terça-feira, 9 de abril de 2013

O LIVRE ARBÍTRIO MACROBIÓTICO


Por: Gérard Wenker (2012), conselheiro macrobiótico, Suiça (www.lamacrobiotique.com)

A macrobiótica pode ser uma nutrição 100% vegetal, ou apresentar pratos vegetarianos, ou com uma certa percentagem de produtos animais – continuando macrobióticos.
Há um mal entendido com as pessoas que pensam que a macrobiótica é um regime unicamente de cereais e vegetaliano. Com toda a certeza, pode-se seguir um regime apenas de cereais, a mono dieta nº7 de George Ohsawa, mas somente durante um tempo limitado; esta mono dieta faz apenas parte da macrobiótica, não é a macrobiótica.
É evidente que os Esquimós, por exemplo, não podem comer apenas cereais, ou se se viver na Sibéria ou nos vales altos do Himalaias, não se pode unicamente seguir um regime de cereais.
Os Anciãos Macrobióticos a quem se chamava à época “Sen-Nin” ou “Homem-Livre”, também diziam a mesma coisa, quando se vive nas altas montanhas, come-se poucos cereais, excepção da tsampa (papas de cevada tostada adicionada de manteiga de yak) prato tradicional do Tibete.
A macrobiótica não é de todo um regime especial. O arroz integral não é a macrobiótica – o arroz integral, é arroz integral – o miso, é miso – uma cenoura, é uma cenoura …
A macrobiótica consiste na maneira de combinar estes alimentos, em certas proporções, de as cozinhar, segundo o clima, a temperatura, a profissão e o sonho de cada um, é isto a macrobiótica. Quando comemos muita carne, ovos, peixe, etc., durante muito tempo, de seguida teremos naturalmente desejos de muita fruta, legumes crus e álcool (yin) para compensar esta alimentação carnívora (yang) passada.

Exemplo de sintomas físicos reflectindo uma condição YANG:
Cor da epiderme: branca a escura
Olhos: sanpaku superior
Calvície atrás ou total
Perda matinal de cabelos = 0 a 10
Dores de cabeça occipitais
Olhos e pupilas contraídas
Olhos cinzentos secos
Nariz branco e duro
Maçãs do rosto enrugadas
Lábios finos secos esbranquiçados
Gengiva branca retraída
Língua: branca ou amarela
Micção: menos de 4 por dia e 0 à noite
Prisão de ventre
Temperamento agressivo e impaciente
Sono curto (5 a6 h) e profundo
Despertar alerta e em forma

É uma maneira completamente intuitiva de exercer um discernimento macrobiótico.
Para estas pessoas, temporariamente, os pratos “vegetarianos” são também macrobióticos, e far-lhes-ão bem, mesmo se isso não é o regime macrobiótico padrão. Elas tentam simplesmente encontrar o equilíbrio. É o que podem experimentar muitas pessoas que se tornaram vegetarianas depois de terem comido durante muito tempo produtos animais e que sentiram melhoras.
Mas se se continua a comer legumes crus, muita fruta e sumos de frutos, a condição passa de yang a yin. Depois, vários anos passados, problemas de ordem muito yin começam a surgir. Quer dizer que se passa de um extremo a outro, e é preciso então reencontrar o equilíbrio. Isso é possível com um regime macrobiótico normal.

Exemplo de sintomas físicos reflectindo uma condição YIN:
Cor da epiderme: vermelha a violeta
Olhos: sanpaku inferior
Calvície frontal
Perda matinal de cabelos = + de 20 a um punhado
Dores de cabeça frontais
Olhos e pupilas dilatados
Olhos vermelhos lacrimantes
Nariz vermelho e inchado
Maçãs do rosto vermelhas
Lábios vermelho vivo pulposos
Gengivas sangrentas
Língua: azul ou violeta
Micção: mais de 5 vezes por dia e 2 a 3 vezes por noite
Diarreia
Depressivo
Despertar difícil e cansado

É necessário não deixar esta confusão no espírito das pessoas de que a macrobiótica é um regime dietético. Quando G. Ohsawa estabeleceu 10 níveis de regimes diferentes, entre os regimes 7 e – 3, foi para nos mostrar que podemos proceder aos ajustamentos que quisermos, tendo em conta as necessidades individuais.

O LIVRE ARBÍTRIO
Se estivermos de boa saúde e se tivermos por vezes vontade, poderemos fazer por exº uma refeição composta de 30% de cereais, 50% de legumes, 10% de produtos animais, 10% de fruta, se é isso que desejamos.
Se George Ohsawa designou com sinal “menos” certas composições de menus, foi porque se os adoptarmos durante muito tempo, teremos problemas, mas se aplicados uma vez de tempos a tempos, tudo bem, e estes dez níveis, são macrobiótica. Compete a cada um saber escolher o que lhe convém.
Quando temos um problema de saúde, poderemos fazer o regime Nº 7 durante três, cinco ou dez dias, até que nos sintamos melhores, e isto também é macrobiótica. Ou se formos convidados para um jantar social, poderemos fazer o regime Nº 2 (50% de cereais, 50% do resto em pratos de acompanhamento) e isso é 




igualmente a via macrobiótica.
Tudo depende de facto das nossas necessidades pessoais; tudo depende dos sonhos que tenhamos. Podemos modificar livremente a nossa alimentação. Estaremos assim na melhor saúde possível e em medida de assegurar uma eficácia máxima, tanto no plano físico, como no plano mental ou espiritual, usufruindo de uma clareza admirável.
Assim, segundo o objectivo escolhido, adoptar-se-á um regime consequente. A macrobiótica é uma bela e grande coisa, não é de todo restrictiva, mas ao contrário, muito vasta. Em macrobiótica, pode-se comer o que quer que seja (teoricamente falando), mas o importante, é a maneira de combinar, de cozinhar, e assim alcançar a saúde, a felicidade, o desenvolvimento espiritual.

ATENÇÃO: se quiserdes curar-vos verdadeiramente e reencontrar uma saúde perfeita … e conservá-la … a recomendação mais importante que posso fazer-vos, é de nunca, mas mesmo nunca, em nenhum caso … consumirdes alimentos preparados pela indústria alimentar.

O único objectivo destes envenenadores, é o de enriquecer e de fazer lucro, sem nenhum estado de alma, escolhendo produtos baratos, de má qualidade, muitas das vezes falsificados. Para fazer aceitar as suas preparações pelos consumidores ignorantes e muito confiantes, juntam numerosos aditivos químicos extremamente perigosos para a nossa saúde.
Saibamos que ninguém nos protege, nem os políticos, nem os cientistas, todos a soldo do grande capital. Quanto ao corpo médico, não se preocupa com a alimentação e ainda menos com as verdadeiras causas das doenças.
A única regra admitida neste domínio, é a de não vos deixar morrer ou ficar doentes imediatamente, de maneira que não possais nunca estabelecer uma relação de causa efeito. Conheceis a cantiga nestes casos: não há provas científicas estabelecidas. Mudai de caminho, não há nada para ver.
O único antídoto, para não morrer destruído por estes venenos industriais, é SALTAR rapidamente para a alimentação macrobiótica probiótica (pela vida). Uma alimentação biológica, natural, regional, artesanal, familiar que protege a nossa vida e a dos nossos filhos.


O QUE DIFERENCIA A MACOBIÓTICA DOS OUTROS REGIMES ALIMENTARES:

Posto isto, se tivermos em consideração o clima (composto pelas quatro estações), no qual vive a maioria da população, o regime padrão será com certeza diferente da maneira corrente de nos alimentarmos, a saber:
1- Nós comemos alimentos naturais, integrais, de qualidade biológica.
2- A alimentação é constituída de alimentos de base, e alimentos complementares. Os alimentos de base comportam sempre pelo menos 50% de cereais. A maior parte dos alimentos de complemento é constituída por legumes (terrestres e marinhos); a menor parte compreende as leguminosas, os frutos, algumas vezes o peixe ou a carne. Além disso, a proporção destes diferentes alimentos segue uma progressão logarítmica. Assim, a diferença essencial com outros regimes alimentares é que a proporção de cereais constitui sempre a maior parte dos alimentos.
3- Factor “espaço”.
Além dos alimentos de base e dos alimentos de complemento, é preciso respeitar a ordem das estações. Quando vamos para um país quente, comemos os produtos originários desse clima. Por exemplo, é normal que em África, os africanos comam tapioca, bananas, laranjas, etc.; isto é respeitar os princípios macrobióticos. Mas se em França, comermos tapioca, bananas e morangos no Inverno, etc., isto não é comer de maneira macrobiótica. Devemos escolher alimentos da estação, regionais e que sejam originários do nosso clima.
É também importante variar o modo de cozinhar consoante as estações do ano. No Inverno, por exemplo, podemos cozer os alimentos durante muito mais tempo do que no Verão.
4- Factor tempo”.
Devemos respeitar a dimensão do tempo, as tradições, isto é, as maneiras tradicionais de nos alimentarmos que se perpectuaram ao longo de gerações e gerações. Foi desta maneira que a humanidade se desenvolveu e que o ADN chegou à constituição que hoje temos.
De seguida, cada um de nós tem necessidades pessoais que é preciso ter em conta. Uma pessoa que tenha um trabalho intelectual terá necessidade de um menor volume de comida que outra pessoa que faça actividades físicas. Também neste caso, uma pessoa que pense muito escolherá sobretudo entre os regimes Nº 5, 6 ou 7. Pelo contrário, se tiverdes uma vida social muito activa, será necessário mais alimentos de complemento, sem contudo exceder os 50%, e de grande variedade.
5- A alimentação da mulher deverá ser ligeiramente diferente da alimentação do homem. O homem pode comer um pouco mais de produtos animais se desejar, uma ou duas vezes por semana, de peixe. Ou ainda, o cozinhado de certos legumes pode ser mais concentrado. A mulher consumirá alimentos mais ligeiramente cozinhados e terá uma alimentação quase 100% de origem vegetal. Este quinto ponto compreende igualmente as diferenças de idade. Segundo se seja adulto, velho, adolescente, criança, bebe, a alimentação é diferente em cada caso. O bebe por exemplo dependerá principalmente do leite materno, e não do leite de vaca. Quando a criança cresce, deverá ser a sua mãe que lhe prepara a sua alimentação; enquanto estiver em período de crescimento, não será preciso tanto sal como para um adulto. As necessidades de um velho não são as mesmas que as de um adulto. A alimentação de uma pessoa de idade será mais simples, a quantidade de óleo será reduzida mas em geral, a sua comida será centrada mais nos cereais e menos nos alimentos de complemento, enquanto que um adulto terá mais necessidade de alimentos de complemento.

A macrobiótica necessita de uma compreensão clara do Universo, sabendo que tudo muda segundo certas leis, seguindo uma ordem. Nada é idêntico.

Assim, se praticamos a macrobiótica de maneira muito rígida: se comermos sempre da mesma maneira, se escolhermos apenas duas ou três qualidades de legumes, se comermos sempre a mesma coisa, se fizermos a Nº 7 sem parar, não estamos na via da macrobiótica porque não podemos compreender e seguir a mudança permanente que nos envolve, a mudança do clima, de estação, a mudança da nossa condição física, mental. Os adeptos da macrobiótica que não obtêm resultados práticos denotam falta de compreensão das leis universais.

SENTIR-SE CADA VEZ MELHOR, UMA GARANTIA
A macrobiótica permite melhorar a 100% a nossa saúde e alcançar a felicidade. Não há a menor dúvida possível. Se não o conseguimos, a nossa compreensão ou a maneira de praticar a macrobiótica está errada.
A macrobiótica segue princípios que mais cedo ou mais tarde, vegetarianos, carnívoros, crudívoros, etc. serão levados a ter em conta a fim de alcançarem a saúde e a felicidade reais.
A arte de viver macrobiótica é um modo de vida magnífico, uma disciplina de vida e um meio de cura. Na primeira abordagem, a macrobiótica pode parecer difícil, como o início duma nova profissão ou aprendizagem de uma língua. Há tantas coisas para compreender e fazer, por vezes misturadas com o medo, quando a doença está ipresente. Não existe nenhuma garantia de cura total.
Mas há uma coisa que é sempre garantida: quando se pratica a macrobiótica, sentem-se rapidamente melhorias (10 dias são suficientes).
A natureza fundamental da Vida é o bem estar. Viver em harmonia com as leis naturais significa que o bem estar está lá. Isto é uma fonte inesgotável de encorajamento: a macrobiótica oferece um sentimento permanente de melhorias que obteremos estando em contacto com a nossa verdadeira natureza. Bem estar é o estado natural das coisas. Tudo o resto é provisório.
Há um grande fosso entre o estado de doença e a saúde, mas pequenos passos para nos sentirmos melhor estão sempre ao nosso alcance. A passagem de um estado de doença ao bem estar necessita de uma evolução mental e física. Pouco a pouco o bem estar mais do que a doença torna-se a norma. É o sentimento de se sentir melhor que é o reflexo de uma pessoa de boa saúde.
A tentação de fazer a publicidade para uma cura deverá ser substituída pela garantia absoluta de se sentir melhor. Basta dizer àquele que o pede: “Prometo que se te alimentares e viveres de uma maneira macrobiótica, sentir-te-ás cada vez melhor por tanto tempo enquanto viveres”.
Nada é mais simples e mais verdadeiro.


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