“Mono dieta de arroz integral, beber o menos possível”
(Extraído do livro: “L´Art de vivre macrobiotique” – Gérard
Wenker, édition 2004)
Foi
através deste regime que a Macrobiótica se fez conhecer no início dos anos 60
do século passado, com a aparição na Europa do livro de Georges Ohsawa: “O
Zen Macrobiótico - non credo, vivere parvo” (não crer, contentar-se com
pouco para viver livre).
O
regime nº 7 na classificação de Ohsawa, que conta com 10 regimes, fez correr
muita tinta e é certamente o mais controverso: “Mono dieta de arroz integral,
beber o menos possível”.
À parte o jejum,
não podemos encontrar nada mais simples; simplicidade, eficácia, e atenção
também perigo. Podemos ver neste regime uma aplicação da 5ª lei da lógica
universal: “Lei da balança – quanto maior a face, maior o dorso”.
O
que significa: quanto maior a eficácia,
maior o risco.
“A
teoria sem a prática é inútil e a prática sem a teoria é perigosa” – eis o problema deste regime.
Aplicar as directivas macrobióticas sem conhecer os princípios da dialéctica
universal, é como dar a conduzir um carro a um cego. Temos que conhecer as
regras dialécticas subjacentes à alimentação macrobiótica.
Não
devemos lançar-nos levianamente em mono dietas sejam elas quais forem e muito
particularmente neste famoso regime nº 7 com 100% de cereais.
Quadro nº 1
– Quadro original das 10 maneiras
de nos alimentarmos segundo o método macrobiótico, tal como constava da página
59 do “Zen Macrobiótico”:
Cereais
|
Legumes
|
Sopas
|
Carnes
|
Saladas
|
|
7
|
100%
|
||||
6
|
90%
|
10%
|
|||
5
|
80%
|
20%
|
|||
4
|
70%
|
20%
|
10%
|
||
3
|
60%
|
30%
|
10%
|
||
2
|
50%
|
30%
|
10%
|
10%
|
|
1
|
40%
|
30%
|
10%
|
20%
|
|
–
1
|
30%
|
30%
|
10%
|
20%
|
10%
|
–
2
|
20%
|
30%
|
10%
|
25%
|
10%
|
–
3
|
10%
|
30%
|
10%
|
30%
|
15%
|
Comentário que
acompanhava este quadro:
Beba o menos
possível. Se não conseguir o bem estar desejado, tente o regime imediatamente
acima. O mais elevado, o nº 7, é o mais fácil; sendo os mais baixos os mais
difíceis.
Por mais fácil,
George Ohsawa entendia mais fácil de equilibrar na perspectiva yin-yang; e o
mesmo para o mais difícil; quanto mais ingredientes maior experiência é
preciso.
Na
época em que aparece este regime apenas havia como ferramenta de referência o
pequeno livro de George Ohsawa. Podemos imaginar e compreender a dificuldade e
o perigo dum tal método de alimentação, particularmente numa época em que o
fanatismo do movimento “hippie” sucedia ao entusiasmo.
Porém,
a partir de 1975, as coisas mudaram radicalmente com a organização em toda a
Europa de múltiplos seminários com o novo líder da macrobiótica mundial, o
professor Michio Kushi.
Com
a ajuda da prática e a grande variedade de livros e periódicos, a macrobiótica
tornou-se omnisciente. È igualmente a partir desta época que existem duas
correntes, a tendência francesa yang mais estrita e restritiva da escola Ohsawa
e a corrente americana de Kushi mais realista, melhor integrada mas mais yin.
Logo
que restabelecida a saúde, cada pessoa deverá encontrar o mais rapidamente
possível a sua própria opção/via, tendo em consideração os factores “yin-yang”
habituais: constituição, condição, idade, sexo, meio envolvente, etc.
O porquê duma mono-dieta de cereais
A que se deve a sua eficácia
Quais
são os efeitos secundários
Os
grãos de cereais, leguminosas e oleaginosas são a alimentação principal da
humanidade há milhares de anos, estão na base de todas as grandes civilizações
e os outros alimentos, tais como os frutos, legumes, carnes são alimentos
secundários; não é recomendável introduzi-los em grandes proporções numa
refeição equilibrada. No grão toda a energia vital está concentrada e pronta a
brotar para perpetuar sem descanso a vida das espécies. Esta concentração
energética faz deles os alimentos mais yang do mundo vegetal.
Desde
que os cereais sejam integrais, o seu valor nutritivo é o mais equilibrado de
todos os alimentos. Mas o que faz deles o alimento ideal para uma mono dieta, é
o facto que os cereais contêm muito poucos dejectos, conhecidos pelo nome de
purinas como o ácido úrico e a xantina que são verdadeiros venenos para o
organismo.
Quadro nº 2 – Doses comparativas de purinas em mg/100g de alguns
alimentos:
Carne
|
1500
|
Nota
do tradutor:
O
ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas, substâncias
presentes em muitos alimentos. Cerca de 10% das purinas provêm da
alimentação, sendo o restante sintetizado pelo nosso organismo – no nosso
corpo há uma produção e destruição constante de células, de onde resulta
grande quantidade de purinas.
|
Peixe
|
150
|
|
Café
|
1000
|
|
Cacau
|
2200
|
|
Chá
|
2800
|
|
Pão
|
50
|
|
Cenouras
|
5
|
|
Arroz
|
0
|
O
arroz não contém nenhuma purina, razão pela qual em macrobiótica o arroz é o
cereal da desintoxicação e por consequência o cereal da cura. Em caso de
problema voltar sempre ao arroz e aos outros cereais – nada ou poucas toxinas,
muito energético – eis a razão do regime nº 7.
Precaução:
O
arroz tem um grande poder de limpeza do organismo – as toxinas libertadas são
veiculadas pelo sangue antes de serem eliminadas pelo sistema excretório. É
fácil de compreender que em caso de grande acumulação, esta brusca difusão de
dejectos por todo o corpo, pode causar fenómenos de eliminação equivalentes a uma
mini intoxicação. Para os macrobióticos e vegetarianos não haverá em geral
problemas; para os carnívoros e pessoas doentes é preferível seguirem durante
algum tempo o regime macrobiótico padrão antes de se lançarem no regime nº 7
com consequências incertas. Dito isto e depois de tomar todas as precauções e
do mínimo de bom senso, todo o macrobiótico deveria experimentar os 10 dias de
regime nº 7 – seja sob o controlo de um macrobiótico experimentado em caso de
problemas de saúde, seja a título pessoal enquanto exercício da vontade ou
experiência espiritual.
Existem
várias variantes do nº 7 consoante o objectivo e a acção procurados.
Se queremos
tirar o máximo de eficácia e proveito de tal dieta a primeira coisa a fazer, é
escolher o nº 7 que melhor convém em função da condição física e psíquica de
momento. A segunda coisa que tem uma grande importância é de se preparar mental
e psicologicamente para decidir o melhor momento, dia, mês, estação, para
começar. Compor-se-á o seu nº 7, segundo as nossas necessidades, sabendo que
cada cereal tem uma acção específica.
·
O
arroz é um poderoso desintoxicante do sangue, limpa os tecidos em profundidade.
·
O
trigo sarraceno é muito energético, bom para pessoas fracas e friorentas.
·
A
cevada tem uma acção calmante sobre o sistema nervoso.
O
cereal principal em certas circunstâncias pode ser acompanhado por um outro
cereal secundário ou por um específico que reforçará e complementará a acção.
Alguns
exemplos do regime Ohsawa nº 7
Para uma duração
de 10 dias no máximo. Porquê 10 dias ? – considera-se geralmente que um décimo
dos glóbulos vermelhos do sangue se regeneram diariamente, então em dez dias o
nosso sangue será inteiramente renovado e limpo.
Quadro nº 3
– Alguns
exemplos de regime Ohsawa nº 7 – Versão de G.Wenker
Manhã
Pequeno
Almoço
|
Meio Dia
Almoço
|
Noite
Jantar
|
|
Nº7 1
|
… Nada …
|
O
mais rigoroso
1
tigela de arroz integral +
1
colher de café (c.c.) de gomásio + 1 chávena de chá 3 anos. Mais nada.
|
… Nada …
|
Nº7 2
|
1
tigela de creme de arroz integral + 1 c.c. de tamari
|
1
tigela de arroz integral com gomásio + 1½ chávena de chá 3 anos
|
½
chávena de chá de 3 anos
|
Nº7 3
|
1
tigela de creme de arroz integral com uma c.c. de tamari
|
1
tigela de arroz integral com gomásio
1
chávena chá Mú
|
Idem
Almoço (mastigar pelo menos 50 vezes) com 1 chávena de chá 3 anos
|
Nº7 4
|
1
tigela de kokkoh com tamari + 2 galetes de arroz
1
chávena de chá 3 anos
|
1
tigela de sarraceno ou de soba (massa de sarraceno) + 1 c.c. de gomásio
1
chávena de chá 3 anos
|
1
tigela de millet ou de arroz integral com gomásio
1
chávena de chá 3 anos
|
Nº7
com cereais e específicos
|
|||
Nº7 5
|
1
tigela de creme de cereal (arroz, cevada, aveia, kokkoh, etc.) + 1 fatia de
pão integral barrada com miso doce + 1 chávena de café de cereal yannoh
|
1
tigela de cuscus ou bulgur com gomásio + 1 chávena de chá 3 anos ou chá Mú
|
1
tigela de kuzu com ½ ameixa umeboshi e 1 c.c. de tamari
1
chávena de chá 3 anos
|
Nº7 6
|
1
tigela de tsampa (cevada tostada moída) com + gomásio + 1c.c. de tahin
1
chávena de chá Mú
|
1
tigela de sarraceno ou millet com ½ c.c. de tekka
1
c.s. de alga hiziki. Uma noz de seitan condimentado com tamari
1
chávena de chá 3 anos
|
1
tigela de arroz integral. 2 c.s. de azuki. Beber o sumo dos azukis (1/2
chávena)
|
Nº7 7
|
1
tigela de mingau de flocos de aveia com gomásio
1
chávena de chá verde
|
1
tigela de caldo de miso com ½ folha de alga nori + 1 chávena de soba 100%
sarraceno
|
1
tigela de arroz integral ou quinoa com tamari ou tekka
1
chávena de chá de arroz
|
Isto
dá uma pequena ideia da maneira de conceber a Nº 7.
Ainda
algumas recomendações
·
Para
os regimes nº 7 de longa duração (mais de 7 dias) polvilhar sobre os cereais
uma pitada de salsa fresca picada.
·
Escolher
com cuidado um regime nº 7 e adoptá-lo durante toda a duração da cura.
·
O
gomásio deve ser preparado na proporção de 1:7 a 1:18 (1 de sal + 7 a 18 de
sementes de sésamo), em função da condição individual de saúde.
·
Os
cereais serão cozinhados com o menos possível de água.
·
Utilizar
uma tigela em vez de um prato, e comer com “baguetes” – medida mais regular,
come-se mais lentamente e com menos líquido.
·
Preparar
as quantidades para 2 ou 3 dias, é mais fácil.
·
Beber
pouco, mastigar bem e praticar diariamente exercícios físicos ou de Do-in.
Pequeno glossário dos alimentos
macrobiótico:
Gomásio
|
Condimento
composto de grãos de sésamo tostados, esmagados com sal num almofariz
estriado (suribashi).
Desacidificante do sangue.
|
Tamari
|
O
Tamari vendido na Europa é na realidade shoyo concentrado. O verdadeiro
Tamari autêntico é um sub produto da fabricação do miso. É muito forte, espesso e não contém trigo.
|
Shoyu
|
Molho
de soja tradicional, contendo soja, trigo, sal e água da fonte. Colocado em
cultura com koji a sua fermentação dura cerca de 12 a 18 meses. Na Europa é
comercializado sob o nome de Tamari, isto para não ser confundido com os
molhos de shoyu industrializados
elaborados quimicamente e em apenas alguns dias.
|
Chá
de 3 anos
|
Ou
kukicha – composto por ramos e folhas do chá japonês. Rico em minerais, taxa
muito baixa de teína (0.01). Fortificante e bom para a memória.
|
Chá
Mú
|
Infusão
de 16 plantas entre as quais o ginseng. Muito bom para todas as doenças.
Específico dos órgãos femininos. Bebida yang, muito energética concebida por
George Ohsawa.
|
Kokkoh
|
Mistura
especialmente elaborada a partir de grãos tostados: em quantidade decrescente
– arroz, trigo, aveia, sésamo e azukis todos moídos finamente. Fortificante.
|
Galetes
de arroz
|
Bolachas
feitas de pipocas de arroz integral.
|
Sarraceno
|
“Trigo”
sarraceno: Erva cerealífera rústica em forma de triângulo, originário da
Rússia, o mais yang dos cereais. Contrai os tecidos, regenera as células,
baixa a tensão.
|
Soba
|
Massas
(esparguete) confeccionadas com farinha de trigo sarraceno. Prato que aquece.
|
Millet
|
Ou
milho painço. Bom para descalcificação e queda de cabelo, obesidade,
diabetes.
|
Miso
|
Pasta
longamente fermentada sob pressão a partir do feijão de soja, ceral, sal e de
koji (enzima, fermento).
|
Café
yannoh
|
Tostar
num pouco de óleo de sésamo: 3 partes de arroz + 2 de azuki + 2 de trigo + 1
de grão de bico, moer.Ferver 2 colheres de sopa em ½ litro de água durante 10
minutos. Estimulante cerebral, eficaz para dores de cabeça crónicas yin.
|
Cuscuz
|
Trigo
partido parcialmente refinado.
|
Bulgur
|
Trigo
duro ligeiramente germinado, cozido no vapor e depois seco ao Sol e
finalmente britado.
|
Kuzu
|
Fécula
branca de amido extraída de uma raiz de uma planta selvagem. Utilizado em
cozinha como gelificante. Específico yang dos intestinos. Regularizador dos
intestinos, bom para o estômago e em caso de reumatismo, etc.
|
Umeboshi
|
Pickles
de ameixa de Ume salgadas, envelhecidas durante anos em barril de madeira (envelhecidas
em casco).
|
Tahin
|
Puré
(“manteiga”) obtido a partir de sementes de sésamo trituradas e salgadas. Distingue-se
o tahin integral e o tahin branco. Substitui a manteiga na cozinha
macrobiótica.
|
Tekka
|
Da
palavra japonesa TEK que quer dizer FERRO. Condimento muito yang composto por
raiz de bardana, de raiz de lótus, de cenoura, de gengibre e de um pouco de
óleo de sésamo. Finamente picado, fica 3 horas em miso de soja, é um tónico
do coração e um “yanguizador” muito potente, a ser utilizado com moderação.
|
Hiziki
|
Alga
negra em forma de filamento, sabor a iodo forte, a mais yang das algas. Para
a circulação do sangue (veias).
|
Seitan
|
Proteína
concentrada (glúten) extraída da farinha de trigo por amassadura em água fria
para eliminar o amido. A parte restante com aspecto de uma bola de caoutchouc é cozida em água a ferver
com tamari e alga kombu.
|
Azuki
|
Pequeno
feijão vermelho escuro, específico dos rins.
|
Nori
|
Algas
negras, apresentando-se sob a forma de folhas delgadas de 20 x 20 cm.
Utilizadas para envolver os rolos de arroz (mori-maki, sushi).
Podem ser consumidas tal qual, esmigalhadas directamente no prato sobre os
cereais.
|
Autores de referência
Gérard
Wenker
Ola por favor nós nos interessamos por essa dieta macrobiotica porem estamos enfrentando certas dificuldades de achar os produtos a exemplo os chás Mú e trêz anos e a farinha de arroz integral.Moramos na mooca, será possível nos orientar onde comprar aqui pela mooca ou só encontraremos na Liberdade
ResponderEliminarPara quem já fez a alimentação macrobiótica sabe dizer com precisão que foi a melhor decisão tomada. Por pressão de familiares, por estar magro demais e parecendo velho, deixei essa pérola, mas estou voltando. Posso afirmar que foi o melhor período de saúde que já tive, desci de 98 kg para 76 kg. Foi fantástico, todavia para migrar foi uma guerra de estômago. Roncava de fome por estar enorme. A quantidade de alimento que passei a oferece-lo não havia como convence-lo a aceitar, foi sintoma de fraqueza, dores de cabeça, impaciência até se conformar. Daí por diante foi sensacional, muita disposição e muita energia. Foram 5 anos sem gripe ou qualquer outra doença. Quando ia ao médico para fazer checape anual, dizia-me o que estava fazendo lá no consultório, já que os exames anteriores serem precisos e normais.
ResponderEliminarSe não tem a farinha de arroz integral para fazer o creme de arroz, deixe o arroz, depois de lavado, de molho na água por uma noite e pela manhã, dispense aquela água e coloque com outra água no liquidificador e passe bem para depois cozinhar até ferver por 10 minutos em fogo médio para depois de esfriar comer com gersal ou molho de soja. Uma delícia. O chá use o Banchá que é muito usado nessa alimentação. Um ótimo chá.
ResponderEliminar