz moti com muita antecedência.
Como ficávamos impacientes por este moti … Era bom comê-lo grelhado e temperado com tamari. Este grande prazer, não era a número 7.
Nós decorávamos durante duas semanas os lugares sagrados da casa com este alimento de longevidade, acompanhado de folhas de feto e desejávamos a longevidade da família.

As mães preparavam para as crianças bolos de arroz para cada estação do ano, era absolutamente a número 7, ainda que estes fossem envoltos em folhas de plantas selvagens, ou coloridos de verde para os harmonizar. Estes bolos eram bons, deliciosos, obras artísticas que davam um grande prazer às crianças.

A festa do nascimento das crianças era celebrada com arroz integral e azuki (número 7).
No 1º aniversário, fazíamos caminhar o bebé com um saco de moti de 2 kilos às costas e contavamos os passos ele dava.

Que felicidade trazia a nº7 a toda a família.

Desde que me lembro, com ternura, do meu país natal, as 4 estações não poderiam existir sem a dieta número 7.
Os japoneses viviam esta tradição do “ Vivere parvo” com a maior alegria eterna e com reconhecimento infinito. Não existiam na altura doenças complicadas, podres e desumanas como hoje em dia. Os jovens eram ainda os príncipes e as princesas do reino dos céus.

Depois de 30 anos, o Japão mudou.
A tradição do número 7, desapareceu.

Hoje, as pessoas preferem bolos estrangeiros açucarados, coloridos, artificiais e sedutores, que confundem os sentidos dos olhos e da língua, ao invés da dieta número 7, simples e natural. Eles adoptaram uma outra medida estrangeira para julgar os valores da nutrição, tais como vitaminas, proteínas, calorias, etc….

Antigamente havia um só supermercado de fruta para 30.000 mil habitantes, e no presente existe mais de trinta onde se vende banalmente todos os frutos estrangeiros, tropicais: bananas, mangas, ananás, etc., que violam as leis da Ordem do Universo.
Os bombons e bolos coloridos artificialmente e quimicamente que são mais perigosos que a bomba atómica, atacam e envenenam a boca das crianças a cada dia e momento. As suas dietas já não são mais o arroz, nem a sopa de missô, ou os pickles salgados, mas são feitos de carne sintetizada feita a partir de petróleo, o leite esterilizado, as conservas, as algas açucaradas, bebidas vitaminadas artificialmente, tudo isto colorido por materiais cancerígenos e venenosos.

O Japão da número 7, morreu.

Quando eu me lembro desta alimentação reconheço afirmativamente a justiça da número 7 da macrobiótica.
Tenho portanto a convicção da vida ideal do homem que se nutre sobre a base da dieta número 7.
Também se pode praticar a macrobiótica da dieta  número 3 à 5. Simplesmente é um pouco mais difícil de a praticar correctamente, comparando com a número 7, porque nos enganamos muito facilmente no equilíbrio quantitativo. A dieta macrobiótica é correcta, se a praticarmos sobre a base do número 7, com a flexibilidade e concepção do equilíbrio do yin-yang.

Quando percebemos que as coisas não funcionam com deveria ser com legumes, peixe, sobremesas e fruta, temos que voltar rapidamente à número 7.
Na minha infância quando eu apanhava frio ou febre, ou problemas de intestinos, a minha mãe obrigava-me imediatamente a comer creme de arroz, com uma simples umeboshi. Nesta altura, a alimentação japonesa seguia ainda a tradição segundo a filosofia do extremo oriente. As pessoas praticavam ainda a dieta número 7 para curar as suas doenças.






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